revista puc minas

Inclusão Mão tradutora

Para o grupo, a possibilidade de acompanhar os movimentos em três dimensões auxilia no aprendizado da linguagem de libras

Alunos desenvolvem aparelho para auxiliar no aprendizado da linguagem de sinais

“A nossa ideia é elaborar um produto cujo custo seja viável para as famílias brasileiras de crianças surdas-mudas.”

Fábio de Jesus, estudante

Aprender é um desafio diário na vida de todo ser humano, constantemente estimulado a descobrir o mundo a partir de seus sentidos. Os incentivos àqueles que têm alguma deficiência não deixam para trás quem tem vontade de buscar conhecimento: a inclusão social é hoje, no Brasil, pauta de pesquisas, seminários e de inúmeras leis que preservam os direitos das pessoas com deficiência, buscando promover a igualdade. De acordo com o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2010, cerca de 45 milhões de brasileiros possuem alguma deficiência, dos quais aproximadamente 10 milhões são deficientes auditivos.

Pensando em prover o ensino da linguagem de libras de forma lúdica e inédita, um grupo de estudantes do 7º período do Curso de Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação produziu a Mão Tradutora de Libras, um equipamento para facilitar o dia a dia dos surdos-mudos. “Trata-se de um equipamento que, a partir de um microcontrolador, o arduíno, faz interface com um teclado similar àquele utilizado em computadores e converte as letras e palavras digitadas em comandos que geram movimentos correspondentes à linguagem de libras, reproduzidos pela mão mecânica”, resume o professor Mário Buratto, orientador do projeto.

Os alunos receberam a sugestão de elaborar uma mão que reproduzisse os sinais de libras durante a elaboração do Trabalho Acadêmico Integrador (TAI). “O que determinou o projeto foi a possibilidade de facilitar o aprendizado para os surdos-mudos, especialmente para crianças, que têm mais dificuldade de assimilar os movimentos correspondentes a cada letra”, afirma Luiz Alberto Silva, um dos estudantes responsáveis pelo projeto.

Segundo o grupo, a iniciativa é inédita, já que outras ferramentas lúdicas para aprendizado da linguagem de libras são virtuais, não permitindo um contato direto. “A possibilidade de tocar o equipamento e visualizar os movimentos em três dimensões faz toda a diferença para quem está aprendendo, principalmente quando os alunos são crianças”, afirma a aluna Gleika Souza Soares, integrante do grupo.

Uma preocupação dos estudantes também foi a utilização de materiais de baixo custo para tornar o equipamento acessível. “Utilizamos materiais simples como madeira e nylon, além do arduíno e motores. Nossa ideia é um produto cujo custo seja viável para as famílias brasileiras”, explica o estudante Fábio de Jesus. Segundo ele, o custo aproximado do protótipo foi de R$300.

O projeto agradou especialistas da área, que consideraram a iniciativa imprescindível no estímulo do aprendizado da linguagem de libras, especialmente para o público infantil. “A proposta é importante para a alfabetização dos surdos-mudos. Se a criança tem algo que pode ver e tocar, aquilo chama mais atenção. Além disso, fica mais interativo e facilita a inclusão, pois os alunos que não são surdos-mudos veem o movimento da mão e se interessam em aprender essa linguagem também”, afirma Edna Dias Bragança, supervisora do atendimento educacional especial da Associação de Surdos de Minas Gerais (ASMG).

Os alunos ainda pretendem aprimorar o projeto. “Queremos desenvolver os movimentos da Mão Tradutora de Libras para que ela consiga reproduzir os sinais correspondentes a outras letras e palavras. Vamos também pensar em outros materiais para reduzir ainda mais o custo desse aparelho”, conclui a aluna Gleika Soares.

Texto
Lídia Lima
Foto
Marcos Figueiredo
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