A PUC Minas, em parceria com a Prefeitura de Belo Horizonte, desenvolveu o projeto Observatório da Saúde, que estuda o comportamento da pandemia de Covid-19 e seus impactos sanitários e socioeconômicos em Belo Horizonte. O trabalho vem sendo realizado por meio do FIP Institucional e conta com uma equipe multidisciplinar, composta por cerca de 20 docentes e discentes do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBS), Instituto de Ciências Exatas e Informática (Icei) e Instituto de Ciências Humanas (ICH). Eles estão divididos em Grupos de Trabalho (GT), que atuam em oito subprojetos, cada um abordando um aspecto, como: mapeamento dos casos de Covid-19 de acordo com dados georreferenciados; análise espaço-temporal do avanço da pandemia; estudo e análise do impacto da vacinação na pandemia em Belo Horizonte; identificação de vetores de expansão da doença; e compreensão da expansão de casos considerando dados de mobilidade urbana e outras variáveis nesse contexto. O projeto utiliza dados oficiais da Prefeitura de Belo Horizonte. Espera-se que, após a pandemia, o Observatório possa continuar suas atividades em um contexto mais amplo de Doenças Infectocontagiosas, por exemplo.
O projeto se iniciou em junho de 2020, quando o pró-reitor de Pesquisa e de Pós-graduação, professor Sérgio de Morais De Hanriot, indicou a necessidade de se estudar a evolução da pandemia em Belo Horizonte. O professor Silvio Jamil, coordenador do Programa de Pós-graduação em Informática e responsável pelo Laboratório IMScience, foi escolhido para coordenar o projeto por meio de proposição de modelos computacionais que pudessem auxiliar a sociedade no enfrentamento da crise sanitária que vivemos. Diante da complexidade da temática, foi criada uma equipe multidisciplinar de pesquisadores da área de Computação, da Saúde e da Geografia para compreender a evolução espacial da Covid-19.
Atualmente, o projeto conta com nove docentes. Na área da Computação, além do professor Silvio, responsável pela equipe, integra o grupo o professor Humberto Torres Marques Neto, com expertise em computação urbana. Na área de Geografia, o professor Alexandre Diniz, coordenador de Pesquisa da PUC Minas, e especialista em análise espacial, além dos professores Ana Márcia Moreira Alvim e Paulo Fernando Braga Carvalho. Na área da Saúde, foi convidado o epidemiologista professor Henrique Guerra, que atualmente compõe o Comitê de Monitoramento da Covid-19 da PUC Minas, juntamente com os professores Giovanna Ribeiro Souto, Vânia Eloisa Araújo Silva e Rodrigo Villamarim Soares, do Programa de Pós-graduação em Odontologia.
De acordo com o professor Silvio Jamil, o Observatório da Saúde tem como missão promover ações interdisciplinares para incentivar o desenvolvimento de pesquisas e produção de conhecimento no âmbito da PUC Minas em temas relacionados à saúde. No entanto, devido ao momento delicado que vivemos, o Observatório tem se dedicado a estudar o comportamento da pandemia de Covid-19 e seus impactos sanitários e socioeconômicos. “Como temos acompanhado, o número de casos notificados da doença na cidade de Belo Horizonte tem sido alto e ainda é possível que haja subnotificações, principalmente em regiões mais vulneráveis da cidade”, explica Silvio Jamil.
Dessa forma, o projeto visa um conhecimento aprofundado sobre os fatos que controlam o contágio e a dispersão espacial do fenômeno. De acordo com o professor Silvio, “é importante desenvolver algum mecanismo que possa predizer o número de casos reais e como ocorre a disseminação da doença nos espaços da cidade e, assim, auxiliar os órgãos responsáveis pelas medidas de controle da pandemia”. Diante desse cenário, o Observatório da Saúde da PUC Minas pretende atuar como um local de pesquisa multidisciplinar, capaz de visualizar o problema a partir de diversas facetas e propor soluções considerando os diversos espaços de reflexão. Por essa razão, a Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte (SMSA) tem apoiado as análises do Observatório através da disponibilização de dados não nominais existentes nos bancos de dados epidemiológicos e em agendas de devolução das análises realizadas pelo Observatório.
Participação da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte
Estão sendo ofertados pela SMSA dados sobre casos de Síndrome Gripal, Síndrome Respiratória Aguda Grave e Óbitos, além de dados da Vacinação em Belo Horizonte. Além disso, a PBH participa ativamente da análise dos resultados obtidos. “O projeto tem trazido a oportunidade de conhecermos melhor a dinâmica da doença em BH e nos possibilitar, enquanto poder público, a avaliação das medidas de controle adotadas, além de apontar outras estratégias de maior impacto para mitigação da Covid-19”, conta Paulo Roberto Lopes Corrêa, diretor de Promoção em Saúde e Vigilância Epidemiológica da PBH.
Espera-se que o Observatório possa continuar suas atividades em um contexto mais amplo de Doenças Infectocontagiosas, por exemplo. “A parceria entre a PUC Minas e a PBH é uma junção muito feliz e temos colhido resultados interessantes e isso tem perspectivas significativas para o enfrentamento da doença”, comenta o professor Alexandre Diniz. “Estamos trabalhando originalmente com os dados de Belo Horizonte, mas estamos desenvolvendo rotinas metodológicas para análises, acompanhamentos e projeções que poderiam ser, no futuro, aplicadas para outros contextos, por outros pesquisadores e outros órgãos”, finaliza.
Discentes no Observatório da Saúde
Há ainda a participação ativa de discentes de graduação, de mestrado e de doutorado da PUC Minas. Glaycon de Souza Andrade é mestre em Geografia e atualmente cursa o doutorado, como bolsista Fapemig, pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia – Tratamento da Informação Espacial (PPGG-TIE) da PUC Minas. De acordo com ele, seu ingresso no Observatório da Saúde ocorreu por meio do convite feito pela coordenadora do PPGG-TIE, professora Ana Márcia Moreira Alvim, e pelo seu orientador, professor Alexandre Magno Alves Diniz, para integrar a equipe do corpo científico da Geografia. “Atualmente, cumpro a função de pesquisador bolsista no âmbito da Geografia realizando aprofundamentos teóricos acerca do Estado da Arte da temática da Covid-19 em estudos geográficos, tratamentos dos dados secundários e análises espaciais da pandemia em escala intra-urbana na cidade de Belo Horizonte”, detalha Glayco
Lucca Soares de Paiva Lacerda está cursando o sétimo período do curso de Ciência da Computação, no Campus Coração Eucarístico. Seu ingresso no Observatório da Saúde ocorreu a partir de um processo seletivo para iniciação científica voluntária. Atualmente, ele está trabalhando junto com outros docentes e discentes sob orientação do professor Silvio Jamil, em um subprojeto que busca compreender por meio das rotas de ônibus em Belo Horizonte as regiões propagadoras da doença. “Acho muito importante a existência de projetos como esse na Universidade, já que o investimento em pesquisa e a produção de conhecimento são fatores decisivos para a construção de um país melhor. Pensando individualmente, participar desse projeto é uma oportunidade única de conhecer pessoas de outras áreas e de adquirir conhecimentos sobre os quais não teria contato em minha formação acadêmica. Vejo como algo que agrega muito à minha trajetória”, diz Lucca.
PARA SABER MAIS
Para saber mais sobre o Observatório da Saúde e os oito subprojetos que estão sendo trabalhados atualmente, faça contato pelo email: observatoriodasaude@pucminas.br.