Entre os temas pulsantes que o legado do Papa Francisco cotidianamente nos convida e estimula a darmos-lhes a devida atenção, está o da ecologia. Está cunhada na Encíclica Laudato Si’, do Papa Francisco, de 2015, a noção de Casa Comum, a qual devemos defender e preservar iluminados pelos fundamentos de uma Ecologia Integral e os valores do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Prof. Dr. Pe. Luís Henrique Eloy e Silva
Reitor da PUC Minas
A Encíclica, que em 2025 completa 10 anos, trata do cuidado com o meio ambiente e com todas as pessoas, bem como de questões mais amplas da relação entre Deus, os seres humanos e a Terra. O subtítulo da Encíclica, Sobre o Cuidado da Casa Comum, reforça esses temas-chave e nos convoca a compreender e praticar o sentido ético da coabitação do planeta.
A visão de uma abordagem integrada entre o meio ambiente – o conjunto dos recursos e condições em que vivemos – e o conjunto dos seres humanos origina-se nas próprias Escrituras e no modo como o catolicismo constituiu sua percepção da experiência terrena, em particular na tradição da Doutrina Social da Igreja, que remonta ao final do século XIX.
A proposta de uma Ecologia Integral firma-se como a principal solução, apresentada pela Laudato Si’, para os problemas sociais e ambientais que tanto nos afligem e nos fazem temer pelo futuro da Terra. Segundo a Encíclica, as pessoas são parte de um mundo mais amplo, para o qual são exigidas “soluções integrais que considerem as interações dos sistemas naturais entre si e com os sistemas sociais” (LS 139).
A ideia de uma Ecologia Integral expande o paradigma de uma ecologia voltada apenas para as questões ambientais, pois defende a inclusão das dimensões éticas e espirituais, ou seja, de como os seres humanos devem se relacionar uns com os outros e com o mundo natural. Uma convocação a repensarmos o uso irrefletido das tecnologias, o consumismo descontrolado, a exploração irracional do meio ambiente e, em especial, a falta de cuidado e proteção dos mais vulneráveis.
Revela-se, nessa perspectiva, o sentido ético da coabitação do planeta, nossa Casa Comum, o qual deve reforçar sempre nossa gratidão pela generosidade de Deus, que colocou nas mãos do homem toda a beleza e riqueza da vida na Terra, mas que nos convoca a uma ética da própria vida, iluminada pelos ensinamentos do Evangelho e por todos os exemplos deixados pelo Mestre Nosso Senhor Jesus Cristo.