revista puc minas

Extensão Esforço pela qualificação

Parceria entre Campus Contagem e Coep promove desenvolvimento social por meio da oferta de cursos profissionalizantes

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Deisimar Campos realizou um sonho antigo: fez o curso de costura promovido pelo Coep

No fim do ano passado, Deisimar Campos realizou um desejo antigo. A auxiliar de serviços gerais tira o seu sustento das faxinas que realiza, mas, durante 2015 e 2016, ela pôde aprender o trabalho que sua mãe exercia: a costura. Por meio de um curso gratuito ofertado na Associação Comunitária da Vila Beatriz, bairro do município de Contagem, onde mora, ela ganhou uma nova perspectiva de trabalho e de futuro. “Eu tinha curiosidade de aprender a costurar porque minha mãe era costureira, mas ela nunca teve máquina, fazia tudo à mão. Quando surgiu a oportunidade, eu ‘entrei de cabeça’, pois, queria aprender esse ofício”, conta. Aprender noções básicas, como medidas e moldes, foi o primeiro passo para a realização de um sonho: usar esse trabalho para ajudar outras pessoas. “Eu estou conhecendo um mundo novo agora. Eu sonho em fazer outros cursos para me aprimorar mais, abrir uma sala de costura e, se eu puder ajudar a comunidade através deste trabalho, vai ser bem legal”, idealiza.

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Ederson Xavier, funcionário do Campus Contagem, com a professora Viviane: oportunidade de aprimorar o próprio ofício

Já o técnico em manutenção Ederson Pereira Xavier não está em busca de recolocação no mercado de trabalho, mas procura se qualificar para desempenhar cada vez melhor a função no seu emprego. Funcionário da PUC Minas há 17 anos, no setor de Divisão de Patrimônio, Limpeza e Conservação, vinculado à Pró-reitoria de Logística e Infraestrutura, ele viu no curso profissionalizante de instalações elétricas, ofertado no Campus Contagem, a oportunidade de aprimorar o seu ofício. “Eu trabalho com a pasta referente à manutenção e conservação de elevadores e optei participar do curso porque me possibilitaria melhor entendimento sobre instalações e circuitos elétricos”, explica. A iniciativa foi apoiada por sua supervisora, que flexibilizou seu horário de trabalho para que pudesse participar das atividades. “O curso me proporcionou o esclarecimento de conceitos importantes relacionados à energia elétrica e dispositivos de proteção, e eu utilizo o conhecimento adquirido na minha rotina de trabalho”, conta Ederson.

Tanto o curso de costura feito por Deisimar na associação do seu bairro quanto o de instalações elétricas feito por Ederson na PUC Minas Contagem são promovidos pelo Comitê de Entidades no Combate à Fome e pela Vida, o Coep. Desde 2012, o Campus, por meio da sua coordenação de Extensão, é parceiro do Comitê, que promove ações voltadas ao desenvolvimento econômico e social do município, por meio da qualificação profissional. Além de cursos profissionalizantes, há também cursos de informática, auxiliar administrativo e panificação, palestras sobre empreendedorismo nas associações de bairro assistidas pelo Comitê, entre outras atividades.

Para traçar essas ações, o Coep promove reuniões mensais com instituições parceiras (públicas e privadas, atuantes em Contagem) e representantes das associações dos bairros beneficiados pelos projetos. “É interessante porque tem o lado dos que estão, de alguma forma, buscando uma solução para as desigualdades, como tem os próprios moradores das regiões em situação de vulnerabilidade”, opina a professora Gláucia Pinheiro, coordenadora de Extensão do Campus Contagem, representante da Universidade nesses encontros.

A parceria é uma via de mão dupla: além da participação nas reuniões do grupo estratégico, o Campus colabora na divulgação dos cursos, auxilia nos processos de inscrição e cede espaço para a realização de atividades; e alunos e professores participam de práticas extensionistas como palestras e projetos nas associações assistidas – a empresa júnior do Curso de Administração, por exemplo, elaborou todo o projeto de implantação do Centro de Reciclagem da Associação do Bairro Bela Vista, hoje em funcionamento.

