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Saúde Ciência do cuidado

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Flávio Papa, médico recém-formado na primeira turma do Curso de Medicina: “O médico não tem todas as respostas e nunca terá, mas o conforto, a atenção e o cuidado são sempre o mínimo que temos de oferecer”

Curso de Medicina alia formação técnica de excelência a atendimento humanizado

“Nunca sonhei em ser médico para ‘salvar vidas’, mas hoje, mais que nunca, desejo sê-lo para oferecer conforto e atenção”. O anseio é de Flávio Papa, médico recém-formado na primeira turma do Curso de Medicina da PUC Minas. Trabalhando em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) de Betim, sua expectativa é oferecer a cada um de seus pacientes as lições aprendidas em sala de aula: todo o conhecimento técnico adquirido durante a formação aliado ao atendimento humanizado a cada consulta. Assim como as demais graduações da área de saúde ofertadas na Universidade, essa é a premissa básica do Curso de Medicina. “Esses princípios estruturaram minha formação e, hoje, ditam minha prática. Não posso conceber a Medicina dissociada desses valores”, defende. Iniciado em 2012, no Campus Betim, o curso teve oferta expandida para os campi Contagem e Poços de Caldas, que o implantaram no segundo e primeiro semestre, respectivamente, deste ano.

Nos três campi o projeto pedagógico é o mesmo, adequado às especificidades locais. “A premissa está completamente alinhada aos moldes e às diretrizes curriculares dos cursos de Medicina que já preconizam o envolvimento de competências e habilidades humanísticas para além das capacidades técnicas. Isso vem ao encontro da missão da nossa Universidade e os ideais que sempre a iluminaram”, explica o professor Renato Diniz Silveira, membro do colegiado no Campus Betim e do Núcleo Docente Estruturante (NDE) no Campus Contagem, ao destacar o eixo central do projeto, que é a perspectiva de considerar o cuidado individualizado a cada paciente.

Para isso, os alunos são inseridos na realidade do processo saúde-doença-cuidado e da prestação de serviços de saúde voltados às comunidades já nas primeiras semanas de aulas e, além da formação teórica, possuem aulas práticas nas UBS e nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) das cidades onde o curso é lecionado. Desta forma, eles aprendem não apenas os conceitos e as técnicas clínicas e cirúrgicas, mas também as habilidades e atitudes que valorizam o cuidado e humanizam o exercício da profissão. A proposta é formar médicos atentos ao paciente, e não apenas à doença dele. O envolvimento do aluno com a comunidade aumenta progressivamente no decorrer da graduação, de forma que a cada ciclo o aluno passe mais tempo nas unidades de saúde. Ao todo, os alunos vivenciam 3.074 horas-aula dedicadas aos internatos, representando 36% da carga horária total do curso, além de, pelo menos, 1.007 horas-aula (839 horas-relógio) de Atividades Complementares de Graduação.

Vínculo com a rede pública de saúde

Os campi Contagem e Poços de Caldas obtiveram autorização para implantar o Curso de Medicina por meio de um processo inédito realizado pelo Ministério da Educação em parceria com o Ministério da Saúde. O processo contemplava municípios que não ofereciam formação médica e Instituições de Ensino Superior (IES) instaladas nessas cidades. Foram 215 instituições inscritas em todo o país e, dessas, 37 selecionadas. No ranking classificatório, os campi Contagem e Poços de Caldas obtiveram o segundo e o terceiro lugares, respectivamente, entre todas as concorrentes. “O que nos diferenciou foi exatamente a essência da Universidade, que tem como missão oferecer conhecimento, buscando o desenvolvimento social”, explica o pró-reitor do Campus Contagem, professor Robson dos Santos Marques, lembrando a origem do edital, o programa Mais Médicos, esforço do governo federal para a melhoria do atendimento aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).

Em ambos os campi os alunos são inseridos na rede pública de saúde logo no primeiro período. Para o coordenador do Curso no Campus Poços de Caldas, o diferencial da graduação em Medicina da PUC Minas abre portas para um novo modelo de atendimento na área da saúde. “Com uma visão diferenciada desde o começo do curso, nossos alunos não serão médicos prescritores, mecanicistas, porque passam a entender o contexto e a razão social da doença”, afirma o professor Antônio Ângelo Rocha.

Atenção também ao aluno

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O professor Antônio Ângelo Rocha com o aluno Sérgio Ítalo Blasi Neto em reunião de mentoria

A saúde dos discentes também é motivo de atenção. Com uma rotina intensa composta por aulas em período integral durante os seis anos de formação, é evidente a necessidade de oferecer uma rede de apoio aos estudantes que necessitarem de algum auxílio. Por isso foi criado o Núcleo de Apoio ao Estudante (NAP), incorporado ao projeto pedagógico do curso pelo professor Renato Diniz Silveira, que é doutor em Educação Médica e coordena o Núcleo, que se divide em duas vertentes: o programa de Mentoring e o Apoio à Saúde do Estudante de Medicina.

No primeiro, cada turma possui um professor mentor, que o acompanha do primeiro ao último dia de aula. É dele a função de ser referência para qualquer demanda, coletiva ou individual. “É um programa que visa estabelecer uma relação mais profícua entre o aluno e o professor, que vai entender as necessidades individuais de cada um, ajudar o aluno nas suas fragilidades e também aprimorar suas potencialidades”, resume Renato.

Para Sérgio Ítalo Blasi Neto, aluno do 2º período do Campus Poços de Caldas, a proposta é sinônimo de segurança e amparo para percorrer os anos de graduação. “Vejo que a mentoria nos prepara para a organização dos desafios e como enfrentá-los. Isso nos tornará profissionais mais maduros e sensíveis”, afirma.

Quando os estudantes apresentam fragilidades que ultrapassam as questões pedagógicas e as atribuições do Mentoring, eles são encaminhados ao Apoio à Saúde do Estudante de Medicina para um acompanhamento mais criterioso.

Qualificação de excelência

Outro diferencial é que todos os campi investem em estrutura de ponta, de forma a proporcionar aos alunos o cenário ideal para aprimorar os aspectos técnicos por meio de aulas teóricas e práticas. Um dos destaques é o Centro de Simulação Avançada, que possui manequins robotizados que reproduzem os sinais vitais e sintomas clínicos de um paciente. Tamanho investimento nos aspectos estrutural, pedagógico e relacional foi reconhecido. No ano passado, o Curso do Campus Betim foi avaliado com nota máxima (5), pela Comissão de Avaliação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC).

Texto
Lívia Arcanjo
Colaboração
Cloe Massa e Lorena Scafutto
Fotos
1Raphael Calixto
2Elisa Erino
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