revista puc minas

Diálogos Superar as barreiras

Dom-Walmor-1-1

"Todos devem cultivar a proximidade, fundamental para a solução dos muitos problemas enfrentados pela humanidade"

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Grão-chanceler da PUC Minas
Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte

O Papa Francisco lembra que “onde há um muro, há fechamento de coração!”. A indicação é a de construir a cultura do encontro, derrubando todos os muros que ainda dividem a humanidade. Isso porque, diante das muitas dificuldades do mundo contemporâneo, a exemplo dos problemas econômicos, do terrorismo, da violência e das crises políticas, erroneamente, investe-se na construção de barreiras, acreditando que, assim, é possível se proteger dessas ameaças. Investir nas ações que ilusoriamente protegem, mas na verdade geram exclusão, marginalização e pobreza, é trilhar itinerário rumo ao precipício, pois esses males alimentam os conflitos, ameaçam a paz. Por isso mesmo, de nada adiantam as ações que se alicerçam na desconsideração do próximo.

Oportuno é lembrar a indicação do apóstolo Paulo, em sua carta aos Gálatas, quando não havia consenso naquela comunidade, marcada pelos conflitos, muitos justificados pela Lei e práticas tradicionais. Diante desse cenário, o Apóstolo adverte: “Se vos mordeis e vos devorais uns aos outros, cuidado para não serdes consumidos uns pelos outros!”. Essa indicação continua pertinente e atual, quando se considera a generalização de uma dinâmica das agressões entre Estados, instituições e pessoas. Tudo em nome da defesa de interesses. No lugar da fraternidade que deveria permear as relações, opta-se por um “vale-tudo”, uma dinâmica de “mordidas e voracidades”.

É triste constatar que, apesar de o mundo atual estar tão conectado, com diferentes recursos tecnológicos capazes de promover a proximidade, as distâncias continuam a crescer. Cada pessoa, com a força da palavra, poderia vencer barreiras, gerar a proximidade, crescer a partir do encontro e da troca de experiências. Mas, nestes tempos marcados pela facilidade oferecida pela técnica, com a troca de mensagens em tempo veloz, ainda há a necessidade de se aprender a falar. Isso significa entender que a palavra tem força, é capaz de construir, desde que seja iluminada pelo amor.

Assimilada essa compreensão, são debeladas as dinâmicas de agressões que causam distanciamento. Cada pessoa qualifica-se para o diálogo indispensável na edificação de um tempo novo. “Um pouco de fermento leveda a massa toda”. Eis outro dito simples do apóstolo Paulo, que ajuda a compreender a responsabilidade de todos em zelar pela própria consciência. As atitudes individuais, no exercício profissional, religioso e representativo, tem amplo alcance na esfera coletiva. Assim, a grande mudança que se espera precisa nascer primeiro no coração de cada pessoa. Todos devem cultivar a proximidade, fundamental para a solução dos muitos problemas enfrentados pela humanidade. “Precisamos de pontes, não de muros!” Que essa orientação do Papa Francisco possa ser acolhida nas ações cotidianas de todos.

Texto
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Grão-chanceler da PUC Minas Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte, presidente da CNBB
Foto
Marta Carneiro
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