Tecnologia Força no pedal
Protótipo de bicicleta transforma
energia mecânica em elétrica
“Ela é mais pesada que uma bicicleta tradicional, pois a partir do momento que se começa a pedalar e gerar energia, o alternador cria uma força contrária. Meu próximo estudo é tentar deixá-la mais leve para pedalar”
Gustavo SoaresO que para alguns seria apenas ferro velho, a antiga bicicleta do pai, abandonada nos fundos da empresa da família, foi para Gustavo Soares Tonucci o começo de uma iniciativa ecologicamente correta: uma bicicleta que gera energia elétrica. A proposta do trabalho do aluno do quarto período do Curso de Engenharia de Produção, da Unidade Barreiro, é que, além da prática da atividade física, as pedaladas gerem energia suficiente para conectar aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos de pequeno porte, como celular, câmera digital, liquidificador e batedeiras.
A inspiração para o projeto veio da crise energética que o País vem sofrendo e da preocupação cada vez maior com a saúde. “Comecei a ler e a pesquisar na internet sobre fontes de energia renováveis e me deparei com uma bicicleta desse tipo que já tinha sido desenvolvida. Decidi fazer uma para verificar se o projeto seria viável e eficaz”, conta Gustavo. E deu certo. A bicicleta foi apresentada, pela primeira vez, na Mostra Tecnológica do Instituto Politécnico (Ipuc) da Universidade, em novembro do ano passado.
Para a concepção do protótipo da bicicleta, que é estacionária, Gustavo contou com a orientação do professor do curso Felipe Lage Tolentino e com a ajuda de engenheiros e mecânicos da empresa da família, uma retífica de motores. “Ela é composta por uma correia que liga a roda traseira da bicicleta a um alternador, que gera energia e transforma a energia mecânica em elétrica. No momento em que a pessoa pedala e gira a roda traseira acoplada ao alternador, ele gera uma corrente, que é ligada na bateria para abastecê-la. Ou seja, ele alimenta a bateria, onde a energia é depositada”, disse.
Armazenada em uma bateria de carro de passeio, a energia gerada pelas pedaladas é compatível com a quantidade de pedaladas e condicionamento físico de quem a está usando: um atleta vai gerar mais energia que uma pessoa sedentária. Para conferir se a bateria está carregada, Gustavo conectou à bateria cinco lâmpadas que apontam quando a carga está diminuindo — as lâmpadas perdem luminosidade, mostrando que é preciso pedalar outra vez para gerar mais energia.
Apesar da eficácia, Gustavo relata a necessidade de aprimoramento para torná-la mais eficiente. “Ela é mais pesada que uma bicicleta tradicional, pois a partir do momento que se começa a pedalar e gerar energia, o alternador cria uma força contrária. Meu próximo estudo é tentar deixá-la mais leve para pedalar. Além do design em si, que não foi pensado, só peguei componentes e montei”, explica.
Os planos do aluno não param por aí. “Tenho a ideia de montar esse sistema em uma bicicleta ergométrica para verificar se o funcionamento é o mesmo, se fica mais leve. Pretendo implantar essas bicicletas em salas de spinning. O ideal seria ligar o ventilador, o som e as lâmpadas desses lugares com a própria energia que as bicicletas geram”, completa.