“A educação é pilar da paz”. A afirmação do Papa Francisco sublinha a grave situação vivida pelo Brasil e outros países: a progressiva diminuição de investimentos no campo educacional, com graves consequências para os processos de ensino-aprendizagem. Recursos destinados à educação devem ser considerados verdadeiras semeaduras para se conquistar um presente e um futuro melhores, com mais paz, fraternidade e livre das ameaças decorrentes de uma exploração predatória do planeta, que desencadeia catástrofes ambientais e o padecimento de muitos com o esgotamento de recursos essenciais à vida. A educação, nesse sentido, não é simplesmente um empreendimento dentre tantos regidos pela lógica de mercado, mas um direito de todos, que precisa ser universalizado.
A educação é também responsabilidade de cada um. Isso significa que governantes e legisladores precisam dedicar adequado tratamento ao campo educacional, com a valorização de professores, qualificação da infraestrutura de escolas e oferta de condições essenciais às famílias para que cumpram bem o seu papel – afinal, a família é a primeira escola de cada pessoa. Aos cidadãos, compete agir com a clareza de que a promoção do campo educacional é essencial ao bem comum. Promover a educação significa resistir às perspectivas hegemônicas, que buscam impor padrões, em nome do lucro e da ganância. A educação é pilar que sustenta a paz na sociedade.
O Papa Francisco diz, em tom de advertência e convocação: instrução e educação são os alicerces de uma sociedade coesa, civil, capaz de gerar esperança, riqueza e progresso. Essa convicção inspira o Santo Padre a convocar um grande Pacto Educativo Global, uma mobilização de diferentes segmentos sociais para inspirar mudanças e superar perspectivas que sustentam o atual cenário de exclusões. O Pacto Educativo Global apresenta um horizonte promissor e pede o envolvimento de todos, especialmente das instituições de ensino católicas.
O Dicastério para a Cultura e Educação, instância vinculada ao Vaticano, sublinha que é missão das instituições católicas de ensino estar a serviço de todos os povos na promoção do ser humano de modo integral. Trata-se justamente de buscar superar visão reduzida e demasiadamente fria, que busca simplesmente enxergar a função de cada um na grande engrenagem de um modelo econômico que impõe sacrifícios a muitos, inclusive a povos e países.
A educação católica oferece aos seus muitos alunos o essencial saber alicerçado nas muitas ciências alimentadas pela razão. Qualifica o ser humano para bem exercer funções no mundo do trabalho, na pesquisa e no desenvolvimento científico. Mas, reconhece que seu papel não se esgota nessas tarefas. Assume, com convicção, que é preciso garantir formação integral ao ser humano, preparando-o para superar prisões de perspectivas hegemônicas, excessivamente predatórias.
O ensino nas instituições católicas parte do princípio de que a vida é sagrada, reconhecendo a dimensão transcendente que existe em cada pessoa, dom inviolável de Deus. Ao mesmo tempo, essas instituições, sem fazer proselitismos, buscam mostrar ao mundo que é preciso reconhecer que a dimensão transcendente é essencial e deve estar lado a lado com a razão. “Se não se reconhece a verdade transcendente, triunfa a força do poder, e cada um tende a aproveitar-se ao máximo dos meios à sua disposição para impor o próprio interesse ou opinião, sem atender aos direitos do outro.
[…] A raiz do totalitarismo moderno, portanto, deve ser individuada na negação da transcendente dignidade da pessoa humana, imagem visível de Deus invisível e, precisamente por isso, pela sua própria natureza, sujeito de direitos que ninguém pode violar: seja indivíduo, grupo, classe, Nação ou Estado.” Esse olhar que reconhece a dimensão transcendente, sublinhado pelo Papa Francisco na Carta Encíclica Fratelli Tutti, citando São João Paulo II, é essencial à construção da paz, sobre os pilares da educação.