Diálogo permanente com a sociedade

Ao longo do tempo, Pró-reitoria de Extensão intensifica presença na vida acadêmica e nas diversas comunidades beneficiadas
“O significado dos 40 anos vem reiterar a missão da PUC Minas de produzir conhecimento transformador para toda a sociedade, para o nosso aluno, para gerar referências metodológicas de políticas públicas, pesquisas diagnósticas” Profa. Carolina Costa Resende, Pró-reitora de Extensão | Foto: Raphael Calixto
“O significado dos 40 anos vem reiterar a missão da PUC Minas de produzir conhecimento transformador para toda a sociedade, para o nosso aluno, para gerar referências metodológicas de políticas públicas, pesquisas diagnósticas” Profa. Carolina Costa Resende, Pró-reitora de Extensão | Foto: Raphael Calixto

No ano em que a então Universidade Católica de Minas Gerais (UCMG), em 1983, recebe o título de Pontifícia, é criada a Pró-reitoria de Extensão e Ação Comunitária. Hoje, a Universidade comemora quatro décadas de existência dessa Pró-reitoria – em 1990, a Ação Comunitária foi desmembrada dando origem à Secretaria de Ação Comunitária –, com a Extensão se fazendo cada vez mais presente na vida universitária. Essa presença vem se dando não só por meio da oferta de cursos, eventos, oficinas e prestação de serviços, mas também por sua inserção dentro das disciplinas da graduação, com as práticas curriculares.

A Extensão Universitária é atividade-fim que, integrada ao Ensino e à Pesquisa, de forma indissociável, compõe o tripé da Universidade. A extensão, de acordo com o Fórum de Extensão das Universidades e Instituições de Ensino Superior Comunitárias (ForExt), favorece espaços de multiplicação e disseminação da vida universitária, promovendo “o conhecimento acadêmico, por meio do diálogo permanente com a sociedade”.

Como parte das celebrações, a Pró-reitoria de Extensão (Proex) promove desde o início deste ano eventos alusivos à data. Durante o Seminário de Extensão, ocorrido em junho, foi prestada homenagem a ex-pró-reitores e realizado o lançamento de selo comemorativo. “O significado dos 40 anos vem reiterar a missão da PUC Minas de produzir conhecimento transformador para toda a sociedade, para o nosso aluno, para gerar referências metodológicas de políticas públicas, pesquisas diagnósticas, mas também transformação concreta para a vida de quem é alvo do nosso trabalho, as pessoas com quem a gente decide construir junto uma nova realidade”, afirma a pró-reitora de Extensão, Profa. Dra. Carolina Costa Resende.

Ao longo do tempo, a Extensão Universitária foi sendo construída de forma sensível, plural e participativa, envolvendo alunos, professores e funcionários, além de integrantes das comunidades, em uma via de mão dupla. Vale ressaltar a constante presença feminina não só nas atividades realizadas, mas também nos cargos de gestão – três mulheres já ocuparam o cargo.

“Na gestão da professora Regina Celi Corrêa Cardoso (in memoriam) – de 1987 a 1995 –, as publicações foram fortalecidas. Ela começou com uma revista até criar a Editora PUC Minas, que foi concebida na Extensão”, relembra o professor Bonifácio José Teixeira, pró-reitor entre os anos de 1995 e 2003, mas na extensão desde a década de 1970. “A extensão deve ter um viés cultural e social muito forte. Atuar basicamente na formação dos alunos dando a visão social e cultural da sociedade, preparando para isso e levando benefícios para as camadas mais necessitadas. Deve buscar formar um profissional diferente”, pontua Teixeira. Quem também esteve à frente da Proex foi a professora Vera Maria Neves Victer Ananias (2003-2006), falecida em junho deste ano.

Nas últimas décadas, a Extensão Universitária avançou no sentido de possibilitar uma melhor interlocução da Universidade com os mais diversos setores da sociedade, incentivando a promoção da cidadania, da inclusão e do desenvolvimento social, de modo dinâmico e criativo. Dentre essas conquistas, está, por exemplo, a aprovação da Política de Extensão Universitária, a formulação do Edital de Projetos de Extensão, o Regulamento da Pró-reitoria de Extensão e a regulamentação institucional da Curricularização da Extensão. Além disso, a extensão também passou a ter uma representação clara em documentos oficiais da Universidade, como o Projeto Político Pedagógico Institucional, Estatuto, Regimento Geral e Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), entre outros. Também está presente em todos os campi/unidades e institutos/faculdades, com as suas respectivas coordenações.

