Gestão e sustentabilidade social

Escola de Negócios Iceg PUC Minas forma profissionais protagonistas da própria carreira
Professor José Chequer, diretor do Iceg: “Escola de Negócios quer formar profissionais de ponta
e que entendam a nova essência do trabalho” | Foto: Raphael Calixto
Professor José Chequer, diretor do Iceg: “Escola de Negócios quer formar profissionais de ponta e que entendam a nova essência do trabalho” | Foto: Raphael Calixto

As novas tecnologias estão transformando não só a vida de todos nós, mas, sobretudo, o próprio sentido dos negócios das organizações e, com isso, o perfil dos profissionais que atuam nas empresas. Atento às dinâmicas que permeiam o mundo dos negócios e também comprometido com a formação de uma nova economia voltada para o bem comum, o Instituto de Ciências Econômicas e Gerenciais agora é a Escola de Negócios Iceg PUC Minas. “Quando falamos de Escola de Negócios, nós estamos falando em formar um novo perfil profissional, que não é mais somente um administrador, um economista ou um contador. É um profissional de multiformação, que precisa entender-se como um provedor do negócio para a empresa, um empreendedor que pensa como melhorar o negócio para a empresa para a qual trabalha”, pontua o professor José Chequer Neto, diretor da Escola de Negócios Iceg PUC Minas, que completa 50 anos neste semestre. “A exemplo das melhores escolas do mundo, nossa Escola de Negócios quer formar profissionais de ponta e que entendam a nova essência, o novo sentido do trabalho, além de um profissional atento a uma economia que privilegie valores essenciais para o humano e sua humanidade”, completa.

O professor Anderson Santana, da Fundação Dom Cabral, renomada instituição na área gerencial, explica que há uma ênfase crescente em novos modelos de negócios, baseados em plataformas, fluxos e ecossistemas. “A eles se associa a proposição de formas diferenciadas de arquiteturas, arranjos e configurações organizacionais, mais flexíveis, descentralizadas e distribuídas, incluindo organizações em redes, virtuais e orientadas a projetos”, afirma. Esses novos arranjos permitem práticas e políticas de gestão de pessoas cada vez mais flexíveis e mudam, inclusive, formas de vínculos de trabalho, tornando o trabalhador cada vez mais responsável pela gestão de sua própria carreira. “Isso significa que, em breve, provavelmente poucos terão uma relação burocrática como funcionário das empresas, mas cada vez mais os profissionais serão prestadores de serviço para as organizações e, como tal, deverão desenvolver o seu próprio negócio”, afirma o professor José Chequer.

Para o aluno Lucas Neto Viana, a Escola de Negócios do Iceg deixa clara a intenção de formar um profissional múltiplo desde a elaboração da grade curricular. “Nos cursos há uma mescla de disciplinas das áreas administrativa, contábil e econômica, o que nos permite um conhecimento plural”, acredita. Lucas é aluno de Ciências Econômicas e já tem planos de obter um segundo diploma na área com o objetivo de se tornar um profissional mais plural. “Estou avaliando uma segunda graduação em Ciências Contábeis ou Administração já que finalizaria o segundo curso em dois anos. Estou me preparando para este mercado cada vez mais exigente”.

Um mercado mais exigente demanda uma escola com uma nova sala de aula, em que o aluno seja protagonista da própria formação. “Estamos falando de novas metodologias de ensino, aulas invertidas, novos recursos pedagógicos, em que o professor passa a ser cada vez mais um elo para o aprendizado, alguém que inspira os alunos a buscarem e construírem o conhecimento”, detalha o professor Chequer. Para ele, trata-se de um modelo de educação disruptivo. “Estamos falando de uma nova educação para um novo modelo que está batendo à porta e também de um novo aluno, que já chega na esteira da indústria 4.0, que entende o mundo como plataforma”, destaca. Tudo isso caminha para a preparação de um profissional das Ciências Gerenciais do futuro, que possa dar resposta a todas as mudanças. Cursos que tragam mais tecnologia em sua base de formação, desenvolvam mais as soft skills e que incentivem o trabalho coletivo.