Em contrapartida, o Coep divulga em seus meios as inscrições para a participação da comunidade nos projetos de extensão desenvolvidos no Campus, como a Universidade Aberta ao Idoso (Unai), projeto para pessoas com mais de 55 anos que oferece palestras, oficinas e cursos que podem ser utilizados para a produção de renda, além de atualizar informações sobre questões do envelhecimento; o Espaço Dignidade e Cidadania, dedicado à promoção de cidadania a jovens em situação de vulnerabilidade social; e o curso de instalações elétricas prediais, que surgiu a partir de uma demanda do próprio Coep.

Parceria benéfica para todos

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A professora Gláucia Pinheiro, coordenadora de Extensão do Campus Contagem

Entre 2013 e 2014, a PUC Minas Contagem participou, como prática extensionista dos cursos de Engenharia Elétrica e de Sistemas de Informação, da instalação da infraestrutura elétrica e da rede do telecentro da Associação da Vila Beatriz. A partir deste contato com a comunidade, surgiu a demanda do curso não só da Vila Beatriz, mas também de outras associações de bairro. Foi aí que a professora Viviane Carvalho vislumbrou a possibilidade de transformar a atividade em um projeto de extensão, de forma que os alunos do Curso de Engenharia Elétrica pudessem oferecer qualificação na área de instalações elétricas.

Com divulgação e encaminhamento de participantes pelo Coep, já foram feitas cinco turmas com 18 alunos cada uma. Cinquenta e seis alunos já concluíram o curso, entre eles, Ederson Xavier, totalizando um montante de 62% entre os inscritos. “Esse projeto teve como foco melhorar as chances no mercado de trabalho para jovens e adultos carentes e, por meio dele, a PUC Minas pode cumprir a sua missão institucional e fortalecer as parcerias entre Universidade, empresa e comunidade”, defende Viviane.

A professora Gláucia Pinheiro concorda que a parceria é benéfica a todos os envolvidos. “É importante para a Universidade, que tem esse papel social no entorno de onde ela está inserida, e principalmente para o aluno, porque ele pode adquirir vivências que vão além do ensino, tendo a oportunidade de aplicar seu conhecimento em atividades que vão trazer benefício para a comunidade”, defende.

Transformando realidades

Idealizado pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, em 1993, o Comitê foi criado com o objetivo de reunir empresas para somar esforços na articulação e na implementação de ações voltadas para o combate à fome e à miséria. Hoje pode ser definido como uma rede de organizações que busca transformar uma realidade por meio do envolvimento dos indivíduos e que tem sua atuação direcionada para três grandes temas: erradicação da miséria; meio ambiente, clima e vulnerabilidade; e participação, direitos e cidadania. Atualmente, são 27 comitês estaduais, um em cada unidade federativa do país, e 29 municipais, que atuam articulados a mais de mil organizações públicas e privadas para a promoção de iniciativas que visam desenvolvimento humano e social.

Em 2007, o trabalho chegou em Contagem, tendo suas atividades coordenadas pelo Centro Industrial e Empresarial de Minas Gerais (Ciemg), com o enfoque em promover ações que visem capacitar as pessoas para o mercado de trabalho e, assim, colaborar para o desenvolvimento econômico e social do município. “O objetivo é melhorar a qualidade de vida e a renda dos moradores de comunidades de baixa renda do município de Contagem por meio do trabalho”, enfatiza Martha Lassance, presidente do Coep Contagem.

Entre as principais frentes de trabalho do Comitê no município, está a oferta de cursos profissionalizantes. “Só temos registros a partir de 2012, mas, desde então, já capacitamos mais de oito mil pessoas”, afirma Martha. A viabilização dos cursos é uma ação conjunta do Coep com instituições parceiras. Desde 2012, a PUC Minas Contagem é uma das colaboradoras.

Texto
Lívia Arcanjo
Fotos
1Rossana Magri
2Raphael Calixto
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