Inteligência artificial: onde ela não está?

Disciplina tem o objetivo de transformar os alunos em cidadãos de dados
Professor Sandro Jerônimo de Almeida, coordenador dos Cursos de Engenharia de Computação: “Não queremos, com a disciplina Introdução aos Sistemas Inteligentes, transformar os alunos em cientista de dados, mas em cidadãos de dados” | Foto: Bruno Timóteo
Professor Sandro Jerônimo de Almeida, coordenador dos Cursos de Engenharia de Computação: “Não queremos, com a disciplina Introdução aos Sistemas Inteligentes, transformar os alunos em cientista de dados, mas em cidadãos de dados” | Foto: Bruno Timóteo

Difícil pensar a vida cotidiana sem nenhuma interferência da inteligência artificial (IA). Sabe quando liga para sua operadora e um atendente virtual conversa com você? Ou então aquele aplicativo que mostra qual o melhor caminho a ser feito? Ou ainda os assistentes virtuais comandados por voz? A inteligência artificial não é a dominação das máquinas sobre os homens, como vemos em filmes, mas sim um tipo de tecnologia capaz de realizar atividades de modo inteligente, baseada na interpretação de dados, com capacidade de aprender a partir deles e tomar decisões de forma autônoma de acordo com a definição de quem a criou.

A inteligência artificial está presente no nosso dia a dia, seja no celular, na conta bancária ou no hospital. De acordo com o coordenador dos cursos de Engenharia de Computação da PUC Minas na Unidade São Gabriel e no Campus Coração Eucarístico, professor Sandro Jerônimo de Almeida, a inteligência artificial existe há muitos anos, mas hoje há maior visibilidade do tema. “Há muito tempo, os aviões possuem mecanismos para pousar sozinhos, utilizando a inteligência artificial. O que temos agora é uma adequação para uma nova realidade”, explica Sandro. Com a evolução de hardware, os computadores começam a processar os dados mais rapidamente, há um aumento no volume de dados e é possível perceber que os sistemas estão mais interconectados. O desenvolvimento tecnológico acelerado e a alta interconectividade proporciona a democratização da inteligência artificial. “Hoje, praticamente todas as empresas estão virando empresas de tecnologia. Estão passando a gerar dados de uma forma cotidiana muito intensa. Então, começamos a criar aplicações inteligentes com muito mais frequência”, explica Sandro.

Pensando em mostrar as várias possibilidades que a IA pode apresentar para os alunos da Universidade, o Instituto de Ciências Exatas e Informática (Icei) da PUC Minas passou a oferecer a disciplina Introdução aos Sistemas Inteligentes, para os cursos de Engenharia de Computação, Ciência da Computação e Jornalismo, e como optativa para diversos cursos da Universidade. “Não queremos, com esta disciplina, transformar os alunos em cientista de dados, mas em cidadãos de dados. O cidadão de dados é aquela pessoa que consegue entender que existem dados – já estruturados ou não – e que, a partir disso, é possível fazer alguma coisa”, conta Sandro. O exemplo disso é, a partir de uma base de dados já existente, a pessoa ser capaz de extrair inteligência. “No primeiro trabalho da disciplina, o aluno precisa escolher uma base de dados pública e desenvolver um infográfico, uma análise estatística que correlaciona os dados da base de uma forma mais atrativa, entre outras possibilidades”, conta.

Arthur Moura, aluno do sexto período de Engenharia de Computação da PUC Minas Coração Eucarístico, conta que, nesta disciplina, foi interessante aprender sobre a inteligência artificial como uma ferramenta para auxiliar na tomada de decisões. “Cada vez mais as nossas tecnologias estão usando a IA para facilitar o processo na vida de todo mundo. Há um crescimento exponencial dessa tecnologia”. Para ele, a IA e a ciência de dados são importantes para qualquer área. “A multidisciplinaridade é interessante, pois o trabalho com dados é importante desde a biologia, inclusive para as questões da Covid-19, até para o direito e a questão social”. O uso dos dados para as mais diversas áreas é um caminho sem volta.

Arthur Moura, aluno do Curso de Engenharia de Computação, acredita na inteligência artificial como uma ferramenta para auxiliar na tomada de decisões e facilitar a vida das pessoas | Foto: Bruno Timóteo

Novo curso: Ciência de Dados

O professor Hugo Bastos, coordenador do novo curso Ciência de Dados, conta que apenas 2% dos dados são analisados e que, a partir desse universo de informações, é possível melhorar a qualidade de vida dos cidadãos, a experiência do cliente, entre tantas outras possibilidades | Foto: Bruno Timóteo

Há outras iniciativas relacionadas à inteligência artificial no Icei PUC Minas, além da disciplina Introdução aos Sistemas Inteligentes nos períodos iniciais dos cursos. Parcerias com empresas, como a Microsoft, reestruturação dos cursos de graduação e inclusão de disciplinas sobre IA nos primeiros períodos, pós-graduação, mestrado e doutorado, entre outras.

A novidade é a graduação em Ciência de Dados, ofertada na PUC Minas Praça da Liberdade. De acordo com o coordenador do curso, professor Hugo Bastos, apenas dois por cento dos dados produzidos no mundo são analisados. “Esses dados podem contribuir para orientar políticas públicas, para melhorar as vendas em um negócio. É possível melhorar a qualidade de vida dos cidadãos e as experiências do cliente. Há muitas possibilidades, mas para conseguir analisar esse universo de dados são necessárias competências muito específicas”, explica o professor Hugo. Foi a partir dessas demandas que a nova graduação da PUC Minas em Ciência de Dados foi pensada. “O cientista de dados precisa aliar os conhecimentos em computação, como Algoritmos, Banco de Dados, Mineração de Dados, Aprendizado de Máquina, Recuperação de Informação e Processamento Distribuído para soluções em Big Data, assim como conhecimentos das áreas de estatística e matemática, como Estatística Descritiva, Inferencial e Multivariada, entre outras”, justifica. O currículo inclui disciplinas de formação humanística que abordarão temas éticos necessários para a formação completa do profissional em Ciência de Dados, a realização de eventos com a participação de empresas de tecnologia, permitindo o contato dos alunos com a tecnologia da área aplicada à indústria e incentivando o empreendedorismo.

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