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Inovação Cultura maker

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Micke Gomes produziu conectores por meio de impressora 3D

Aluno do Curso de Arquitetura e Urbanismo cria conectores para facilitar a produção de mobiliários

Você gostaria de colocar a mão na massa e construir, consertar, modificar e fabricar os seus próprios objetos de forma personalizada? Em um mundo onde existe uma farta fonte de vídeos e tutorias de passo a passo na internet, a cultura maker ganha sua força. Uma extensão do Faça Você Mesmo, ou como é mais conhecido, o Do It Yourself (DIY), essa cultura tem como base a ideia de que pessoas comuns podem criar os mais diversos objetos com suas próprias mãos. Foi com o objetivo de unir fabricação digital, arquitetura e cultura maker que Micke Rogério Gomes, aluno do 6º período do Curso de Arquitetura e Urbanismo, criou conectores para facilitar a produção de mobiliários.

Os conectores são modelados digitalmente e fabricados em impressoras 3D através de um plástico de poliácido láctico (PLA), que é biodegradável, reciclável, bastante versátil e resistente. A pesquisa, desenvolvida através do Programa de Bolsas de Iniciação Científica (Probic PUC Minas) e no Laboratório de Experimentação em Fabricação Digital (Lefad), do Curso de Arquitetura e Urbanismo, teve seu início quando Micke ainda estava no terceiro período e quis desenvolver algo na área de arquitetura relacionada à tecnologia.

A ideia surgiu a partir de uma discussão, entre professores e alunos do grupo de pesquisa do qual Micke faz parte, o Design e Fabricação Digital, sobre como as pessoas podem construir seus próprios móveis a baixo custo. “A ideia de produzir esses conectores é para que as pessoas possam usá-los para montar o móvel de que precisam, com a dimensão de que necessitam, sem necessidade de manipular ferramentas específicas e usando apenas a criatividade que elas possuem”, diz Micke, que ainda ressalta que esses conectores substituem técnicas complexas, dando direcionamento para o material que for usado, sem precisar de conhecimento prévio.

De acordo com o aluno, esses objetos foram submetidos a testes de resistência tanto em situações normais quanto a testes de resistência física no Laboratório de Conformação Mecânica do Curso de Engenharia Mecânica, onde foram colocados em uma prensa hidráulica e pressionados até o rompimento. O resultado foi um conector que tem em torno de 20 gramas e suporta uma carga de uma tonelada.

Segundo o professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo, vice-líder do grupo de pesquisa Design e Fabricação Digital e coordenador do Lefad, Sergio de Lima Saraiva Júnior, fazer esses testes mostra que a pesquisa em arquitetura começa a ser mais científica, e envolvê-la com outros departamentos é um dos pontos que fazem o estudo do Micke ser único, inovador e interessante. “Se o objeto produzido com os conectores for uma mesa, ele não pode apenas parecer uma mesa, tem que funcionar assim. Por isso é preciso fazer os testes para descobrir se rompe, quando e como. É fazer aquele objeto não só como protótipo e focar em como esse sistema atende uma demanda real em um produto real”, diz.

O triunfo da pesquisa de Micke é evidenciado pelo prêmio que ganhou no Seminário de Iniciação Científica da PUC Minas, na área de Ciências Sociais Aplicadas, em 2017. O líder do Design e Fabricação Digital e orientador da pesquisa, professor Diogo Ribeiro Carvalho, comenta que “o sucesso da pesquisa é evidente pelo fruto do esforço do Micke e pela implantação do Lefad. A PUC Minas investiu em um ambiente criativo e estimulante, que fizemos questão de construir”, diz o professor. “Sem esse investimento, sem essa bolsa, o Micke não iria conseguir fazer essa pesquisa. Então, é fundamental que a Universidade continue investindo nesses estudantes, porque são eles que vão dar frutos lá na frente”, diz.

Texto
Júlia Mascarenhas
Foto
Raphael Calixto
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