Imagine viver em um mundo sem medicamentos, sem recursos para minimizar uma simples dor de cabeça ou para o tratamento de circunstâncias mais complexas, como o câncer. Desde o século II, quando Galeno, o Pai da Farmácia, sistematizou as matérias-primas necessárias para a preparação de medicamentos, a humanidade conta com este recurso. Nos dias atuais, a pandemia de Covid-19 deixou evidente a essencialidade do profissional farmacêutico para a sociedade. Envolvido em todas as etapas de atenção à saúde, os farmacêuticos foram responsáveis pelas pesquisas para desenvolvimento de vacinas, pelo desenvolvimento e aplicação dos autotestes, estiveram à frente de hospitais, Unidades Básicas de Saúde e de Pronto Atendimento como responsáveis pela compra, fornecimento e logística de suprimentos, nas farmácias no papel de proteção da equipe e dos pacientes através da informação. “A pandemia veio para chancelar, para carimbar, o papel do farmacêutico como um profissional da saúde. Uma profissão a serviço do ser humano e que tem por finalidade, como todos os serviços de saúde, a promoção, proteção e recuperação da saúde individual e coletiva”, explica a vice-presidente do Conselho Regional de Farmácia de Minas Gerais, Márcia Alfenas.
A atuação do farmacêutico em farmácias representa apenas uma parte das possibilidades para o profissional cujo campo tem se ampliado constantemente.
“No Brasil, a profissão é exercida em 141 diferentes áreas, todas elas regulamentadas pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF). A frente de trabalho mais recentemente inaugurada é no atendimento em clínicas e consultórios. A assistência farmacêutica é uma atividade reconhecida desde 1997, abrangendo o acompanhamento farmacoterapêutico do paciente e em 2022, o Conselho Federal de Farmácia regulamentou os consultórios farmacêuticos que passaram a funcionar de modo autônomo ou nas dependências de outros estabelecimentos de saúde públicos ou privados”, afirma a professora Andrea Frozino, coordenadora do Curso de Farmácia na PUC Minas. A partir desta regulamentação, o farmacêutico passa a atuar também como profissional liberal. “Temos hoje farmacêuticos atuando em práticas integrativas de fitoterapia, reiki, aromaterapia e até mesmo acompanhamento home care de mulheres em período de amamentação. Vemos também recentemente em consultórios ou clínicas de vacinação”, ressalta Márcia.
A professora Andrea destaca ainda que o profissional passou a ter espaço garantido nas políticas públicas de saúde, embora ainda não tenha sido implantado o modelo de Assistência Farmacêutica em sua integralidade no Sistema Único de Saúde (SUS), onde predomina o incentivo das ações focadas na aquisição do medicamento e não no acompanhamento dos problemas relacionados ao medicamento que podem surgir no usuário, comprometendo o seu bem-estar e qualidade de vida.
Dentro deste amplo leque de possibilidades, a estética é uma das áreas de atuação do farmacêutico que merece destaque pelo crescimento constante. Além da atuação na indústria, o profissional tem regulamentada a execução de procedimentos como peelings químicos e mecânicos, ultrassom estético, eletroterapia, radiofrequência estética, entre outros. Dados de pesquisa do Euromonitor International apontam que o Brasil é o quarto maior mercado de beleza e cuidados pessoais do mundo. Já dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos mostram que as exportações neste ano já alcançaram os US$ 64 milhões, demonstrando que a indústria está em expansão em um mercado dinâmico e promissor.
É na indústria cosmética que Eduarda Soares Pires Patrício, aluna do 2º período do curso, pensa em trabalhar. “Eu pretendo atuar como farmacêutica esteta e possivelmente vir a fazer especialização em cosmetologia. Quando eu decidi pelo curso, não sabia de tantas áreas de atuação. Como ainda estou no princípio do curso, acredito que ainda posso mudar de ideia, mas sempre focando mais no contato com o paciente”, explica a aluna. Eduarda destaca a qualidade dos laboratórios utilizados pelo curso. “Nunca tinha entrado em um laboratório na minha vida, nunca tinha visto uma vidraria pessoalmente. Eu acho a infraestrutura dos laboratórios que utilizamos até o momento, de Físico-química, Química Orgânica, Analítica, Anatomia e Microscopia excelentes”, afirma. O professor. Martinho Campolina Rebello Horta, ex-diretor do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde da PUC Minas (ICBS), destaca a relevância do Curso de Farmácia para o incremento da infraestrutura do Instituto no Campus Coração Eucarístico, em função da construção de novos laboratórios para o desenvolvimento das atividades específicas da Farmácia, com potencial para serem também utilizados por outros cursos da Universidade. “Contaremos com modernos laboratórios apresentando equipamentos de ponta para atividades da área industrial e da área de análises clínicas, em que serão realizadas análises bioquímicas, genéticas, toxicológicas e microbiológicas, entre outras, afirma o professor Martinho.
Colocação no mercado
Os cursos de Farmácia se estruturam em torno de três eixos temáticos orientados pelo Ministério da Educação: cuidado em saúde, que corresponde a 60% da grade; Tecnologia e inovação, 40% e Gestão, que corresponde a 10% do curso. O curso é oferecido no turno manhã em 10 períodos. Para apoiar a inserção dos estudantes no mercado de trabalho, o curso desenvolve a cada semestre ações de monitoramento que trabalham as competências técnicas e comportamentais. “Este monitoramento acontece de forma integrada às disciplinas e auxilia o aluno a perceber seu próprio desenvolvimento, permitindo ajustes ao longo do curso”, explica Andrea.