Conhecimento que conecta desenvolvimento

Alunos desenvolvem soluções para otimizar demandas do cotidiano
De pé, a partir da esq., o aluno Felipe Diniz e o professor Fábio Rodrigues. Assentado, o estudante Bernardo Garcia | Foto: Guilherme Simões
De pé, a partir da esq., o aluno Felipe Diniz e o professor Fábio Rodrigues. Assentado, o estudante Bernardo Garcia | Foto: Guilherme Simões

A tecnologia está aí: em casa, no trabalho, na palma de nossas mãos. Vivemos a era da conectividade, que vem, constantemente, ampliando nossa visão para caminhos mais ágeis, fáceis e acessíveis. Atenta às transformações, a PUC Minas incentiva que seus alunos apliquem o conhecimento técnico e humanista em projetos que promovam a conexão entre desenvolvimento tecnológico e social, permitindo o aprimoramento acadêmico e fazendo diferença para a sociedade.

Bernardo Garcia faz parte de um grupo de alunos do Curso de Sistemas de Informação, do Campus Contagem, que desenvolveu uma plataforma de healthcare (assistência médica) voltada para pessoas com diabetes. De acordo com dados da Federação Internacional de Diabetes (IDF, sigla em inglês), em seu último levantamento realizado em 2021, 10,5% dos adultos brasileiros são portadores de Diabetes (tipo 1 ou 2). Também segundo o IDF, o Brasil ocupa a 6ª posição mundial entre os países com mais pessoas diagnosticadas com a doença.

“Minha namorada é diabética. Então eu vi nesse projeto uma oportunidade de facilitar a vida dela”, conta Bernardo. A plataforma desenvolvida consiste em automatizar o cálculo de insulina necessária para ajustar a glicemia, a partir da necessidade de correção. Além do cálculo, a plataforma possui outras funcionalidades, como explicações sobre a doença, sintomas, fatores de risco, tratamento, e uma ferramenta de busca inteligente por alimento. Assim, a pessoa pode consultar, quando necessário, qual o impacto daquele alimento em sua alimentação. “Se um diabético quer comer um brigadeiro, ele pode buscar na barra de pesquisa quantos gramas de carboidrato tem um brigadeiro, que é o que ele precisa para poder fazer a conta”, exemplifica Bernardo.

Para o orientador do grupo, professor Fábio Leandro Rodrigues, realizar projetos como esse agrega na formação dos alunos, pois proporciona a interdisciplinaridade, o trabalho em equipe e a simulação do ambiente do mercado de trabalho. “No caso do projeto desenvolvido por eles ainda existe uma contribuição social, porque tem aplicação direta no cotidiano das pessoas”, afirma. Além de Bernardo, o grupo que desenvolveu a plataforma é composto pelos alunos Arthur Ramires Maia, Felipe Claver Diniz, Gabriel Fioreze de Araújo, João Pedro de Castro Vieira e Matheus Antônio Valentin Freitas.

Tecnologia e descarte de resíduos eletrônicos

Bianca, Weyler, professora Cleia e Jefferson compõem a equipe que desenvolveu o No Waste-D, que mapeia e fornece informações sobre locais que realizam a coleta e descarte correto de resíduos eletrônicos | Foto: Guilherme Simões

A conexão promovida pela Universidade, entre o conhecimento e desenvolvimento, também está presente na preocupação com o meio ambiente, reafirmando o compromisso na formação de profissionais capazes e que se preocupam ativamente com o desenvolvimento sustentável. Nesta perspectiva, um grupo de alunos do Curso de Sistemas de Informação do Campus Barreiro desenvolveu o No Waste-D, site que mapeia e fornece informações dos locais que realizam a coleta e descarte correto de resíduos eletrônicos em Belo Horizonte e Região Metropolitana.

“No mundo em que vivemos, é cada vez mais comum que as pessoas tenham resíduo eletrônico em casa e não saibam como realizar o descarte correto”, comenta a bióloga e engenheira civil, Prof. Dra. Raquel Jacob, professora da PUC Minas Barreiro. Ela explica que os principais impactos relacionados ao tema dizem respeito à liberação de metais pesados que podem ser expostos na natureza quando os resíduos não são devidamente destinados.

“Pretendíamos unir a preocupação com o meio ambiente à tecnologia, buscando facilitar o acesso aos locais de descarte correto”, explicou a aluna do Curso de Sistemas de Informação, Bianca de Moura. Junto a ela, outros três alunos compõem o grupo que desenvolveu o projeto: Jardel Dias Morais, Jefferson Paulinelli e Weyler Silva.

