Diálogos Sobressaltos na educação
“O programa de financiamento estudantil tornou-se sinônimo de frustração para centenas de milhares de famílias e um pesadelo para as instituições que aderiram ao programa”
Prof. Dom Joaquim Giovani Mol GuimarãesReitor da PUC Minas
Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte
2016 anuncia-se como mais um ano de profundos desafios para a sociedade brasileira. Desde a busca de mais ética e transparência na política e do compromisso dos governantes em oferecer respostas mais efetivas e rápidas às necessidades fundamentais e anseios da população menos favorecida até o imperativo de que, não menos urgentemente, repensemos as políticas públicas por meio dos quais o Estado brasileiro se faz presente na sociedade.
Se, por um lado, poucos avanços foram observados em áreas como da saúde e da segurança pública, por outro, a população viu, em 2015, infelizmente, praticamente ruírem diante de si programas públicos que sinalizaram para os mais carentes uma real possibilidade de inclusão social. Falamos aqui, especificamente, do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Pode-se dizer que a educação privada experimentou neste ano que se encerra os sobressaltos das incertezas na condução e a falta de equacionamento para os devidos repasses dos pagamentos de serviços já prestados para o governo federal. Durante todo o ano que passou, a sociedade brasileira acompanhou intensamente como o programa de financiamento estudantil, sinalizado para a população como a possibilidade de concretização do sonho de acesso à educação de qualidade, tornou-se sinônimo de frustração para centenas de milhares de famílias e um pesadelo para as instituições que aderiram ao programa. Não é incorreto e nem exagerado afirmar que o Fies tornou-se hoje uma experiência marcada pelo tratamento desrespeitoso para com o cidadão que busca tal benefício, pela falta de parâmetros na distribuição de seus recursos e pela inadimplência que coloca em risco mesmo a sobrevivência de instituições de ensino.
A PUC Minas adotou como mote de suas campanhas institucionais a frase “A hora de acreditar é agora”. Até porque as crises, ciclicamente, vêm e vão. Mas a educação é um processo contínuo em que, no presente, instalamos as bases de um país que está por vir. O principal registro e o sentimento que devem prevalecer, no entanto, são os de estímulo, de otimismo, de disposição para avançarmos pelos caminhos que dignamente construímos nas últimas décadas e por tantos outros que percorreremos.