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Acolhimento Rede Acolhedora

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Movimento busca ampliar as possibilidades de escuta no ambiente acadêmico

Não são apenas as pessoas com sofrimento mental crônico que passam por uma crise emocional. Ansiedade, dúvidas e angústias podem ser vividas por qualquer cidadão e em diversos momentos ao longo da vida. Buscando ampliar as possibilidades de escuta no ambiente acadêmico, o Campus Betim estabeleceu a Rede Acolhedora, um movimento formado por professores e funcionários.

“A rede não está instalada em um local fixo. Ela é um movimento de atenção ao outro, que, de certa forma, sempre existiu, mas que, agora, formalizamos, com encontros entre os acolhedores para troca de experiências”, explica o coordenador da Pastoral Universitária, professor Helder de Souza.

A ideia surgiu a partir do relato de funcionários e professores sobre situações vivenciadas com alunos: no Posto Médico, por exemplo, as funcionárias começaram a perceber que alguns alunos apresentavam sintomas frequentes, como dores de cabeça. “O que identificamos é que esses estudantes, ao serem questionados sobre a frequência de uso dos medicamentos, e se haviam procurado um especialista, revelavam questões por trás daquele sintoma, como um problema familiar”, aponta a funcionária do Posto Médico, Aline Sales Pinto. O mesmo acontece na Biblioteca do Campus. “Percebemos mais frequentemente esta angústia aos finais de semestre, por ser um momento academicamente decisivo, e que pode gerar desconforto emocional em alguns estudantes”, aponta a funcionária Sarah Pereira Rodrigues.

Estão à frente da rede o Núcleo de Apoio Pedagógico Psicológico (Nupsi), o Núcleo de Apoio Pedagógico (NAP), a Pastoral Universitária, o Posto de Saúde e a Biblioteca do Campus, setores que estão em constante contato com alunos, professores e funcionários. “Para ser um acolhedor, não é preciso se inscrever e nem ser um profissional da área da saúde mental. As pessoas que participam se apresentam como indivíduos disponíveis e presentes, sem necessariamente serem detentores do conhecimento técnico, e que atuam de onde estiverem”, afirma a professora Karla Nunes, umas das coordenadoras da rede. “Muitas vezes, uma pessoa não precisa de um acompanhamento psicológico prolongado, mas, sim, de um momento de escuta, de desabafo. Mas caso haja a percepção de que pode ser preciso uma intervenção técnica- psicológica, sugerimos a procura ao Plantão Psicológico do Nupsi, aqui em Betim”, complementa.

Atendimento de urgência subjetiva

O Plantão Psicológico é um atendimento de urgência subjetiva, destinado aos professores, alunos e funcionários do Campus Betim. No ano passado, o plantão realizou 259 atendimentos. “Muitas vezes as pessoas não podem resolver o problema do outro, mas uma conversa pode mudar o sofrimento alheio. Por isto, sempre digo que uma demanda acolhida nem sempre é uma demanda atendida, mas ainda assim faz toda a diferença”, afirma a professora Karina Fidelis, do Curso de Psicologia.

Um local muito frequentado por alunos e funcionários é a Pastoral Universitária, que fica no Centro de Espiritualidade Jesus Misericordioso. “Nossas portas estão sempre abertas para um bate-papo e troca de experiências, seja para demandas de cunho espiritual ou emocional”, aponta o professor Helder de Souza. Um destes momentos propostos como atividade regular da Pastoral é o Grupo de Vivência; um encontro mensal, em que não há temática pré-definida para discussão. “Colocamos algumas palavras soltas sobre a mesa, e cada participante escolhe um tema para falar e partilhar experiências. Recebemos, com frequência, estudantes que vieram do interior de Minas ou de outros estados”, complementa.

Renan Viana Garcia, 23 anos, natural de Pindamonhangaba, interior de São Paulo, veio morar em Betim para estudar no Campus e reforça a Pastoral como um espaço de acolhimento: “Consegui o benefício do Prouni para o Curso de Psicologia. Desde o dia em que cheguei para a entrevista da bolsa, pude sentir a rede de acolhimento do Campus. Nesse dia, conheci a Pastoral Universitária, um dos setores da PUC Betim que se coloca à disposição do aluno no que tange à sua inserção social e acadêmica no Campus”. Renan continua frequentando as atividades da Pastoral, e a define como “um lugar que propicia o sentimento de pertencimento e abre possibilidades para você criar redes afetivas com pessoas do seu curso ou mesmo de outros cursos”.

 

Níveis de ansiedade no Brasil

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil tem o maior número de pessoas ansiosas do mundo: 18,6 milhões de brasileiros, o que equivale a 9,3% da população, convivem com o transtorno

Texto
Lorena Scafutto
Foto
Raphael Calixto
Renan Viana Garcia, aluno do Curso de Psicologia, conta que pôde sentir a rede de acolhimento desde que chegou ao Campus ; na foto, com o professor Hélder de Souza, coordenador da Pastoral Universitária em Betim
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