Dom Serafim: memória de fé e justiça

1 - Padre Serafim retornou ao Brasil e foi pároco em Gouveia (1951 a 1956) e Curvelo (1957 a 1958);  2- Dom Serafim e o Papa João Paulo II; 3 - Dom Serafim com seus pais e irmãos em frente à igreja matriz de Diamantina, onde foi ordenado bispo em 1959; 4 - Restaurante da UCMG em 1º/10/1967; 5 - Solenidade de entrega do título Doutor Honoris Causa à Dom João Resende Costa 20/11/1998 | Fotos: Acervo do Centro de Memória da PUC Minas
1 - Padre Serafim retornou ao Brasil e foi pároco em Gouveia (1951 a 1956) e Curvelo (1957 a 1958); 2- Dom Serafim e o Papa João Paulo II; 3 - Dom Serafim com seus pais e irmãos em frente à igreja matriz de Diamantina, onde foi ordenado bispo em 1959; 4 - Restaurante da UCMG em 1º/10/1967; 5 - Solenidade de entrega do título Doutor Honoris Causa à Dom João Resende Costa 20/11/1998 | Fotos: Acervo do Centro de Memória da PUC Minas

O centenário de nascimento de Dom Serafim reacende a memória de diversos e importantes aspectos da nossa história. Sacerdote devoto da Igreja Católica, construiu sua trajetória religiosa de forma exemplar e bem-sucedida, ocupando cargos como pároco, cônego, capelão, bispo, arcebispo e cardeal, sempre com profundo comprometimento com a justiça social. Sua memória é marcada por esses elementos — fé e justiça —, que perpetuam suas ações e exemplos como religioso e cidadão. Ao longo de sua vida, Dom Serafim compartilhou vivências com figuras notáveis como o presidente Juscelino Kubitschek, o arcebispo de Belo Horizonte Dom João Resende Costa e o Papa João Paulo II. Durante a Ditadura Militar, Dom Serafim se destacou como conciliador, sem jamais abandonar suas convicções sociais ou temer se posicionar em defesa dos direitos da sociedade civil, agindo sempre como um sacerdote fiel aos princípios da espiritualidade católica.

Dom Serafim Fernandes de Araújo nasceu em Minas Novas, em 13 de agosto de 1924. Estudou Humanidades e Filosofia no Seminário Provincial de Diamantina e foi convidado a estudar em Roma, onde foi ordenado sacerdote em 1949, na Catedral de São João de Latrão. Em Roma, permaneceu até 1951, retornando ao Brasil com os títulos de mestre em Teologia e Direito Canônico, pela Pontifícia Universidade Gregoriana. Celebrou sua primeira missa em Itamarandiba, cidade onde passou a infância, e posteriormente tornou-se pároco em Gouveia e Curvelo. Foi nesse período que despontou uma faceta marcante, mas pouco anunciada, de Dom Serafim: seu interesse pela educação. Lecionou nas escolas normais dessas cidades e em instituições católicas de ensino, como o Seminário Provincial de Diamantina, onde ele mesmo havia estudado. A educação tornou-se uma constante em sua vida, acompanhando-o por toda a sua trajetória.

Em 1959, foi consagrado bispo e designado para Belo Horizonte, como auxiliar de Dom João Resende Costa. Além das funções de vigário-geral e administrador, foi diretor de Ensino Religioso da Arquidiocese e professor de Cultura Religiosa na recémfundada PUC Minas, onde atuou como reitor de 1960 a 1981. Sua gestão na reitoria da PUC Minas foi fundamental para estruturar física e administrativamente as bases da instituição. Dom Serafim foi o responsável por transferir a universidade da Avenida Brasil, na Praça da Liberdade, para o atual Campus Coração Eucarístico, que pertencia ao Seminário Arquidiocesano. Após a mudança, liderou a construção de novos prédios e estruturas físicas na década de 1970, como o Centro Desportivo, os prédios destinados ao Curso de Odontologia e a Biblioteca Central. Além das melhorias físicas, Dom Serafim também desenhou o arcabouço institucional da PUC Minas. Durante sua administração, garantiu juridicamente a incorporação do IPUC à Universidade, transferiu a Faculdade Municipal de Ciências Econômicas para a PUC Minas e expandiu a Universidade para o interior de Minas Gerais. Também participou da criação da Fundação Dom Cabral e foi mentor da Fundação José Fernandes Araújo, voltada ao apoio de estudantes carentes.

Esses são apenas alguns exemplos da grandeza de Dom Serafim para a Igreja Católica, a política e a educação no Brasil, especialmente para a PUC Minas. Em sua trajetória, destacam-se a cordialidade e a humanidade com que tratava as pessoas. Religioso e educador, deixou um legado de ações que perduram nas instituições pelas quais passou. Sua experiência de vida e sua concepção religiosa, registradas em livros e artigos, são exemplos de fé e coerência política.

Obrigado, Dom Serafim!


Página sob a responsabilidade do Prof. Dr. Mário Cleber Martins Lanna Júnior, diretor do Centro de Memória PUC Minas. Além de viabilizar o aprofundamento da pesquisa histórica, entre outras atividades, o Centro acumula um significativo acervo sobre a memória da Universidade.