Gestão hospitalar mais eficiente

Alunos de Engenharia de Software desenvolvem soluções de software para hospital
A professora Soraia Lúcia da Silva observa que a gestão hospitalar se torna mais eficiente e segura quando conta com uma boa administração de dados por meio de recursos tecnológicos | Fotos: Bruno Timóteo

O Curso de Engenharia de Software da PUC Minas Praça da Liberdade, em sua disciplina extensionista Trabalho Interdisciplinar de Software IV, desenvolveu soluções de software para o Complexo Hospitalar São Francisco de Assis, que atende exclusivamente ao Sistema Único de Saúde (SUS). A disciplina desenvolve práticas de extensão que têm por objetivo a identificação de possíveis situações problema na comunidade e que possam ser resolvidas através de uma solução de software.

A coordenadora do curso, professora Soraia Lúcia da Silva, explica que na disciplina são articulados os conteúdos das demais matérias do quarto período em torno do desenvolvimento dos artefatos de software aplicados a projetos para sustentabilidade. “Dessa forma, podemos capacitar o aluno para que ele identifique problemas de natureza social para os quais o software pode apresentar uma solução sustentável, viável e satisfatória”, explica a professora.

De acordo com o presidente do Conselho do Hospital, o diácono Paulo Franco Taitson, o projeto surgiu a partir de um desejo conjunto de levar a Universidade para dentro do hospital. “Quando falamos a palavra extensão, nós podemos abraçar, atuar extramuros. Buscar experiências acadêmicas e jogar para a realidade do campo. Nesse sentido, tivemos apoio dos diretores de institutos da Universidade para pensar projetos para o hospital”, relata.

A partir disso, notou-se a oportunidade da criação de softwares que pudessem auxiliar o hospital com a gestão de protocolos; automação do processo de consultas; controle da portaria e do ambulatório e software interativo de entretenimento para pacientes e seus acompanhantes, beneficiando mais de 300 mil pessoas. “São situações onde a Engenharia de Software é aplicada à realidade hospitalar. Para os alunos é um exercício fantástico do processo de formação, e para nós, um presente que ganhamos”, salienta o diácono Paulo Franco Taitson.

Ao todo, foram entregues sete soluções de software para o Complexo Hospitalar São Francisco de Assis. A primeira foi uma aplicação para auxiliar os enfermeiros e técnicos de enfermagem no gerenciamento de mudança de decúbito dos pacientes, a fim de evitar o desenvolvimento de lesões por pressão, chamadas escaras.

A segunda foi a criação de um software que permite que os médicos se cadastrarem no sistema e que a administração clínica efetue todos os passos de avaliação da documentação de forma on-line. Diante disso, o projeto possibilita aos médicos mais rapidez nos atendimentos e que a administração utilize as informações de forma mais segura, rápida e eficiente.

A terceira foi a criação de um software para otimizar a obtenção dos laudos médicos feitos no hospital para os pacientes, por meio da automatização do processo e utilizando as tecnologias de informação. Dessa forma, os pacientes podem resgatar seus laudos médicos, sem a necessidade do deslocamento até o hospital para obtenção dos documentos.

O quarto software desenvolvido é o de controle do fluxo da agência transfusional do hospital, o que permitirá, por exemplo, a rastreabilidade das bolsas de sangue recebidas pelo Hospital, de forma a se ter informações detalhadas, no sistema, sobre origem e destino dessas bolsas, dentre outros benefícios.

A realização de um software para controlar os agendamentos do bloco cirúrgico do hospital de maneira mais produtiva foi a quinta iniciativa.

Já a sexta foi a criação de um software interativo de entretenimento para pacientes e seus acompanhantes. e, por último, um software para a gestão de protocolos.

Segundo a coordenadora do curso, professora Soraia, com a automatização dos processos é possível uma “gestão hospitalar mais eficiente, mais dinâmica, segura e de maior qualidade, com uma boa administração dos dados por meio de recursos tecnológicos, despertando inclusive, mais confiança por parte do paciente”. Para o superintendente geral da Fundação Hospitalar São Francisco de Assis, Leonardo Tadeu Campera Brescia, a parceria entre o hospital e a Universidade trouxe benefícios não só para a instituição de saúde, mas também para os alunos. “Os estudantes tiveram a oportunidade de entender a funcionalidade de um hospital 100% SUS, e trabalharem no desenvolvimento de uma ferramenta que possibilita auxiliar a comunidade”, conclui.

Para o diácono Paulo Franco Taitson, a parceria com a PUC Minas foi positiva principalmente pela motivação dos alunos que participaram do projeto em criar algo novo. “Sabemos que o SUS é uma opção preferencial dos mais pobres, aqueles que não têm acesso a outras formas de tratamento. Então, quando chegam os alunos da PUC Minas empolgados, querendo resolver o problema, vibrando mais do que o próprio colaborador, percebemos que eles veem o trabalho não só pela perspectiva acadêmica, mas também como uma forma de ajudar”, salienta.

Professor Diácono Paulo Franco Taitson

Da teoria à prática profissional

O aluno Lucas Alves Rossi Figueira, do 7º período do Curso de Engenharia de Software, participou dos projetos de desenvolvimento de um sistema para o controle da portaria do ambulatório do Hospital, e o software para a Agência Transfusional, que realiza todos os procedimentos de transfusão de hemocomponentes na instituição. Apesar dos processos serem críticos e complexos, Lucas afirma ter sido uma experiência interessante aprender sobre as demandas dos funcionários de cada setor hospitalar e automatizar suas atividades. “Diante dessa modernização, mais do que melhorar a maneira como os procedimentos ocorrem, pudemos trazer agilidade e conforto para a vida de pacientes e funcionários envolvidos no contexto”, conta.

Para Lucas, o grande desafio dos projetos foi o de entender a demanda e desenvolver uma solução que de fato trouxesse um impacto positivo para o Hospital. Além disso, por estarem lidando com a saúde das pessoas, a responsabilidade de desenvolver funcionalidades que realmente atendessem as necessidades da equipe e dos pacientes tornaram-se ainda maiores.

“Creio que a Engenharia de Software tenha um papel importantíssimo quando associada à área da saúde. É raro irmos em alguma clínica ou hospital nos dias de hoje e não vermos um profissional utilizando um computador, seja para fazer a ficha inicial, registrar um exame ou mesmo nossas informações médicas durante uma consulta”, explica.

Diante dessa presença tecnológica cada vez mais comum na vida cotidiana das pessoas, Lucas acredita que a Engenharia de Software é fundamental para que os programas utilizados por esses usuários finais sejam construídos da melhor forma possível, de modo que atendam, de maneira eficiente, eficaz e ética, as necessidades dos profissionais de saúde, pacientes e até mesmo funcionários técnico-administrativos do hospital. “Definitivamente foi uma experiência enriquecedora. Primeiramente, pelo fato de termos tido a oportunidade de lidar com um cliente real e termos a oportunidade de trazer a teoria vista em sala de aula para a prática. Mesmo ainda como alunos de graduação, foi possível levar à comunidade contribuições tecnológicas que impactam na vida real”, finaliza.

Lucas Rossi Figueira, aluno do 7º período do Curso de Engenharia de Software