“A extensão dependia da iniciativa de estudantes e professores, que geralmente conseguiam um grupo de alunos e tomavam a iniciativa. Com o tempo, foi se institucionalizando”, explica o professor Wanderley Chieppe Felippe, pró-reitor de Extensão de 2007 a 2022. Para ele, a extensão tem uma contribuição “enorme” para a vida universitária, sobretudo por se tratar de uma instituição confessional, católica, ligada à Arquidiocese. “A Extensão nesses 40 anos tem cumprido o seu papel de mostrar que esta Universidade não é uma universidade qualquer, mas está interessada em oferecer uma formação de boa qualidade para os seus estudantes que serão os futuros profissionais, que vão exercer funções de liderança. Esta marca está muito clara e a população enxerga isso”, afirma.

Por conta desses avanços, a PUC Minas tem se tornado referência para outras instituições de ensino, sobretudo no que se refere ao processo de curricularização da Extensão – que vem ocorrendo desde 2015, a partir de iniciativa própria –, tendo realizado palestras, seminários e cursos para gestores de instituições de várias regiões do país. “Hoje, o marco, o paradigma atual, é o da curricularização, onde chamo a atenção para a inovação dos nossos modelos pedagógicos.

Precisamos realmente empreender novas possibilidades para que a curricularização continue a fazer sentido, em direção à transformação social, à sustentabilidade, aos negócios, ao empreendimento de impacto socioambiental”, defende a pró-reitora de Extensão, professora Carolina Resende. Atualmente, o Conselho Nacional de Educação (CNE) estabelece que, no mínimo, 10% do total da carga horária curricular dos cursos de graduação deve ser preenchido com atividades de extensão.

Extensão na UCMG

O Prof. Caio Boschi foi coordenador de Extensão em 1983 | Foto: Guilherme Simões

Embora a Pró-reitoria de Extensão tenha sido criada em 1983, as ações extensionistas na Universidade tiveram início bem antes, na década de 1960 – quando a PUC Minas ainda era a Universidade Católica de Minas Gerais (UCMG). As atividades começaram com iniciativas isoladas dos departamentos e cursos de graduação que promoviam atividades culturais, conferências, cursos e prestação de serviços às comunidades em situação de vulnerabilidade.

“Na década de 1970, foi criado o Centro de Extensão e eu estava lá. Voltei a convite do Emerson [professor Emerson de Almeida, fundador do Centro de Extensão], pois havia saído da Universidade. Os dois grandes feitos da época foram o Prepes (Programa Regional de Especialização de Professores do Ensino Superior), um programa que se expandiu em nível nacional, inclusive com algumas incursões internacionais; e a Fundação Dom Cabral, [escola de negócios] que nasceu dentro da Extensão”, rememora o professor Bonifácio.

Quem também acompanhou essa época foi o Prof. Dr. Caio César Boschi, atual diretor do Centro de Memória e Pesquisa Histórica, que foi coordenador de Extensão de 1978 a 1983. “Foi o Centro de Extensão que abrigou a pós-graduação inicialmente na PUC, por uma opção muito clara. Não foi fortuita, muito pelo contrário, era muito consciente, que foi a opção pela pós-graduação lato sensu, ou seja, pela especialização”, observa.

O professor Caio explica que, depois do desmembramento da Fundação Dom Cabral, foi convidado a assumir a diretoria do Centro, mas por questões estatutárias, o setor foi transformado em uma Coordenadoria de Extensão. Ele chama a atenção para a implantação do Programa de Desenvolvimento de Ação Comunitária (Prodac), que atuou principalmente no Vale do Jequitinhonha (Norte de Minas), centrando as suas atividades em Araçuaí, mas sem deixar de atuar em municípios próximos à capital. “A Universidade, associando-se ao bispado local, criou um Campus avançado. Acho que foi um trabalho extraordinário que se fez nessa altura”, opina. Para ele, a extensão é o ponto forte, de originalidade, singularidade, que a PUC Minas tem no contexto das universidades. “Se há alguma coisa que nos distingue é a atividade extensionista”, conclui.

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