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Tecnologia inclusiva Sensor na raia

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Aparelho auxilia nadadores cegos na travessia
da piscina em competições

Em época de olimpíadas, quando todos estão voltados para as competições de diversas modalidades, os desafios de quem tem limitações físicas passam a ser percebidos além das dificuldades diárias de atravessar uma rua ou preparar um café. Para correr, jogar futebol ou basquete, a prática de esportes para quem tem algum tipo de necessidade especial é possibilitada a partir de adaptações. No caso da natação paralímpica, os atletas deficientes visuais recebem a ajuda de seus técnicos a partir do tapper, um bastão com ponta de espuma que serve para bater levemente às costas dos nadadores para avisá-los de que a borda da piscina está próxima.

Pensando no conforto e na melhoria do desempenho desses atletas, um grupo de estudantes do Curso de Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação elaborou o E-tapper, um aparelho que busca facilitar a travessia da raia para os deficientes visuais. “Assistimos vários vídeos de natação paralímpica e percebemos que alguns competidores perdiam até a direção quando eram tocados pelo tapper. Com o intuito de oferecer mais autonomia ao atleta e maior tranquilidade para concluir a prova, desenvolvemos um equipamento que emite um bip a partir da aproximação do nadador em relação à borda da piscina”, explica Filipe Silva Pereira, do 8º período, que participou do projeto.

Segundo David Soares Silva Costa, do 9º período, o dispositivo, produzido a partir de uma placa de arduíno e de um sensor ultrassônico, se assemelha a um sensor de ré veicular. “O E-tapper começa a apitar quando o nadador está a três metros da borda e vai aumentando sua cadência à medida que o atleta se aproxima mais”, esclarece.

O aluno afirma que a ideia do grupo é aprimorar o projeto e criar um ponto eletrônico auricular resistente à água, para que o bip do equipamento não interfira no desempenho dos demais nadadores. “Para que os outros atletas não se confundam com o som emitido pelo aparelho, o ideal é que cada competidor tenha um ponto eletrônico para perceber corretamente o seu posicionamento na piscina. Outra opção seria colocar uma pulseira que emitiria vibrações a partir do comando do sensor, mas o sinal não seria bem identificado no braço do nadador devido à movimentação da água durante a atividade”, elucida David.

O E-tapper pode, ainda, ganhar novas funções. “Apresentei a ideia do projeto a um deficiente visual e ele, que elogiou o trabalho, ainda afirmou que o aparelho também seria útil na prática de outros esportes ou na realização de diversas atividades diárias”, diz Filipe Pereira.

De acordo com o professor Nilson de Figueiredo Filho, orientador do projeto, a iniciativa é pioneira no mercado. “Não há registros de projetos na linha do que foi feito pelos estudantes. A área da acessibilidade é um campo vasto pelo interesse recente em sua exploração e consequente carência de projetos na área”, pontua Nilson.

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O professor Nilson Figueiredo (à dir.), com os alunos autores do projeto
Texto
Lídia Lima
Fotos
Marcos Figueiredo
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