Não são poucas as doenças que podem ser evitadas com a medicina preventiva. E, no caso da saúde da mulher, a situação não é diferente. Desde infecções até o câncer do colo do útero ou câncer de mama, a medicina preventiva e educação em saúde exercem um papel fundamental na manutenção da saúde da mulher.
E foi pensando em maneiras de tornar este debate público e acessível que seis alunas do Curso de Biomedicina da PUC Minas Betim desenvolveram uma apostila que reúne informações e práticas educativas sobre a saúde da mulher. O projeto integra o Trabalho de Conclusão de Curso das alunas, e teve orientação da professora Luiza Martins. Por meio de uma linguagem simples e acessível e o desenvolvimento de propostas de atividades lúdicas e didáticas, as alunas criaram a Apostila de Práticas Educativas da Saúde da Mulher.
O projeto teve início em 2018, após resultados gerados por outras pesquisas, também orientadas pela professora Luiza, que indicavam uma baixa adesão a exames preventivos em determinadas Unidades Básicas de Saúde (UBS), da cidade de Betim. Motivados a oferecer um processo de educação em saúde nesses espaços, os grupos de alunos, sob supervisão da professora Luiza, realizaram atividades presenciais em Unidades Básicas de Saúde e Centros de Referência de Assistência Social (Cras).
“A falta de informação diminui muito a adesão a qualquer tipo de exame em todas as faixas etárias. A partir disso, nós tivemos a proposta de fazer um processo de educação em saúde naquela região, por meio de dinâmicas com os profissionais. E o resultado foi muito positivo”, explica a professora.
A ideia era que esse projeto continuasse a ser realizado por outros grupos de pesquisa abrangendo também demais regiões da cidade. Entretanto, com a ocorrência da pandemia de Covid-19 no país e no mundo a partir de março de 2020, as atividades presenciais foram impossibilitadas. Foi aí que surgiu a ideia de se criar uma apostila.
Com o propósito de dar continuidade ao trabalho de educação da saúde da mulher, as alunas Diana Resende Costa, Júnia Maria Amaral Henriques Queiroz, Luana de Oliveira Silva, Izabela Santos Sales, Simone de Souza Vieira e Amanda Cristina da Silva, com orientação da professora Luiza Amorim desenvolveram a Apostila de práticas educativas da saúde da mulher. O objetivo do trabalho é oferecer ao profissional da saúde ou da educação um material de qualidade, com acesso facilitado e de baixo custo, que reúna informações importantes sobre a saúde da mulher, para que este possa aplicá-lo ao público externo em seu local de trabalho, tais como escolas, Centros de Referência de Assistência Social ou Unidades Básicas de Saúde.
Por meio de um conteúdo simplificado e dinâmico, a apostila aborda temas como autoconhecimento, higiene íntima, saúde preventiva, sexualidade e violência doméstica. Além disso, o material oferecido integra sete diferentes propostas de dinâmicas, todas com vídeos de apoio que explicam o objetivo e modo de fazer de cada atividade. Todo o processo de criação e montagem do material foi desenvolvido pelas alunas.
“Cada uma das meninas ficou responsável por desenvolver uma atividade. Depois nós fotografamos cada uma, incluímos o material na apostila, criamos o roteiro para o vídeo e fizemos a montagem e gravação. Nosso objetivo era explicar bem todo o processo da dinâmica, para que qualquer profissional seja capaz de aplicá-la ao público”, conta a estudante Diana Resende, uma das criadoras do projeto.
Informação de qualidade para todos
Enfermeiros e técnicos em enfermagem, psicólogos e professores: todos conseguem, facilmente, usufruir dos conhecimentos e dinâmicas oferecidos pela apostila. Isso porque as informações estão entregues de forma simples, sem nenhum termo técnico ou específico da biomedicina. A ideia, segundo a professora Luiza, é tornar a pauta de educação em saúde da mulher cada vez mais interdisciplinar.
Além da diversidade para o público que irá aplicar as dinâmicas, o público-alvo para estas atividades também é amplificado, já que a apostila reúne atividades pensadas para mulheres adolescentes, adultas e idosas. Na visão da professora Luiza, a educação em saúde para todas as faixas etárias garante uma sociedade bem-informada no futuro.
“A informação te dá poder. Em termos de saúde, quanto mais informada a mulher for, melhores escolhas ela faz para a própria vida, além de passar isso adiante para as próximas gerações. Então, ao informar mulheres adolescentes, adultas e já idosas, consegue-se informar o pilar da sociedade”, diz a professora.
Atualmente, a apostila está em fase de organização para envio. O plano, em um primeiro momento, é distribuir o material para Unidades de Saúde, Cras e escolas públicas e privadas das cidades de Betim, Igarapé e Contagem já neste segundo semestre de 2021.
Segundo a professora Luiza, o objetivo da ação é, sobretudo, filantrópico. “Precisamos fazer jus ao conhecimento produzido pelo aluno. Ao divulgar este material de qualidade, estamos levando o conhecimento para fora dos muros da Universidade”, pondera.
A assistente social e professora do Curso de Serviço Social da PUC Minas, professora Mônica Hallak Martins da Costa foi uma das pessoas que já receberam a apostila. O plano é que o material seja aplicado em escolas públicas e na Unidade Básica de Saúde em que ela trabalha.
“Pudemos perceber que a apostila foi feita com muito cuidado, e com certeza poderemos aproveitar o material de diversas formas”, analisa a professora Mônica. “A importância desse tipo de atividade é fundamental, e como as dinâmicas propostas são criativas e lúdicas, a nossa expectativa é que tenha resultados muito positivos com o público”, complementa.
Para a coordenadora do projeto, professora Luiza Martins, a apostila representa a base para uma sociedade bem informada e saudável: “Um dos pilares da medicina é a medicina preventiva, e medicina preventiva se faz com educação em saúde”, pontua.