Educação Continuada Raças marchadoras
Em parceria com a Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador, a PUC Minas tem especialização inédita em equideocultura
"É uma capacitação que traz muita atualização até mesmo para os profissionais mais experientes"
Agnelo Douglas do Nascimento, veterinárioPorte médio, ágil, estrutura forte, marcha inconfundível, capacidade de percorrer grandes distâncias. Essas são algumas das características da raça Mangalarga Marchador, tipicamente brasileira. Segundo registros, essa raça surgiu mais especificamente ao sul do estado de Minas Gerais, há mais de 200 anos. Desde então, o estado sempre foi destaque nacional na criação da espécie. Tendo em vista a importância e a carência de profissionais qualificados para trabalhar com esses animais, a PUC Minas, em parceria com a Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador (ABCCMM), criou a pós-graduação lato sensu em Equideocultura: raças marchadoras.
O curso teve início em março deste ano, atraindo alunos de diversas regiões do país. A principal motivação para a criação dessa especialização é a percepção da crescente necessidade de maior eficiência dos sistemas de criação, treinamento e preparo atlético de cavalos marchadores. Nesse contexto, esse setor da equideocultura busca por profissional atualizado e capacitado, condições determinantes para sua inserção e manutenção na atividade, pontuam os coordenadores, a professora Maria Coeli Gomes Reis Lage e o zootecnista Henrique Melo Machado, da ABCCMM.
O curso de especialização da PUC Minas é o único no país com enfoque nas raças marchadoras. Para a aluna Bárbara Wagner, de Capinzal, Santa Catarina, essa é uma proposta inovadora para os profissionais da área. Minha família sempre trabalhou com lavoura e pecuária. Quando me formei em Zootecnia, eu e meu noivo, também zootecnista, ficamos responsáveis pela fazenda da família, que fica em Zortéa (SC). Nela há criação de gado de corte (em piquetes e semi-confinamento), criação de ovinos de corte e também, há pouco menos de dois anos, foi iniciada a criação de cavalos da raça Mangalarga Marchador. Escolhi fazer essa pós-graduação pela necessidade que sinto em ter mais conhecimento sobre equinos, tanto para uso na fazenda, como também para agregar conhecimento nas assistências que prestamos em diversos criatórios. Acredito que o conhecimento teórico e prático adquirido será muito útil para meu trabalho, sendo um diferencial as muitas aulas práticas do curso, avalia.
Além da proposta inovadora, o fato de o curso ter parceria com a ABCCMM atraiu o veterinário Agnelo Douglas do Nascimento, de Maceió, Alagoas. Eu trabalho há 25 anos com reprodução de cavalos, atuando em diversos haras no meu estado. Como a maioria dos clientes que atendo criam cavalos da raça Mangalarga Marchador, comecei a ter demandas para dar assessorias mais técnicas e não me sentia capacitado o suficiente. Inclusive foi por meio de um dos meus clientes que eu tive conhecimento desse curso de pós-graduação. A combinação da teoria com a prática em visitas técnicas e laboratórios é muito enriquecedora. É uma capacitação que traz muita atualização para os profissionais da área, até mesmo para os mais experientes, afirma Agnelo.
Raça é tradição da agropecuária brasileira
A especialização é dividida em sete módulos que mesclam a parte teórica com a prática em todos os encontros. O curso visa o aprimoramento e atualização dos conhecimentos teóricos e práticos dos profissionais em aspectos relativos à anatomia, comportamento e bem-estar, análise da morfologia e da marcha, biomecânica, treinamento do cavalo atleta, fisiologia do exercício, doma, equitação, manejos nutricional, sanitário e reprodutivo, instalações e melhoramento genético. A criação e seleção de equídeos marchadores faz parte da história e tradição da agropecuária brasileira. Existem no país pelo menos quatro raças organizadas e registradas em stud book que têm em seu padrão racial a marcha como característica essencial e obrigatória e que empregam um número significativo de profissionais médicos veterinários e zootecnistas. Há uma busca constante por maior qualificação nessa área, destaca a professora Coeli.
O corpo docente da pós-graduação é formado por profissionais qualificados e com vivência prática. A equipe é composta por professores de universidades que atuam na equideocultura, diretor de registro genealógico e diretor do corpo técnico (técnicos de registro e árbitros), técnicos e juízes das associações de cavalos de raças marchadoras. A oferta de cursos de especialização nesta área, além de proporcionar a aquisição e aprimoramento de conhecimentos essenciais aos profissionais interessados em atuar técnica e cientificamente na equideocultura, estimulará e viabilizará o desenvolvimento de pesquisas, envolvendo estes profissionais e as instituições, como Universidade e associações de criadores, conclui a professora Coeli.