Atuação versátil

Engenheiros de Produção conquistam espaço no mercado digital
Raul e João Gabriel aplicaram conceitos da Engenharia de Produção em projeto para a Santa Casa de Poços de Caldas | Foto: Fernanda Garcia

Que a Engenharia de Produção é um curso dinâmico, não há discussão. Versátil, a formação abrange áreas que percorrem desde o chão de fábrica até o desenvolvimento de tecnologias de ponta, passando ainda por setores gerenciais e de recursos humanos. Contudo, uma área que tem se destacado no campo de trabalho para futuros profissionais é o mercado digital.

Atento às tendências do mercado de trabalho, o Curso de Engenharia de Produção tem capacitado profissionais para novos desafios da área. O Prof. Dr. Roberts Reis, membro do Núcleo Docente Estruturante (NDE) do Curso na Praça da Liberdade, explica que a profissão agrega grandes linhas de atuação, a destacar as áreas de Logística, Gestão de Operações, Pesquisa Operacional, Economia e Finanças, e, em especial, a de Desenvolvimento de Produtos. É nesta última que o mercado digital ganha força, permitindo que os profissionais tenham um amplo campo de atuação.

“A área de Desenvolvimento de Produto está muito demandada pelo mercado digital, em especial para desenvolvimento de produtos digitais”, aponta. Dentro desse ramo, são muitas as possibilidades que se abrem ao engenheiro de produção: “Na área de Gestão de Dados, por exemplo, ele pode atuar em cargos como Product Manager (gerente de produto) e Scrum Master (facilitador de projeto). No atendimento ao cliente, existe o Business Partner (parceiro de negócios); e também nos trabalhos tipo low-code ou no-code (baixa ou nenhuma programação)”, exemplifica.

Professor Matheus Luiz: “O mercado digital envolve uma série de elementos que vão além do desenvolver e rodar os sistemas, e esses processos não são abordados em diversas formações mais técnicas” | Foto: Guilherme Simões

Profissional diferenciado

Em meio às possibilidades oferecidas pelo mercado digital, os engenheiros de produção se destacam devido à versatilidade permitida pela profissão. Além de executar um projeto, os profissionais têm um amplo campo de atuação na gestão de pessoas e processos, o que os habilitam de forma diferenciada.

Para o Prof. Dr. Matheus Luiz, Coordenador do Curso na Unidade Praça da Liberdade, esse é o fator que mais contribui para o destaque que os profissionais estão recebendo no mercado digital. “Existia uma concepção de que o mundo digital é um espaço apenas para desenvolvedores. E, na verdade, existem vários processos importantes que a Engenharia de Produção busca capacitar, como variáveis de negócios, de gerenciamento de pessoas, gestão de qualidade e produtividade, entre outras”, diz. “O mercado digital envolve uma série de elementos que vão além do desenvolver e rodar os sistemas, e esses processos não são abordados em diversas formações mais técnicas”, explica.

Para Tiago Botelho, recém-formado, a Engenharia de Produção foi a escolha certa para seu caminho profissional. “Cheguei a cursar Engenharia de Software por um ano, mas no segundo período vi que não era meu objetivo de carreira. Porém, a parte gerencial e metodológica me chamou atenção. Por isso, entrei na Engenharia de Produção”, relata. Ele conta que as formações teóricas e prática oferecidas foram essenciais para seu desenvolvimento. “A parte gerencial embasa para termos o pensamento lógico e auxiliar nas tomadas de decisões. Temos algumas disciplinas com foco em desenvolvimento de produto tradicional e digital, além da possibilidade de trabalhar com grupos de pesquisa”, diz. Para complementar a formação, após a formatura, Tiago ingressou no Curso de Especialização em Analytics e Business Intelligence, oferecido pelo Instituto de Educação Continuada (IEC) da PUC Minas.

Também para Juliana de Souza, recém-formada, a participação em grupos de pesquisa durante a graduação auxiliou na decisão de seguir carreira no mercado digital. “Eu escolhi essa área ao final do meu curso, depois que eu entrei no Grupo de Empreendedorismo Tecnológico e Inovação (Geti). Foi ali que descobri minha paixão pelo setor. Foi decisivo em minha formação”, conta.

E, se por um lado, a Universidade prepara o aluno para as diversas possibilidades apresentadas pelo meio digital, do outro, nas empresas e mercado de trabalho, os engenheiros de produção formados pela PUC Minas têm a oportunidade de aplicar, na prática, os conhecimentos adquiridos durante a formação.

A chefe de departamento e coordenadora do Curso de Engenharia de Produção do Campus Coração Eucarístico, Profa. Dra. Andressa Amaral de Azevedo, aponta que a matriz curricular do curso, desde o início, tem o olhar voltado para o empreendedorismo tecnológico, com a tecnologia expressa de forma transdisciplinar e a integração de atividades práticas em laboratórios em diferentes disciplinas. “Além disso, os alunos têm a oportunidade de participar de empresas juniores, como a Ápice Consultoria Júnior”, comenta. “Nós investimos na formação com criatividade, inovação, aprendizagem colaborativa e solução de problemas reais”.

Segundo a coordenadora, diante dos novos cenários tecnológicos, é importante que o profissional saiba construir ferramentas e técnicas necessárias para as demandas. “E esse é justamente o perfil do engenheiro de produção, um profissional inovador e capaz de materializar a tecnologia em processos”, enfatiza.

Para Ana Carolina Paes, Product Manager da IEBT Innovation, o engenheiro de produção funciona como um profissional chave dentro da empresa: “Nós temos áreas distintas para atuações diferentes, e o engenheiro de produção está em todas elas, trabalhando em setores que vão desde a criação de processos, como também do produto em si, atuando no desenvolvimento e qualidade. Nós conseguimos ter uma noção muito ampla de como fazer o trabalho da melhor forma, utilizando várias ferramentas”, conta.

Ex-aluna da PUC Minas, durante seus anos de estudo, Ana Carolina também integrou o Geti. Ela conta que a participação no grupo foi fundamental para sua atuação profissional hoje: “Participar do Geti me proporcionou uma importante base na pesquisa, me ajudando, especialmente, a ser detalhista em meu trabalho. No mercado digital, nós trabalhamos com tecnologia de ponta, e se não temos a habilidade de ler e entender aqueles sistemas, o trabalho não funciona. A pesquisa ajuda na capacidade de detalhar e aprofundar meus conhecimentos”, ela diz.

Aprendendo na prática

Com o propósito de fazer um centro de custos para centro cirúrgico do Hospital Santa Casa, Raul Oliveira e João Gabriel Viana, alunos do Campus de Poços de Caldas, participaram de um projeto para avaliar e otimizar os kits de instrumentos usados nas cirurgias. Contudo, quando começaram a pesquisa, perceberam que não tinham dados suficientes para elaborar o planejamento inicial. “Cada cirurgia requer materiais específicos e o hospital precisa montar os kits; então, foi necessário entender todos os processos para que não faltassem instrumentos”, conta Raul.

Após a coleta de dados, os participantes estudaram maneiras de cruzar e organizar as informações. João Gabriel explicou que precisaram de conhecimentos de programação para conseguir montar o fluxo de kits e, para isso, contaram com a ajuda de outros professores do curso. “Foi diferente aprender fora da sala de aula e pude ver como um engenheiro de produção trabalha numa área diferente. Geralmente, o profissional chega num projeto pronto, mas a Santa Casa ainda não tinha um método. Tivemos, então, que começar do zero. No futuro, se eu precisar de algo assim, já saberei como fazer”, afirma.