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Letras Defesa número 500

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O primeiro programa de pós-graduação stricto sensu da Universidade atingiu a marca em dezembro do ano passado

“O que mais me agrada, no programa, é a conversa que se firma e se afirma entre linguística e literatura, em prol do ensino na educação básica. Essa é uma raridade na pós-graduação brasileira”

Professora Márcia Marques de Morais

Quando a então aluna Vânia Lúcia de Morais Ribeiro defendeu tese, em dezembro do ano passado, ela, além de obter o título de doutora, estaria também contribuindo para uma conquista do Programa de Pós-graduação stricto sensu em Letras. Essa foi a defesa de número 500, entre teses e dissertações apresentadas no programa, o mais antigo da Universidade. A quingentésima defesa, marca já ultrapassada por outras defesas posteriores, demonstra não apenas a tradição do programa, criado em 1989, mas reafirma o compromisso da PUC Minas com a educação.

Com mestrado e doutorado nas áreas de concentração em Linguística e Língua Portuguesa e Literaturas em Língua Portuguesa, o programa é o único do Estado e um dos poucos do Brasil que se dedicam a pesquisas que congregam todas as literaturas de língua portuguesa: a brasileira, a portuguesa e as diversas africanas, segundo a coordenadora do programa, professora Márcia Marques de Morais.

Os estudos realizados sobre as Cantigas de Santa Maria, a obra de Guimarães Rosa e as literaturas africanas se destacam nos estudos literários e são alguns dos motivos que levam estudantes-pesquisadores a buscarem o programa, segundo a coordenadora. De acordo com ela, esses temas agregaram muitos pesquisadores ao longo dos anos no programa da Universidade, tornando-o referência nessas áreas.

Prova disso são os três prêmios recebidos. O primeiro, em 2004, foi o de Melhor Tese em Estudos Literários, promovido pela Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Letras e Linguística. Tal prêmio foi dado à tese sobre as Cantigas de Santa Maria, defendida por Bernardo Monteiro de Castro e orientada pela professora Ângela Tonelli Vaz Leão, que, aos 92 anos, é uma das professoras mais antigas da Universidade e uma das responsáveis pela implantação da pós-graduação stricto sensu em Letras e das pós-graduações lato sensu da PUC Minas. Outros dois trabalhos receberam prêmio de melhor tese produzida no Brasil, na área de Letras, concedidos pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). O primeiro, em 2007, foi a tese de Bernardo Andrade Marçolla sobre o romance Grande Sertão: Veredas, orientada pela professora Márcia Morais, e a outra pesquisa, premiada em 2008, teve como objeto uma das literaturas africanas e foi defendida por Prisca Agustoni Pereira, que trabalhou sob a orientação da professora Maria Nazareth S. Fonseca.

Produção acadêmica

Entre outras atividades, a revista do programa, a Scripta, criada em 1995, em parceria com o Centro de Estudos Luso-afro-brasileiros da PUC Minas, prima pela qualidade de suas publicações e pelo esmero editorial. Dedicada às literaturas de língua portuguesa e à linguística, nela são publicados artigos científicos e ensaios inéditos, além de entrevistas com estudiosos e resenhas, produzidas por pesquisadores nacionais e estrangeiros. A professora emérita da área de Literatura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Letícia Malard destaca a relevância da publicação: “Desde que surgiu, a Scripta é um dos mais importantes periódicos da área de Letras. A presença constante de colaboradores especialistas em suas páginas transforma a publicação num instrumento de leitura e consulta indispensável a todos os estudiosos ou interessados em Letras”.

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Dayse Amaral: da graduação direto para o mestrado em Letras

Compromisso com a educação

A nota 5 – numa escala que vai de 1 a 7 –, atribuída pelas avaliações da Capes, reafirma o reconhecimento do programa. Para a professora Márcia, a nota, mantida desde a avaliação do triênio 2001/2003, deve-se, primordialmente, ao empenho do seu corpo docente que transmite aos pós-graduandos o entusiasmo tanto pelos objetos de estudo quanto pelo papel social do egresso em relação à educação brasileira.

Outra característica do programa, nomeado informalmente “misto”, por privilegiar duas áreas de conhecimento – Linguística e Literatura –, é motivo de orgulho da coordenadora. “O que mais me agrada, no programa, é a conversa que se firma e se afirma entre linguística e literatura, em prol do ensino na educação básica. Essa é uma raridade na pós-graduação brasileira”, afirma.

Nesse sentido, a professora Márcia adianta estar na pauta do programa proposta de implantação do mestrado profissional, com foco na formação continuada e na titulação de pós-graduação para professores da Educação Básica. O plano é apresentá-la à Capes para avaliação, com a intenção de que o mestrado profissional seja ofertado a partir de 2016.

O compromisso do programa com o ensino também se estende a ações junto aos alunos da graduação. “O curso de graduação em Letras da PUC, através dos docentes que atuam, todos, nos dois níveis – graduação e pós –, trabalha no sentido de incutir o desejo de o estudante dar prosseguimento à sua formação. Faz parte do projeto pedagógico da nossa graduação ensinar pela pesquisa, fazendo que o aluno construa conhecimento, na aliança teoria e prática”, ressalta Márcia.

Essa experiência está sendo vivida pela aluna Dayse Aparecida do Amaral Santos, de 23 anos, que se formou em Letras pela Universidade no final de 2013 e ingressou no ano seguinte no mestrado, na área de concentração em Literaturas de Língua Portuguesa. Contemplada por uma bolsa de estudos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), por ter se classificado entre os primeiros lugares no processo seletivo, a aluna garante que a preparação dada pelo Curso de Letras foi determinante na escolha do mestrado na mesma instituição. “Além de conhecermos os professores e suas linhas de pesquisa, vemos um incentivo deles ao darem oportunidade aos graduandos de conhecerem a pós-graduação por meio dos grupos de pesquisas, com auxílio de bolsas de iniciação científica, convites para assistir a algumas disciplinas do programa como ouvinte, participação em seminários e simpósios promovidos pelo mestrado e doutorado, entre outros”, constata Dayse, que pretende seguir a carreira docente.

Texto
Tereza Xavier
Fotos
Marcos Figueiredo
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