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Inovação Segurança na construção civil

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O ex-aluno Diogo Bechler de Moro: novo produto já possui registro no Inpi

Novo indicador de nível d’água utiliza microboia magnética e luzes LED

Especificar e dimensionar estruturas de fundações e contenções são alguns dos serviços de competência de um engenheiro civil. Para garantir a segurança da construção, é necessário que em todas as obras o profissional faça uma avaliação correta da área. Para isso, o subsolo deve ser submetido a testes que forneçam ao profissional as informações e propriedades geotécnicas do local, como a capacidade de suporte das camadas do solo, a profundidade do nível d’água (NA), se estiver presente, entre outros aspectos. Porém, por vezes, o engenheiro carece de informações bem avaliadas, principalmente quanto ao NA.

Para aprimorar o processo de determinação do NA, Diogo Bechler de Moro, ex-aluno do Curso de Engenharia Civil da PUC Minas Barreiro, desenvolveu um indicador de nível d’água mais eficaz, duradouro e com preço mais acessível do que os similares existentes no mercado.

De acordo com Diogo, o novo produto garante maior acerto quanto à verificação da profundidade de água no solo por ter, em sua composição, o uso de luzes LED. Muitas vezes, os aparelhos disponíveis comercialmente transmitem, sonoramente, a detecção da água, porém, em alguns canteiros de obras, com muito barulho, não há uma detecção precisa. “Devido a um sistema de elevação com a utilização de uma microboia magnética, a determinação da posição do nível d’água se faz sem erro, mesmo havendo, no local, um lençol freático sem sais, o que poderia afetar a condutividade elétrica. Além disso, o circuito elétrico, quando fechado, ativa o sistema de alarme, um som alto juntamente com luzes do tipo LED, confirmando a posição do nível d’água”, diz o ex-aluno.

A durabilidade do aparelho também foi uma das questões trabalhadas em sua criação, feita com tubos de PVC e revestido por uma proteção contra oxidação. “Geralmente, os indicadores eletrônicos mais caros têm sua carcaça feita toda de metal, fato que diminui a vida útil desses aparelhos, devido ao contato com a água subterrânea com muito ferro, ocasionando corrosão a longo prazo”, ressalta.

Equipamento acessível

A utilização desses materiais trouxe um benefício importante para esse indicador: uma maior economia. Similar ao Piu, instrumento que detecta e determina o nível d’água, o novo aparelho teve custo total de R$ 168. Os análogos que estão à venda no mercado podem custar até R$ 10 mil.

A determinação do NA é importante para a escolha do tipo e profundidade da fundação para a construção. Em períodos de chuva pode haver grandes alterações do NA dos lençóis freáticos e, consequentemente, variações na pressão do solo, podendo ocasionar rupturas e deslizamentos.

A ideia surgiu quando Diogo percebeu a oportunidade de reaproveitar as perfurações feitas na execução de sondagem com SPT (Standard Penetration Test), uma das mais comuns prospecções geotécnicas utilizadas na construção civil. No Brasil, esse método de ensaio é estabelecido pela norma ABNT NBR 6484. Como geralmente nas obras são feitas perfurações de sondagens SPT no solo, com o novo produto não são necessárias novas escavações para verificar a posição e/ou a variação do nível d’água subterrâneo.

Para comprovar a eficácia do aparelho, foram feitos testes no solo da PUC Minas Barreiro, e, de acordo com o coordenador do Curso de Engenharia Civil da Unidade e orientador do estudo, professor Everaldo Bonaldo, os resultados foram positivos. “Na Engenharia Civil é sempre interessante criar equipamentos acessíveis e eficazes. O mercado tem interesse em inovações com funcionalidade, durabilidade e bom desempenho”, pontua.

O aparelho possui número de registro no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) e, de acordo com Diogo Bechler, um protótipo ficará pronto nos próximos meses para utilização na barragem de uma mineradora.

Texto
Janaína Soares
Foto
Rossana Magri
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