Quem passa em frente ao Restaurante Popular Dom Mauro Bastos, às 10h da manhã, já repara algumas pessoas conversando, formando o que mais tarde se tornará uma fila. Por volta das 10h45, perto do horário de abertura, a fila já está enorme. Todos querem garantir um almoço balanceado naquele dia, por apenas R$ 3, um valor bem abaixo do que é cobrado no mercado. Essa é a realidade diária do Restaurante Popular do Barreiro, como é conhecido na região, onde são vendidas cerca de duas mil refeições por dia.
Para entender melhor quem é esse público que almoça no restaurante, o projeto de extensão Indicadores de Impacto do Restaurante Popular do Barreiro realizou uma pesquisa com os usuários do local, com o objetivo de saber o impacto do restaurante na região e o perfil das pessoas que almoçam por lá. O projeto foi coordenado pelo Prof. Dr. Otaviano Francisco Neves, do Curso de Ciências Contábeis da Unidade Barreiro, e contou com a colaboração de quatro extensionistas do Curso de Nutrição, também ofertado na Unidade.
O projeto realizou entrevistas com 400 pessoas que almoçam no restaurante, a fim de coletar informações de renda, cor, sexo, idade, onde moram, quantas refeições realizam, onde iriam almoçar se não houvesse o restaurante, entre outras perguntas. “Essa avaliação ajuda a entender qual o público-alvo do restaurante, contribuindo para ajustar cardápios, além de melhorias físicas e de logística do local”, contou Emanuely Fraga, aluna do Curso de Nutrição e extensionista do projeto.
A pesquisa apontou que grande parte do público do restaurante é de moradores da Região do Barreiro. Muitos frequentadores também são de Contagem, principalmente do bairro Industrial, que fica bem próximo ao restaurante. Moradores de Ibirité também realizam refeições no local, já que parte do município faz limite com bairros do Barreiro. O estudo mostrou ainda que a maior parte dos usuários tem entre 40 e 70 anos, 61% são homens e a maioria possui escolaridade até o ensino médio, com renda inferior a R$ 3 mil. Porém, o público é diverso. “O perfil é bem variado. Não é só a população carente que acessa, o serviço é universal”, comentou o professor Otaviano.
“Ele tem um impacto importante ali. A pesquisa mostrou, inclusive, que existem pessoas que dependem totalmente do restaurante, de modo que, se ele não existisse, elas não teriam como se alimentar”, comentou o coordenador do projeto. A maior parte dos entrevistados frequenta o restaurante pelo menos há dois anos, indo ao local cinco vezes na semana, enquanto 25% também levam refeições do restaurante para comer em casa.
Para o coordenador do projeto, a pesquisa ajudou a identificar grupos e validar informações que a equipe do restaurante possuía. “Conseguimos identificar vários grupos e confirmar algumas suspeitas que eles tinham. Serviu como uma prova quantitativa de informações que eles já tinham noção na prática”, disse. A extensionista Sofia Pedrosa, aluna do Curso de Nutrição, reforçou a importância dos dados para futuras melhorias no serviço. “Acho que a avaliação vai ajudar o restaurante a entender quem é o público e poder atender melhor os frequentadores”, comentou a estudante.
A gerente do Restaurante Popular do Barreiro, Liziane Santiago, também comentou a importância da pesquisa para sua equipe. “Pela minha prática diária, eu percebo que tenho um grande público de idosos, por exemplo, mas, em termos de números, não tinha esse dado concreto. A pesquisa revelou muito para conhecermos o perfil de nosso público. Embora já tivéssemos uma ideia, ter a certeza é muito importante, pois assim conseguimos nos organizar e planejar”, afirmou a gerente.
Parceria com a Prefeitura de Belo Horizonte
O projeto de extensão foi idealizado a partir de uma cooperação técnica entre a Secretaria Municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania (Smasac) da Prefeitura de Belo Horizonte e o Departamento de Ciências Contábeis da PUC Minas, que elaborou um portfólio de políticas públicas para a Smasac, com o objetivo de proporcionar mais visibilidade às ações da Secretaria e dar transparência ao uso dos recursos públicos.
Alunos e professores do ICEG – Escola de Negócios ajudaram na elaboração da proposta orçamentária da Secretaria, na revisão, planejamento e execução das ações, entre outras atividades. A parceria aconteceu no segundo semestre de 2022 e no primeiro semestre de 2023. O projeto ainda venceu a 1ª edição do Prêmio + Integridade da Controladoria-Geral do Município de Belo Horizonte, na categoria Aprimoramento da Transparência.