revista puc minas

Gregório de Matos Guerra – 1636-1696

Carregado de mim ando no mundo,
E o grande peso embarga-me as passadas,
Que como ando por vias desusadas,
Faço o peso crescer, e vou-me ao fundo.

 

O remédio será seguir o imundo
Caminho, onde dos mais vejo as pisadas,
Que as bestas andam juntas mais ousadas,
Do que anda só o engenho mais profundo.

 

Não é fácil viver entre os insanos,
Erra quem presumir que sabe tudo,
Se o atalho não soube dos seus danos.
O prudente varão há de ser mudo,
Que é melhor neste mundo, mar de enganos,
Ser louco c’os demais, que só, sisudo.

 


  • O passado tem um futuro com o qual nunca contamos. (Javier Marías)
  • Assim começa o mal e o pior espreita por trás. (Javier Marías)
  • Thus bad begin and worse remains behind. (W. Shakespeare)
  • Quem conhece a dor conhece tudo. (Dante Alighieri)
  • Dê a palavra à dor: a dor que não fala geme no coração até que o arrebente. (Shakespeare)
  • Somente acessível à baixa distração de espíritos medíocres, a política. (Huyman)
  • As alegrias estéticas nos mantêm em forma, embora quase todo mundo está submetido à paixão política. (Goethe)
  • Devemos ter a ousadia de detestar a cada instante novas opiniões e cotejar novas impressões, jamais sucumbindo a uma ortodoxia fácil. (Oscar Wilde)
  • Quem pensa pouco erra muito. (Leonardo Da Vinci 1452 1519)
  • O que aguarda os homens após a morte não é nem o que esperam nem o que acreditam. (Heráclito, filósofo grego)
  • Que Orfeu jamais nos dê as costas e que a verdade do poema retorne à luz da compreensão, imaculada, geratriz, vencendo sempre a escuridão do esquecimento e a morte. (George Steiner)

A um ausente*

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
Sem prazo, sem consulta, sem provocação.
Até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
por que o fizeste, por que te foste.

 

*Farewell. 1996. Trecho do Poema de Drummond
sobre o suicídio de seu amigo Pedro Nava, em 1984.

Página sob responsabilidade do professor de Filosofia Haroldo Marques, que remete à publicação de mesmo nome, da Secretaria de Cultura e Assuntos Comunitários
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