Artigo
Direitos sociais como fundamentos de dignidade humana
Essa é a perspectiva da Escola de Serviço Social, que completa 70 anos
“Narrar a história da ESS da PUC Minas é falar de pessoas de expressão comprovada e de uma ética humanístico-social incomparável e para quem, aqui, expressamos nossa sincera gratidão”
Maria da Consolação Gomes de CastroA Escola de Serviço Social da PUC Minas (ESS) comemora este ano o seu 70º aniversário, sempre priorizando o compromisso com a formação de profissionais que atuem na perspectiva dos direitos sociais como fundamentos de dignidade humana. Nesse sentido, a concepção de formação profissional assumida pela ESS em sua trajetória teve diferentes ênfases e tem sido permanentemente revista, movida por influências internas e externas que vão colocando novos elementos para sua compreensão e construção.
Nestas sete décadas de atuação, são muitas conquistas a comemorar e citamos algumas delas a seguir. Por meio dos cursos e núcleos de pesquisa, já formaram mais de seis mil profissionais, que atuam em diferentes áreas. Face à crescente demanda por mão de obra altamente qualificada, a ESS tem investido, continuamente, na formação de recursos humanos empreendedores, no estímulo às atividades de pesquisa e no aprimoramento da competência profissional, colocando à disposição dos alunos um corpo docente de alto padrão e uma estrutura de cursos fortemente embasada na articulação entre teoria e prática.
Mais de 98% dos professores são mestres e doutores e significativa parcela deles se dedica às atividades de ensino, pesquisa e extensão, com méritos acadêmicos comprovados, sendo que alguns deles recebem apoio de agências de fomento, como a Fapemig e o FIP (PUC Minas), além da Pró-reitoria de Extensão da Universidade.
Em fevereiro de 1996, o Curso de Serviço Social (CSS) se expande e passa a funcionar, também, no turno da manhã, na PUC Minas Contagem, procurando responder à demanda de profissionais da região.
A partir de 2010, a ESS passou a integrar o Instituto de Ciências Sociais (ICS), juntamente com os cursos de Arquitetura e Urbanismo, Ciências Sociais e Relações Internacionais e vem participando efetivamente de todos os fóruns, mostras de iniciação científica de pesquisa e extensão do ICS e dos simpósios do Instituto de Ciências Sociais, que têm repercussão nacional e que, neste ano, vai para a sua quinta versão, com o tema: Meio Ambiente e Direito à Vida.
A ESS, hoje, integra importantes grupos de pesquisa vinculados ao CNPq e à Fapemig, como o grupo Pesquisa Política Social: institucionalidades e cotidiano (CNPq), que desenvolve pesquisas e estudos sobre política social e suas interfaces com as demais políticas públicas, e o Grupo Interdisciplinar de Pesquisa e Extensão Direitos Sociais e Migração (CNPq), que realiza atividades de pesquisa e extensão na temática da migração internacional, com foco nos direitos sociais dos migrantes e de suas famílias.
Vale sublinhar, ainda, a participação da ESS no Grupo de Estudos Distribuição Espacial da População (Gedep/CNPq), do Programa de Pós-graduação em Geografia que, em sólida parceria, já realiza pesquisas na área da migração internacional desde 2010. Em 2014, a ESS foi convidada a integrar o Observatório Internacional da Migração do Estado de Minas Gerais (OBMinas), uma parceria entre a PUC Minas e várias instituições como a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg), o Centro Zanmi, entre outras.
Recentemente, fomos nomeadas pelo reitor da PUC Minas, Dom Joaquim Mol, como membros titulares do Comitê Estadual de Atenção ao Migrante, Refugiado e Apátrida, ETP e ETI (Comitrate), criado pela Secretaria Estadual de Direitos Humanos de MG.
Outras pesquisas relevantes foram e estão sendo realizadas pela ESS. Entre elas se destaca uma que espelha nosso permanente compromisso com o diálogo com estudantes e docentes: o Diagnóstico sobre Processo Ensino/Aprendizagem, realizado no ano de 2014. O foco de análise foi o contexto das condições objetivas e subjetivas constituintes dos meios nos quais professores e alunos interagem no ambiente educacional. Analisar essas condições foi, também, uma forma de prospectar intervenções cotidianas, considerando as diferentes percepções dos sujeitos sobre o processo ensino- aprendizagem desenvolvido no CSS.
Antiga sede da Escola de Serviço Social.
Aula de Noções de Psiquiatria com o prof. Haley Alves.
Outra pesquisa relevante para a ESS e para nossa categoria profissional é a que estamos desenvolvendo em parceria com o Cress-MG: Expressões de Assistentes Sociais sobre a dimensão técnico-operativa no exercício profissional, com término previsto para 2016, e cujo objetivo é conhecer, sob a ótica de profissionais de Serviço Social, as formas de desempenho da competência profissional, com ênfase na dimensão técnico-operativa e sua relação com as demais dimensões do exercício profissional. Esperamos que esta pesquisa subsidie novas propostas de cursos de extensão e de especialização, visando ao aperfeiçoamento dos assistentes sociais nos diferentes campos de atuação.
Narrar a história da ESS da PUC Minas é falar de pessoas de expressão comprovada e de uma ética humanístico-social incomparável, e, para quem, aqui, expressamos nossa sincera gratidão. De forma especial, agradecemos ao inesquecível padre Agnaldo Leal, pela iniciativa pioneira, e às professoras que, um dia, dedicaram, generosa e competentemente, parte de seu tempo e de suas vidas para construir a história de uma profissão nova, a de Assistente Social. São elas: Haydeé dos Reis Castro, Modesta Manoela Lopes, Lydia Carvalho do Espirito Santo, Yá Machado, Ana Adelina Lins, Leila Lima Santos, Rosinha Borges Dias, Maria Beatriz Ribeiro de Oliveira Gonçalves, Maria Nadir Salles do Amaral Militão, Ruth Necha Myssior, Maria Helena Godinho, Yara Maria Frizzera, Maria Raquel Lino de Feitas, Debora David da Luz e tantas outras que compuseram as equipes dirigentes dessa Escola, pessoas tão diferentes, mas com um sério compromisso em comum: o enfrentamento dos problemas sociais e da educação.
Faz parte da tradição da ESS a renovação permanente, por meio do acompanhamento dos movimentos da sociedade, sempre vinculando o projeto ético-político profissional, tanto no campo da formação quanto no campo da atuação. Faz parte da tradição da Escola primar pela expressão dos estudantes. Enfim, compreendemos que o elo entre tradição e renovação é o compromisso de buscar o novo, com a defesa dos direitos e a busca da valorização da vida, ou melhor, a luta constante em defesa do acesso aos direitos sociais como fundamento de dignidade humana.