Ao todo, 25 lugares foram mapeados no site. Ao acessá-lo, além de visualizar qual o local mais próximo, o usuário pode avaliar o local de descarte, podendo ainda entrar em contato com a equipe para dar um feedback sobre o processo.

O trabalho é resultado da disciplina extensionista Trabalho interdisciplinar: aplicação para sustentabilidade. “Buscamos apresentar ao aluno o cenário atual da sustentabilidade para que ele compreenda o seu papel neste contexto como futuro profissional de Sistemas de Informação”, explicou a Profª Dra. Cleia Amaral, responsável pela disciplina e coordenadora de Extensão no Curso de Sistemas de Informação da PUC Barreiro. Com o resultado do projeto, o trabalho foi apresentado na Mostra de Extensão da PUC Minas do primeiro semestre de 2024.

“Integrar a tecnologia a essa causa não só potencializa a capacidade de promover mudanças positivas, mas também amplia o alcance e a conscientização entre as pessoas”, afirma o aluno Jardel Morais, que também integrou o grupo de trabalho.

O site pode ser acessado por meio deste link: https://weylerjorge.github.io/nowasted-main/. Para o futuro, os planos incluem a integração do sistema em um aplicativo que alcance um número maior de pessoas: “Nossa intenção é expandir ainda mais o projeto, e buscar uma maior conscientização ambiental”, disse Bianca.

Tecnologia e desenvolvimento social

Em um projeto, também alinhado ao tema de desenvolvimento sustentável, alunos do Curso Superior de Tecnologia (CST) em Análise e Desenvolvimento de Sistemas (ADS), ofertado na modalidade EaD, desenvolveram um aplicativo de gestão e logística, que permite modernizar e aprimorar os serviços prestados pela Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis da Ilha de Vitória (Amariv), no estado do Espírito Santo. Fundada oficialmente em 2008, a Amariv segue os princípios da Economia Solidária, como autogestão, cooperação, solidariedade, valorização do trabalho humano, democracia e responsabilidade socioambiental. Atualmente gera renda para cerca de 30 trabalhadores, além de beneficiar indiretamente mais de 300 pessoas. “Foi na Amariv que minha mãe conseguiu autonomia para sustentar seus oito filhos, depois da separação do meu pai”, lembra Ana Maria Barbosa dos Santos, 24 anos, que hoje também trabalha para a Associação. Foi a partir das conversas com ela que os alunos Carlos Eduardo Favilla Lobo, Gabriel Vinícius Silveira e Silva Idelfonso, Henrique Alexandre Gomes Pinto, João Lucas Pinheiro Torres e Vítor Alexandre Gomes Pinto, com a orientação do professor João Carlos Caetano, desenvolveram o aplicativo. Nele moradores e organizações de Vitória terão a facilidade de solicitar o recolhimento de seus resíduos recicláveis de forma conveniente e eficiente.

Ana Maria explica que, ao criar uma rota inteligente para os catadores responsáveis, a Associação promove não só a automação dessas tarefas, “mas a diminuição do tempo necessário para realizar a coleta, minimizando desperdícios de recursos como combustível e tempo dos colaboradores”. A tecnologia desenvolvida pelos alunos também possibilitará oportunidades de capacitação e treinamento para os catadores, fornecendo acesso a informações sobre técnicas de reciclagem, segurança no trabalho e boas práticas ambientais. “O trabalho desenvolvido expande os horizontes desses associados para novas oportunidades, pois visa não apenas à melhoria dos processos, mas também a promoção da sustentabilidade e a inclusão social dos catadores”, reforça o professor João Carlos Caetano.

A indicação da Amariv como instituição a ser beneficiada pelo trabalho do grupo, partiu do aluno Carlos Eduardo, que é morador de Vitória/ES. Ele conta que conseguiu recursos para comprar seu primeiro computador e começar a fazer o curso a distância da PUC Minas, trabalhando para a associação. Mas foi durante o desenvolvimento do projeto, que compreendeu ainda mais, o sentido de comunidade, “trabalhar para a Amariv me ajudou muito a amadurecer. Além disso, meus colegas entenderam bastante minhas dificuldades no começo, e sempre apoiaram e ajudaram. Eu gostei muito desse senso de comunidade que o curso a distância da PUC Minas proporciona”. Carlos ressalta que hoje está muito feliz e realizado em também pode proporcionar à Amariv o desenvolvimento de uma tecnologia que vai ajudá-la a ser mais moderna e eficaz. “Quando tive a oportunidade de retribuir a eles, fiz sem pensar duas vezes”, completa.