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Espaço do Jornal Marco Pequenos negócios nas redes sociais

Laura Oliveira criou, também no Instagram, o perfil Hibiscus Art, voltado para a venda de produtos de artesanato

Jovens buscam alternativas de renda e migram para o ambiente virtual

Desde o início da pandemia de Covid-19, em março do ano passado, o mundo sofreu mudanças drásticas, e, com a necessidade do distanciamento social, intensificou-se o uso da tecnologia, das redes sociais, da internet. A situação não foi diferente no mundo dos empreendedores, em que as medidas de isolamento impuseram a migração de muitos negócios presenciais para o ambiente virtual. Na busca por alternativas de renda financeira, muitos jovens viram também nesse ambiente uma boa oportunidade para pequenos empreendimentos.

A pesquisa O impacto da pandemia do coronavírus nos pequenos negócios, realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Pequenas e Médias Empresas (Sebrae-MG) e divulgada em novembro de 2020, aponta que 71% dos empreendedores mineiros usam as redes sociais, aplicativos ou a internet para comércio. Dentre essas plataformas, 64% das vendas são feitas pelo Instagram e 86% pelo WhatsApp.

O Instagram é, hoje, uma das redes sociais com maior número de pessoas, tornando-se um espaço propício ao empreendedorismo. Percebendo a tendência das vendas online, a plataforma criou a aba “loja” para facilitar o comércio entre usuários. Utilizando essa ferramenta, a estudante Laura Oliveira, 19, criou o perfil Hibiscus Art, voltado para a venda de produtos de artesanato. “O Instagram é, sem dúvida, nosso maior aliado como e-commerce (comércio eletrônico), então, eu invisto bastante no marketing de conteúdo”, comenta a empreendedora.

Por ser um ambiente aberto, a rede social permite que as pessoas se conectem com o tipo de conteúdo com o qual se identificam. Laura busca mostrar, da forma mais real possível, os bastidores e etapas de processo do seu trabalho, aprimorando a identidade visual de sua marca: “Isso faz com que eu me aproxime do meu público-alvo, que, muitas vezes, se identifica com esse posicionamento”.

Seguindo essa mesma trilha, a estudante de Jornalismo Natália Teixeira, de 21 anos, desenvolveu, em dezembro de 2020, a Feira de Garagem, um bazar online divulgado por meio de fotos no Instagram. O projeto começou com o intuito de vender peças de roupa e sapatos, mas se tornou algo maior. Incentivando o desapego entre seus amigos e familiares, Natália arrecadou objetos além do esperado, como itens de casa, móveis e eletrônicos.

“Esse incentivo partiu da nossa percepção da quantidade de coisas que não usamos, mas mantemos guardadas”, relata a estudante. A nova empreendedora também viu, na feira, uma oportunidade de obter renda extra ao final do ano e desenvolver uma boa relação com os clientes. “Criamos vários contatos para futuras vendas e arrecadação de novos itens”, diz Natália, que pretende continuar com a feira nos próximos anos.

Em um projeto como esse, as redes sociais são fundamentais para atrair pessoas. Visando incentivar o projeto da amiga, a estudante de design gráfico, Amanda Nunes, comprou na Feira de Garagem. Ela conta que o Instagram foi como uma vitrine: “A forma como os itens já vêm, com o tamanho e valor na foto, faz com que eu consiga ir direto a algo que me agrada”.

O WhatsApp também pode ser utilizado no compartilhamento de mensagens para divulgação comercial. Natália criou várias chamadas da Feira de Garagem por meio de posts, stories e grupos de WhatsApp. “Eu esperava um alcance apenas local, entre bairros próximos, mas, através da divulgação feita, foi possível alcançar pessoas de várias outras cidades”, conta a jovem.

O empreendedorismo é desafiador

Natália, estudante de Jornalismo, montou a Feira de Garagem, bazar online divulgado por meio do Instagram

Um dos maiores desafios para se empreender, atualmente, é a restrição na circulação de pessoas. Segundo o Sebrae, 66% das pequenas empresas de Minas Gerais estão funcionando com mudanças causadas pela pandemia. Para Natália, o principal desafio foi transformar sua feira, originalmente presencial, em virtual. “Tivemos que tirar fotos de todos os itens, editar e precificar. Demoramos cerca de uma semana para organizar tudo, pois eram muitas peças a serem vendidas”, relata.

Já no caso de Laura Oliveira, o desafio foi vencer a falta de matéria-prima causada pelo agravamento das ondas de contágio do coronavírus. A artesã explica que “muitos fornecedores estão trabalhando com materiais limitados, preços elevados e atrasos no transporte de mercadorias”. Isso afeta a sua oferta de produtos.

Apesar das dificuldades, o empreendedorismo traz muitos benefícios. Gera renda e empregos, movimenta a economia do país, produz inovação para o mercado e proporciona, aos empreendedores, flexibilidade e autonomia para se organizar. Esse é o caso da estudante de direito Izabelly Santiago, de 21 anos, que, apesar de ter começado sua comercialização de doces logo no início da pandemia, já emprega uma assistente de carteira assinada e um motoboy para prestação de serviços.

A jovem começou vendendo ovos de Páscoa e, hoje, já tem uma loja localizada no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves. Para auxiliar nesse crescimento, Izabelly aponta o Instagram como aliado para impulsionar seu negócio. Segundo a empreendedora, sorteios por meio do aplicativo ajudam a atrair mais pessoas e, além disso, a interação diária com os clientes é indispensável. “Gosto de postar fotos, stories, gravar vídeos do doce, partir um pedaço do bolo para o pessoal ver e chamar mais atenção”, conta a doceira.

Texto
Letícia Anacleto e Thalita Pascoal
Texto redigido por monitores do Jornal Marco, sob a supervisão da professora Ana Maria Rodrigues de Oliveira
Foto
Arquivo Pessoal
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