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Bartolomeu Campos de Queirós

Entre a banalidade e a malignidade do mal
Pode-se dizer que o mal, desde a modernidade, se tornou o grande problema da flosofa ocidental. Há uma profunda discussão em Hannah Arendt, sobre a banalidade do mal (ver Eichmann em Jerusalém). Arendt nos mostra que o cometimento do mal pode, mesmo em situações agudas e catastrófcas, resultar de uma irrefexão, de um afastamento da realidade que, por si só, pode causar mais estragos que todos os instintos malignos em conjunto.
Não há como não pensar no mal e na malignidade do mal quando refetimos sobre os rumos que tomou a política brasileira e os efeitos de uma histórica conduta elitista, corrupta e descompromissada com o bem comum. E quando vemos que atores da política desconhecem o sentido da coisa pública, buscam apenas benefícios para si e seus grupos e atuam para manter dezenas de milhões em situação de miséria em proveito de enriquecer os 1% mais ricos é de se perguntar: a política brasileira deve ser pensada pelo viés da banalidade do mal ou da malignidade do mal? Se o mal tem sido entendido como ausência de ética e da própria bondade, ele se manifesta, ao mesmo tempo, como uma pergunta e uma resposta, como pontua Roger Silverstone.
Retomando Arendt, para ela, o pensamento é que pode nos libertar, a todos, dos “perniciosos sonhos da onipotência”. Entender isso é acolher a ideia de que qualquer forma de totalitarismo é uma manifestação do mal e o que ele faz é negar o político. O político, em seu sentido ideal, da res publica. A sensação é de que há décadas vimos legitimando, pelo voto, encenação democrática pífa em suas garantias, um tipo de representação política que, de modo pendular, oscila nos exercícios banal e maligno do mal. Só o pensamento e a consciência, como destaca Arendt, podem nos libertar do mal que, de algum modo, gerações de nós vêm fazendo a nós mesmos.
Boa leitura.
Prof. Mozahir Salomão Bruck
Secretário de Comunicação