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Biologia DNA ambiental

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Método inovador detecta quais espécies de peixes existem num determinado ambiente aquático a partir da identificação do DNA presente na água

A partir da amostra da água de um lago ou rio, por exemplo, é possível saber quais espécies de peixes ali existem ou mesmo detectar espécies invasoras, evitando maiores danos ambientais. Pesquisa recentemente concluída na PUC Minas, com financiamento do Fundo de Incentivo à Pesquisa (FIP) da Universidade, desenvolveu um método inovador capaz de detectar quais espécies de peixes estão em um determinado ambiente aquático a partir do DNA presente na água (DNA ambiental). Essa metodologia permite que o monitoramento ambiental “processo de coleta de dados feito por cientistas” seja feito sem precisar coletar e sacrificar os animais, como é feito atualmente, já que a técnica é não invasiva, além de possibilitar maior precisão na identificação das espécies e de diminuir o tempo e o custo financeiro desses monitoramentos. Trabalhos semelhantes foram feitos no exterior para insetos, peixes e anfíbios. Entretanto, no Brasil essa metodologia ainda é pioneira e, no estudo da PUC Minas, pela primeira vez foi mostrada a viabilidade para utilização com peixes.

Coordenado e orientado pelo professor Daniel Cardoso de Carvalho, do Programa de Pós-graduação em Biologia de Vertebrados da PUC Minas, o projeto de iniciação científica foi desenvolvido pelo ex-aluno do Curso de Ciências Biológicas David Travassos Milan, atualmente estudante do mestrado; Daniel Teixeira, ex-aluno do mestrado; e Junio Damasceno, pesquisador visitante no laboratório do mestrado. Para David, a metodologia desenvolvida no trabalho facilita a identificação de espécies em um rio, sendo uma alternativa para complementar o levantamento tradicional das pesquisas feitas no país.

O teste foi desenvolvido nos laboratórios do Programa de Pós-graduação e utilizou aquários para a comprovação da funcionalidade do novo método. No aquário, a partir das secreções, na água, do peixe acará (Geophagus brasiliensis), oriundo da bacia do rio São Francisco, os pesquisadores, por meio de um aparelho de filtração a vácuo, que utiliza membrana de celulose para reter esses resíduos e separá-los da água, realizaram a identificação taxonômica a partir do sequenciamento de uma região do genoma mitocondrial do peixe, utilizando o aparelho sequenciador de DNA, equipamento disponível no Programa, como explica o professor Daniel. A partir do sequenciamento do DNA presente na água, eles provaram que aquele DNA nela coletado é daquela espécie de peixe contida no aquário.

Em uma segunda fase do projeto, os pesquisadores coletam água do aquário temático da Bacia do São Francisco, localizado no Zoológico de Belo Horizonte. A partir disso, eles farão os testes para provar que o método desenvolvido na pesquisa é válido também para ser submetido a ambientes controlados com várias espécies, como é o aquário do zoológico. Outras fases da pesquisa serão coletar dados no próprio rio São Francisco e também nas bacias dos rios Doce e Jequitinhonha.

Texto
Leandro Felicíssimo
Foto
Raphael Calixto
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