Inovação, extensão e tecnologia

A startup da professora Simone Queiroz e do aluno Luiz Felipe nasceu dentro de disciplina do Curso de Administração | Foto: Raphael Calixto

As mudanças se refletem, inclusive, no conceito de empreendedorismo, agora estreitamente relacionado à inovação. Desde o início dos cursos o aluno é convidado a pensar em um ecossistema de inovação, em como as tecnologias podem suportar um novo modelo de negócios e, através da exponencialização de uma plataforma, reinventar um atual negócio. Os alunos são levados a pensar e a entender as “dores do mercado”, expressão usada pelas startups para os problemas ainda sem solução. “É a oportunidade para o aluno fazer uma ideação e modelar um negócio que corresponda prontamente àquela carência e que possa ser pensado em um novo negócio. Já no final do curso, o aluno é convidado a fazer uma validação do negócio no mercado, ou seja, através de uma orientação e de uma assessoria técnica de professores, ele será convidado a testar e a validar aquele negócio como uma possibilidade de atuação profissional.

A preocupação com uma formação empreendedora também está aliada à missão da Universidade de contribuir para uma sociedade mais justa e fraterna. O Ideas Lab é um programa de extensão que visa desenvolver soluções para os desafios e dores da sociedade, por meio da educação empreendedora dos alunos e aplicação do conhecimento acadêmico em prol da transformação social. Vinculado ao Iceg, o Ideas é aberto à participação de toda a Universidade e mantém várias frentes de interação com as empresas com o objetivo de trazer para a Universidade os desafios do mercado, podendo oferecer assessoria, qualificações e metodologias que possam apoiar o desenvolvimento dessas empresas. “Conectar o nosso aluno com o mercado empresarial é o nosso grande diferencial. Temos trazido os desafios das empresas para dentro do Ideas Lab. O aluno está sendo formado aqui dentro para já chegar às empresas com conhecimento diferenciado”, explica o professor Osvaldo Maurício de Oliveira, coordenador do Ideas.

As atividades do Ideas Lab foram fundamentais durante o período da pandemia, em que a equipe prestou assessoria a pequenas e médias empresas com dificuldades. “Os empresários se mostram com dificuldades em continuar a vender com as portas fechadas. Nós prestamos assessoria na projeção das empresas nas mídias sociais, orientações de professores especialistas”, acrescenta Osvaldo. Por sua natureza tecnológica, o Ideas Lab mantém forte vínculo com o PUCTec, hub de formação, inovação e negócios da Universidade. No edital do PUCTec Indoor, destinado à comunidade acadêmica da PUC Minas, o Ideas oferece mentoria às startups desde a primeira etapa, que é a de seleção. E, como o Ideas Lab passou a ser um programa de interesse institucional, a mentoria atende às startups de toda a Universidade.

E foi dentro da disciplina de Gestão de Projetos do Curso de Administração do Campus Coração Eucarístico que nasceu a startup Bizzer – Clube de Negócios. E professora da disciplina, Simone Queiroz passou de orientadora do projeto a sócia da nova empresa. A ideia da Bizzer nasceu da percepção do aluno Luiz Felipe Sena Costa da demanda de mercado por uma plataforma para unir investidores que não sabem em quais empresas investir e empresas buscando por investimentos. E, mais do que isso, a proposta é criar um clube de negócios com informações sobre o mercado e consultoria para empresas e investidores. “Foi durante a disciplina que eu apresentei aos meus colegas essa ideia que eu já vinha amadurecendo há algum tempo e que percebemos que poderia sair do papel. A professora Simone, que nos acompanhou de perto, sugeriu a inscrição no PUC Tec Indoor e passamos a receber a mentoria do Ideas Lab. O Ideas foi importantíssimo para nos estruturarmos, inclusive nas questões financeiras e mercadológicas”, relembra Luiz Felipe. “Principalmente a questão mercadológica era uma grande dificuldade da equipe. O professor Osvaldo Maurício nos orientou sobre como dimensionar o mercado, avaliar se o negócio era realmente viável, fazer projeções financeiras sobre o potencial de mercado. E aí, sim, a gente viu que era possível desenvolver ainda mais a ideia”, explica. A professora Simone Queiroz menciona que a disciplina Gestão de Projetos foi repensada dentro das novas diretrizes da Escola de Negócios para incentivar a prática extensionista que estivesse de acordo com a metodologia do Ideas, propondo a alavancagem do empreendedorismo de inovação. “Queríamos que o aluno desse um passo a mais na execução de projetos, saindo do papel de pensar de uma forma idealizada para o desenvolvimento de um protótipo”, afirma. A equipe da startup, formada por dois alunos do Curso de Administração, pela professora Simone Queiroz e pelo professor do Instituto de Ciências Exatas e Informática Rodrigo Matos, já pensa até em parcerias no exterior. A ideia é abrir as portas para empreendedores brasileiros nos Estados Unidos, Portugal e Austrália.

