Publicidade e Propaganda Luz, câmera, escola

Projeto estimula a produção de vídeos a partir de dispositivos móveis

Os celulares dos estudantes frequentemente são encarados como inimigos em sala de aula, mas o objetivo do projeto de extensão Luz, Câmera, Escola, desenvolvido pelo campus Poços de Caldas, no Sul de Minas, junto a instituições de ensino e entidades beneficentes da cidade, é exatamente o contrário: usá-los como aliados na educação. Estudantes dessas instituições produzem curtas-metragens de cerca de um minuto de duração, utilizando apenas dispositivos móveis, como os celulares, sobre temas diversos, desde questões comunitárias, como falta de saneamento básico, até ficção científica. Para isso, são oferecidas oficinas de 16 horas de duração, com conteúdo direcionado ao tema do audiovisual, como história do cinema, produção de roteiro e edição de vídeo. As oficinas são ministradas por monitores, sob a supervisão de professores do Curso de Publicidade e Propaganda. Ao final, os curtas são postados na internet, na página do Youtube. As aulas práticas correspondem a 70% do curso, e os alunos aprendem como produzir, captar e editar um vídeo.

A primeira fase do projeto atendia apenas alunos dos ensinos médio e fundamental de escolas particulares e públicas de Poços de Caldas. Atualmente, além de estudantes, as oficinas são ministradas para professores do Curso de Pedagogia do campus, com o objetivo de capacitá-los a lidar melhor com a tecnologia e usá-la como ferramenta de aprendizagem. “É um caminho sem volta, essas tecnologias estarão cada vez mais presentes na sociedade”, diz o coordenador do projeto e professor do Curso de Publicidade e Propaganda, Pablo Moreno Fernandes Viana.

O número de alunos atendidos saltou de 400 em 2014 para 800 em 2015. A novidade deste ano para o projeto é a criação de um aplicativo, com todo o conteúdo teórico e prático das oficinas, que está sendo desenvolvido em parceria com o Curso de Ciência da Computação do campus. O sucesso do projeto Luz, Câmera, Escola também se explica pelo interesse dos próprios jovens na produção de conteúdo. “Eles ficam 24 horas com o celular, que tal usar uma hora para produzir algo interessante?”, propõe a professora Mara Gonçalves, da Escola Estadual David Campista. A mesma escola onde Silas Ferreira de Barros Barbosa, de 22 anos, hoje aluno do Curso de Publicidade e Propaganda e monitor do projeto, estudou durante todo o ensino médio: “O primeiro dia que dei aula na mesma escola onde estudei foi o momento mais gratificante da minha vida”. Um dos alunos de Silas é Fábio Alves, de 16 anos, que produziu um vídeo sobre a falta de saneamento básico no bairro onde mora.

A oficina começa com o conhecimento histórico da linguagem cinematográfica e como ela está relacionada ao contexto político de cada época. “Mostramos como na Alemanha pré-nazismo, depois da Primeira Guerra Mundial, os filmes de terror representam, de certa maneira, o espírito do povo alemão, ou na União Soviética comunista, por exemplo, na qual a edição do cinema vai servir para construir sentido ideológico a favor do comunismo”, diz o coordenador do projeto. E foi esta perspectiva histórica que ajudou Brenda Barzagli, de 16 anos, a se decidir pelo Curso de Publicidade e Propaganda da PUC Minas. “Estava na dúvida entre cursar Medicina Veterinária, Psicologia ou Publicidade. A oficina me abriu horizontes e despertou minha curiosidade para esta área.”