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Diálogos Novos hábitos e atitudes

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“O recado que a natureza nos envia é claríssimo. Resultado de nossas próprias ações e falta de cuidado e razoabilidade com o meio ambiente, somos agora obrigados a frear o modo como dela nos valemos”

Prof. Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães
Reitor da PUC Minas
Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte

Chegamos a este ano de 2015 com a necessidade de fundamentais reorientações em nossa vida social – seja em termos do modo como nos relacionamos com o meio ambiente, as prioridades que elegemos em termos das políticas públicas e a necessidade urgente do agendamento da ética na política. São questões recorrentemente sinalizadas e pautadas para o debate público, nas quais, infelizmente, a sociedade brasileira pouco avança.

Primeiramente, o recado que a natureza nos envia é claríssimo. Resultado de nossas próprias ações e falta de cuidado e razoabilidade com o meio ambiente, somos agora obrigados a frear o modo como dela nos valemos. Temos urgentemente que rever não apenas nossos hábitos de consumo, que devem ser parametrizados pela sustentabilidade. Para além do combate ao hiperconsumo, que tem como consequência direta o desperdício – inaceitável sob todos os aspectos –, a exigência agora é de que se faça economia. Aliás, a palavra economia, em sua origem e etimologia, remete à ideia de “casa” e “administrar”. Cuidar da casa, preservá-la para possibilitar que ela continue nos acolhendo e protegendo. Portanto, em algumas situações será mesmo necessário consumir menos até do que o necessário. Só assim será possível voltarmos a pensar na perenização de recursos como água, energia elétrica, alimentos, entre tantos outros. Em países como o Brasil, onde a natureza sempre nos ofertou tudo de modo tão generoso, fomos criados na cultura da abundância e da crença na infinitude de tudo com que ela nos provém. Não é de se admirar que, à beira do risco da falta e do desabastecimento, estejamos todos tão apavorados.

Também urge que, de modo amplo e estrutural, trabalhemos verdadeiramente para reinventar nossa política. É preciso vencer esse abismo entre a esperança do cidadão de que a democracia resulte efetivamente no bem-estar de todos e sua frustração em função da prevalência dos interesses particulares individuais e de grupos de poder. Reafirmamos a necessidade urgentíssima de uma profunda, séria e democrática reforma política no Brasil. A reforma política só será benéfica ao País se houver participação do povo, das comunidades, dos movimentos sociais, da sociedade civil organizada.

Enfim, nada de novo além das novas urgências, mas que também não eram assim tão imprevisíveis. Daí, a necessidade de respostas efetivas e imediatas – que exigirá o bom senso e participação de cada um. Um convite inadiável à vida que se deve construir coletivamente e em prol de todos – sem exclusões ou privilégios.

Texto
Prof. Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães
Reitor da PUC Minas Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte
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