Economia para o bem

A professora Wanda Wenceslau, chefe do Departamento de Administração, destaca que várias práticas alinhadas à EFC já são adotadas pelo Iceg | Foto: Raphael Calixto

Iniciativas como o Ideas Lab demonstram que é possível pensar em uma Escola de Negócios inovadora, conectada ao mercado, mas que também se preocupa e trabalha para promover uma nova economia que “traz vida, não morte, que é inclusiva e não exclusiva, humana e não desumanizadora, que cuida do meio ambiente e não o despoja”, a Economia de Francisco e Clara (veja matéria sobre o assunto nesta edição). “Já temos várias práticas em nossos cursos que são alinhadas à EFC. Para isto, criamos um grupo de estudo para o planejamento de ações que, além de sistematizar as iniciativas já existentes, implementar nos currículos a filosofia da Economia de Francisco e Clara e fazer chegar aos alunos e professores todo este projeto de Instituto de uma economia mais inclusiva, justa e mais humana”, afirma a professora Wanda Wenceslau, chefe de Departamento e coordenadora do Curso de Administração e membro do Grupo de Reflexão e Trabalho para a Economia de Francisco e Clara da PUC Minas. Já o professor José Chequer destaca que no mundo digital é possível pensar em um capitalismo com mais oportunidades para pequenas iniciativas empreendedoras que possam gerar novos empregos. De acordo com pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), baseada na base de dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (TEM), as pequenas empresas com até 100 empregados responderam por 77,3% do saldo líquido de empregos gerados no mês de julho de 2021. “Investir nas comunidades em que atuamos e estamos inseridos é uma resposta social da Universidade. Fazer um empreendimento crescer para desenvolver negócios, para desenvolver economias e gerar mais empregos e renda. Essa é a ideia”, explica Chequer.

Uma escola sempre inovadora

Ao completar 50 anos, o Iceg PUC Minas adiciona ao seu nome a filosofia da Escola de Negócios. Porém, não seria exagero dizer que esta escola já nasceu inovadora e pioneira. Poucos sabem que o Iceg PUC Minas tem sua origem no Instituto Municipal de Administração e Ciências Contábeis (Imaco), que, por sua vez, deu origem à Escola Técnica de Comércio Municipal. O Imaco, pela excelência de seus professores, era considerado por muitos a melhor escola de ensino técnico em Contabilidade de Belo Horizonte. A autarquia, criada em 1968, oferecia cursos integrados de Economia, Administração e Ciências Contábeis, que era um diferencial para a época, já que não existia curso semelhante no país.

No dia 2 de agosto de 1971, foi assinado pelo então reitor da Universidade Católica de Minas Gerais (UCMG), Dom Serafim Fernandes de Araújo, pelo prefeito municipal, Oswaldo Pierucceti, e outras autoridades o termo de transferência dos cursos para a Universidade. “O Instituto de Ciências Econômicas Gerenciais tem uma das mais belas páginas na formação de profissionais de qualidade, no protagonismo na formação de muitos profissionais que hoje estão em renomadas instituições, profissionais reconhecidos pelo seu talento, pela sua projeção nacional e, até mesmo, internacional ao longo desses últimos anos. Foram milhares de jovens que aqui se formaram e se tornaram profissionais”, ressalta o professor José Chequer.

Atualmente, o Iceg possui 5,6 mil alunos nos cursos de graduação e outros 5 mil matriculados na pós-graduação lato sensu. Conta com as ofertas dos cursos de graduação a distância em Ciências Contábeis e Administração. O Programa de Pós-graduação em Administração, que oferece mestrado e doutorado, é avaliado pela Capes com nota cinco. “Para nós, é um motivo de grande orgulho participar dessa história. E também é um grande desafio: manter exatamente o protagonismo que é tão característico das nossas ofertas ainda fazendo ou trazendo um novo sentido para a formação, para o preparo desses jovens que certamente ocuparão lugares de destaque nos próximos anos, nas futuras gerações de gestores do nosso Estado”, finaliza Chequer.

PARA SABER MAIS

Economia de Francisco e Clara

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