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Sustentabilidade Eficiência energética

O grupo buscou uma alternativa acessível para reaproveitar a energia dissipada pelo escapamento do motor

Dispositivo reaproveita energia, possibilitando economia de combustível

Os inúmeros avanços tecnológicos do século XXI parecem insuficientes para suprir as necessidades de preservação ambiental e economia de insumos em nosso planeta. No caso dos automóveis, a otimização dos motores já atingiu níveis elevados em termos de potência e economia de combustível, mas ainda é preciso buscar alternativas para reduzir o consumo energético dos veículos.

Buscando prover avanços neste campo, um grupo de estudantes dos cursos de Engenharia Mecânica e Engenharia Mecatrônica, estimulado pela Fiat, elaborou um conversor de energia térmica em energia elétrica para reaproveitar a energia dissipada pelo escapamento do motor em forma de calor para acender os faróis do veículo. “Esse efeito que transforma a energia térmica em elétrica, chamado Seebeck, já é conhecido, no entanto, não é aplicado da forma que implementamos no projeto. É uma excelente alternativa para otimizar o gasto energético do veículo, reduzindo o uso de combustível e a emissão de gases poluentes”, explica o aluno Samuel Faria Arantes, um dos responsáveis pelo trabalho, orientado pelo professor Nilson de Figueiredo Filho. Segundo ele, como a energia da bateria é garantida a partir da movimentação do carro, que exige o consumo de gasolina ou etanol, a utilização de outra fonte para alimentar energeticamente os faróis do veículo é uma alternativa para reduzir os gastos com combustível.

O conversor de energia térmica em energia elétrica utilizado pelo grupo foi feito a partir de pastilhas semicondutoras, segundo o professor Nilson. De acordo com o aluno Raphael Penido de Sousa, participante do projeto e aluno do 10º período de Engenharia Mecânica, menos de 30% da energia proveniente do combustível é convertida em energia para locomoção de um veículo, de forma que o restante da energia é dissipada em forma de calor, atrito e barulho do veículo, além de diversas outras formas. “Escolhemos trabalhar com a energia térmica dissipada, ou seja, o calor, pela viabilidade de utilizar o dispositivo na conversão para a energia elétrica, pois é um dispositivo leve e pequeno que pode ser facilmente acoplado à parte interna do veículo. O projeto reaproveita uma energia que seria dissipada, o que é uma vantagem para o consumidor, pois irá sentir essa diferença no bolso”, afirma.

A praticidade e o baixo custo da implementação do dispositivo também foram determinantes na escolha do efeito Seebeck para promover o aproveitamento da energia. “Nos primeiros dez minutos de funcionamento do motor, enquanto ele ainda não esteja suficientemente quente, os faróis utilizam o sistema convencional de alimentação elétrica do veículo. Depois disso, já podem ser alimentados pela energia elétrica produzida pelo conversor. O custo para a montadora também seria bem baixo, cerca de 10% do valor que arcamos na produção do protótipo”, explica o aluno Bernardo Oliveira Camargo, que participou da elaboração do projeto e cursa o 10º período do Curso de Engenharia Mecânica. De acordo com ele, o protótipo teve um custo de aproximadamente R$300.

Para Arthur Coura, do Curso de Engenharia Mecatrônica e integrante da equipe responsável pelo trabalho, a proposta de melhorar a eficiência energética dos veículos está alinhada às exigências dos consumidores, que hoje, além de buscarem beleza e conforto nos carros, também prezam por economia e respeito às leis ambientais.

Texto
Lídia Lima
Foto
Marcos Figueiredo
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