Água potável para quem precisa

Protótipo de baixo custo eleva qualidade de água para consumo no Vale do Jequitinhonha
Débora e Ana Clara fazem parte da equipe que criou o protótipo | Foto:
Raphael Calixto
Débora e Ana Clara fazem parte da equipe que criou o protótipo | Foto: Raphael Calixto

Cerca de 36 milhões de pessoas não têm acesso à água potável no Brasil, segundo o Panorama do Saneamento Básico 2021, do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional. Essa é a realidade dos moradores de Mazagão, uma comunidade no Vale do Jequitinhonha, que pode mudar a partir de um projeto de extensão da PUC Minas.

O projeto Implantação de Protótipo Simplificado de Depuração como Instrumento de Fornecimento de Água Potável para a Comunidade no Vale do Jequitinhonha, coordenado pela Profª Drª Raquel Sampaio Jacob, do Curso de Engenharia Civil da Unidade Barreiro, pretende transformar essa realidade a partir de um protótipo de baixo custo para tratamento de água, instalado no fim de 2022 na casa de uma família. “Se funcionar nessa família, a ideia é replicar para outras famílias da região”, afirmou a professora.

O objetivo do projeto é levar água potável para quem precisa. Por isso, a comunidade de Mazagão, no município de Chapada do Norte, foi escolhida pela ONG ChildFund Brasil, parceira da iniciativa. “É uma comunidade que realmente não tem acesso à água e não tem acesso ao básico. Essa é a realidade deles”, explicou a Profª Raquel.

O protótipo é feito por um tubo de PVC, com areia e brita em diversos tamanhos e proporções para gerar um meio filtrante para água que chega do reservatório. Depois desse processo, a água é conduzida para garrafas pet e fica três dias recebendo radiação solar para atingir uma condição muito superior para consumo.

“Foi um momento de grande felicidade. Ver o equipamento funcionando, mostrou que podemos agora fazer a utilização da água para o consumo, por isso, foi um momento especial, o sentimento foi de gratidão”, comemora Marisa Rodrigues, que mora com as duas filhas adolescentes na casa que recebeu o protótipo.

Antes do projeto, Marisa precisava utilizar um sachê purificador de água ou ferver a água do rio que abastece a comunidade. De acordo com Cristiano Moura, coordenador de impacto social da ChildFund Brasil e doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia da PUC Minas, e Camila Silva, supervisora da ONG, a água do rio é bastante barrenta e contaminada pelos dejetos despejados pelas famílias que moram próximas ao rio.

A Profª Raquel lembra que o tratamento com o protótipo não consegue atingir os parâmetros de água potável definidos no Brasil, porém já eleva muito a qualidade para consumo, com redução principalmente da turbidez e da contaminação por organismos patogênicos.

Também fizeram parte do projeto os extensionistas Ana Clara Madeira, Aloma Rodrigues Fernandes, Alexandre Emerson Barbosa, Débora Pereira Lemos, Gabriel Henrique da Silva e Gustavo Henrique Dorneles, dos cursos de Ciências Biológicas, Engenharia Civil e Engenharia Química.

A ONG ChildFund Brasil forneceu o suporte para a logística da equipe durante a instalação do protótipo, além de acompanhar o uso do equipamento pela família.

A Profª Raquel Sampaio, do Curso de Engenharia Civil, está à frente do projeto | Foto: Raphael Calixto

Experiência

O projeto também faz parte do Edital da Extensão Universitária vinculado aos princípios da Economia de Francisco e Clara, que propõe uma economia diferente, mais colaborativa e humana, baseada na inclusão, igualdade e solidariedade.
Os extensionistas contaram a experiência de fazer parte de um projeto com impacto humano e social em uma comunidade carente do interior de Minas. “É um sentimento de gratidão consigo mesmo, de poder ajudar pessoas que não têm muito acesso à água potável. Um sentimento de muita felicidade por participar de um projeto tão incrível e bonito”, diz Gabriel Silva.

A estudante Débora Lemos fica feliz em usar o aprendizado da Universidade para projetos com esse objetivo. “O sentimento é de satisfação, em poder colaborar para a melhoria na vida das pessoas que residem na comunidade e por poder colocar em prática conhecimentos adquiridos durante o curso em projetos que dão retorno a sociedade”, contou. Já a extensionista Ana Clara Madeira Silva falou da importância de conhecer uma realidade diferente da sua, como é a comunidade de Mazagão.
“Acredito que essa experiência foi muito gratificante, me formou melhor ainda como pessoa, porque posso dar muito mais valor ao que tenho hoje em dia”, comentou Ana.

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