Pesquisas Combate ao Aedes aegypti
Pesquisadora desenvolve produto natural para eliminar larvas do mosquito
Um mosquito incomoda muita gente. A batalha contra a dengue, o zika vírus e a febre chikungunya colocou a população de diversos países latino-americanos em constante combate ao Aedes aegypti, transmissor das três doenças que podem trazer graves consequências e até mesmo a morte. No ano passado, o Brasil registrou mais de 1,5 milhão de casos de dengue, de acordo com relatório do Ministério da Saúde.
Em 2013, quando a dengue já preocupava os brasileiros, a professora Alzira Batista Cecílio, dos cursos de Engenharia Química, Biomedicina e Ciências Biológicas, iniciou uma pesquisa na PUC Minas, por meio de parceria com a Fundação Ezequiel Dias (Funed), a fim de criar um larvicida natural capaz de eliminar as larvas do Aedes Aegypti em apenas 24 horas. “A ideia de fazer um produto natural parte do princípio de evitar a contaminação do ambiente com a utilização de produtos sintéticos que estão à venda no mercado. O impacto ambiental desse produto é mínimo”, explica a docente.
O larvicida é composto de óleos naturais de especiarias como o cravo-da-índia e o orégano, cuja eficácia já está comprovada. “Já testamos mais de dez plantas e ainda temos outras em análise, como o alecrim e a citronela, por exemplo. O óleo do cravo-da-índia e o do orégano, por exemplo, já tem sua eficiência atestada. Após um dia da aplicação do produto, todas as larvas foram eliminadas. Já o limão e a planta dipirona não alcançaram os resultados esperados”, conta Alzira.
De acordo com a professora, colocar o orégano ou o cravo-da-índia diretamente na água onde há larvas do mosquito não surte efeito algum. “O óleo dessas especiarias, que é a parte eficaz das plantas na eliminação das larvas, não vai sair de dentro da folha de orégano ou do cravo-da-índia ao ter contato com a água. Esse processo deve ser feito em laboratório”, afirma. O remédio também não é eficaz na eliminação do Aedes aegypti que já passou pela metamorfose e já se tornou mosquito. “O produto é um larvicida, portanto, só funciona se aplicado diretamente no local onde há larvas”, ressalta.
Segundo a pesquisadora, o processo de produção do larvicida envolve a extração do óleo das plantas a partir de um aparelho extrator de óleo essencial e a análise da composição química. Em seguida, são feitos os testes em recipientes contendo as larvas. “Quanto maior a quantidade de princípios ativos em um menor volume líquido, mais eficaz é o óleo da planta analisada para eliminar as larvas”, esclarece a docente.
Alzira busca, agora, estabilizar o larvicida em ambiente externo para registrar o produto e comercializá-lo. As perspectivas são positivas. “Estamos na fase de finalização do produto para patenteá-lo. Esperamos que até o final deste semestre possamos ter finalizado esse processo”, almeja.
A pesquisadora destaca a importância do papel da população no combate à dengue e às demais doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, evitando o acúmulo de água em vasos de plantas, pneus e outros objetos, tampar as caixas d’água e limpar as calhas para impedir a formação de focos do mosquito. “Com a criação do produto, espera-se que o cidadão tenha mais responsabilidade no combate ao mosquito. É necessário alertar que o extermínio de possíveis focos precisa ser constante. O produto serve apenas como paliativo no combate ao vetor de três graves doenças, caso contrário, qualquer ação que seja feita a respeito será inválida”, salienta.
AEDES |
CULLEX PERNILONGO |
|
Hábitos | Diurno (mas pode picar à noite) | Noturno |
Coloração | Escuro com listras brancas | Marrom |
Criadouros | Água menos suja (pouca matéria orgânica) | Águas mais poluídas (muita matéria orgânica) |
Tamanho | 4mm a 6mm | 4mm a 10mm |
Ovos | Individuais (distribuídos em vários locais) | Juntos (em forma de jangada) |
Fonte: Fiocruz |
Comparativo de casos prováveis de dengue entre o ano de 2015 e o período de 3/1 a 5/3 de 2016 | ||
REGIÃO / UNIDADE DA FEDERAÇÃO | CASOS | |
---|---|---|
2015 | 2016 | |
Norte | 31.689 | 23.252 |
Rondônia | 1.889 | 4.708 |
Acre | 5.561 | 3.332 |
Amazonas | 3.914 | 2.800 |
Roraima | 1.103 | 51 |
Pará | 8.253 | 3.653 |
Amapá | 3.132 | 298 |
Tocantins | 7.837 | 8.410 |
Nordeste | 293.567 | 92.149 |
Maranhão | 7.280 | 6.015 |
Piauí | 7.560 | 462 |
Ceará | 63.215 | 5.723 |
Rio Grande do Norte | 22.102 | 15.943 |
Paraíba | 20.011 | 10.476 |
Pernambuco | 92.395 | 29.558 |
Alagoas | 22.501 | 3.161 |
Sergipe | 7.408 | 1.448 |
Bahia | 51.095 | 19.363 |
Sudeste | 997.268 | 280.118 |
Minas Gerais | 182.416 | 161.844 |
Espírito Santo | 29.831 | 18.216 |
Rio de Janeiro | 62.669 | 20.795 |
São Paulo | 722.352 | 79.263 |
Sul | 53.106 | 36.932 |
Paraná | 46.943 | 33.253 |
Santa Catarina | 4.491 | 2.444 |
Rio Grande do Sul | 1.672 | 1.235 |
Centro-Oeste | 211.450 | 62.815 |
Mato Grosso do Sul | 24.829 | 15.751 |
Mato Grosso | 18.178 | 11.738 |
Goiás | 159.025 | 29.897 |
Distrito Federal | 9.418 | 5.429 |
Brasil | 1.587.080 | 495.266 |
Fonte: Ministério da Saúde |
- Verifique se a caixa d’água está vedada
- Evite acumular vasilhames no quintal
- Verifique se as calhas não estão entupidas
- Não deixe pneus com água em lugares fechados
- Deixe garrafas e baldes virados de boca para baixo
- Mantenha os ralos limpos e, se possível, proteja-os com telas
-
Fonte: Ministério da Saúde / governo federal