Rompendo Barreiras

Ensino a distância avança em qualidade e em número de alunos na PUC Minas e cresce em todo o país
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O dia 21 de fevereiro de 2022 foi de imensa satisfação para a PUC Minas com o retorno presencial das atividades, com grande emoção demonstrada por alunos, professores e funcionários, graças ao arrefecimento da pandemia da Covid-19. É importante destacar que esse clima de sentimento aflorado também é explicado pelo fato de a Instituição ser uma das primeiras universidades do país a adotar as medidas de afastamento preconizadas pelas autoridades sanitárias municipais, estaduais e federais, em 16 de março de 2020, por decisão do Comitê de Monitoramento do Coronavírus da PUC Minas. Ao mesmo tempo houve a constatação de que a educação a distância, o sistema EaD, ganhou um novo status na instituição. A PUC Minas, hoje, possui mais de 85 mil alunos matriculados em cursos de graduação e pós-graduação e, desses, mais de 50 mil, ou em torno de 65%, já estão integrados à educação a distância. Um número que já vinha sendo crescente nos últimos anos.

A pró-reitora de Graduação, professora Maria Inês Martins, diz que o isolamento social forçado trouxe oportunidades e desafios inimagináveis que exigem a ressignificação da presencialidade na educação. “É notório que a PUC Minas avança para o ensino híbrido, que reflete a dimensão do espaço (presencial ou online) e do tempo (síncrono ou assíncrono). E a pandemia de Covid-19 acabou por consolidar de forma bastante exitosa a modalidade de disciplina online síncrona. Isso levou à incorporação dessa modalidade entre as possibilidades de composição das matrizes curriculares dos cursos de graduação”, explica a pró-reitora de Graduação da PUC Minas.

Essa nova perspectiva é amparada por portarias publicadas pelo Ministério da Educação, como a Portaria 23/2017, que prevê que cursos EaD podem ter até 30% de atividades presenciais, e a Portaria 2.117/2019, que prevê que cursos presenciais podem ter até 40% de atividades online. Na PUC Minas, os cursos ampliaram a carga horária de disciplinas por meio de EaD. Antes da pandemia, as disciplinas online assíncronas representavam 18%, após a pandemia essa porcentagem passou a ser de 28%.

O crescimento da educação a distância em todo o País é endossado pelo Censo da Educação Superior 2020, que constatou que, pela primeira vez na história, a quantidade de alunos que ingressou no EaD ultrapassou o total de ingressos em cursos de graduação presenciais. Dos mais de 3,7 milhões de alunos que se matricularam em instituições públicas e privadas, mais de 2 milhões (53,4%) optaram por cursos a distância; e 1,7 milhão (46,6%) pelos cursos presenciais.

De acordo com as conclusões do estudo, na última década, o número de matrículas em cursos presenciais diminuiu 13,9%, enquanto nos cursos EAD aumentou 428,2%. Em 2010, a participação percentual dos novos alunos em cursos superiores online era de 17,4%; atualmente alcança 53,4% dos estudantes.

A 11ª edição do Mapa do Ensino Superior do Instituto Semesp em 2021 também comprovou que o crescimento do EaD em Minas Gerais tem sido significativo. Segundo esse estudo, Minas Gerais possui 307 Instituições de Ensino Superior (IES) e, dessas, 134 oferecem disciplinas EaD. O que representa um crescimento de 25,2% em relação a 2018, quando 107 IES ofertavam ensino a distância.

“A educação a distância é um fenômeno mundial com amplas repercussões no Brasil”, diz o professor Luciano Sathler, membro do Conselho Científico da Associação Brasileira de Ensino a Distância (Abed). A Abed estima que, em 2023, 50% da população universitária esteja matriculada em cursos EaD. Para explicar o fenômeno e o crescimento da modalidade, o professor Luciano diz que a idade média dos novos alunos que optam pela modalidade EaD tem diminuído ano a ano e isso também contribui para uma predileção de uma grande quantidade de jovens que ingressam no ensino superior.

Essa nova realidade levou a PUC Minas a compor a Comissão para Proposição das Modalidades de Disciplinas de Graduação, que é integrada por cinco professores e presidida pela professora Maria Inês Martins. Essa comissão teve como objetivo estabelecer as modalidades que poderão incorporar as matrizes curriculares dos cursos de graduação. O modelo de quadrantes híbridos foi considerado por essa comissão como base da configuração da Educação Superior.

Grosso modo, a proposta de quadrantes híbridos parte de dois eixos relacionados a dimensões do tempo (síncrono ou assíncrono) e do espaço (presencial ou online). A partir dessas dimensões são formados quatro quadrantes de possibilidades didático-pedagógicas: atividades presenciais síncronas; atividades virtuais síncronas; atividades presenciais assíncronas; e atividades virtuais assíncronas. Esse modelo também é defendido pela Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (ABMES), que, em 2021, publicou o ebook Quadrantes Híbridos da Educação Superior Brasileira, de autoria do diretor-presidente dessa entidade, Celso Niskier. A publicação pode ser acessada em https://abmes.org.br.

Diferenças do trabalho no EaD e no presencial

Aline Trevenzoli Louback, aluna do curso de logística | Foto: Arquivo pessoal

Uma diferença substancial entre o trabalho do professor no EaD e no magistério presencial é demonstrada pelo pró-reitor adjunto da PUC Minas Virtual, professor Marcos André Silveira Kutova. “Em um curso presencial o professor é responsável por todo o processo de ensino e aprendizagem para cada turma. No EaD, os professores raramente trabalham sozinhos”, distingue o professor Marcos Kutova.

Dessa forma, entram em cena profissionais especializados em produção multimídia, design instrucional e em outras áreas que trabalham diretamente na produção de conteúdo educacional. Uma vantagem assinalada pelo professor Marcos Kutova é que isso facilita o compartilhamento e reuso de materiais didáticos. “Por exemplo, se a instituição tem mais de uma oferta da mesma disciplina, não há necessidade de cada professor produzir a sua versão do material de ensino. Basta uma produção única, de excelente qualidade que possa ser compartilhada por todos”, esclarece o pró-reitor adjunto da PUC Minas Virtual. Ainda segundo ele, como o material compartilhado é reusado por alguns semestres, os professores economizam tempo, que pode ser dedicado ao acompanhamento e ao diálogo com os alunos.

Esse momento de interação maior tem sido fundamental na avaliação do aluno Rafael Chiavelli, 36 anos, que recentemente foi laureado com o prêmio destaque acadêmico e cursa a graduação EaD em Administração na PUC Minas Virtual. Bacharel em Direito, graduação que foi realizada totalmente na modalidade presencial, inicialmente, Rafael diz ter ficado preocupado com relação aos momentos de interação com os professores e os colegas. “Diferentemente do que eu imaginava, no ensino remoto, com o advento das novas tecnologias, a inter-relação com os professores e colegas foi até maior. Já me vi trocando mensagens e áudios durante a manhã, tarde e noite com os professores. Na época da graduação presencial, isso só ocorria durante as aulas e tinha que disputar a atenção dos professores com outros 80 colegas”, explicita Rafael Chiavelli.

Esse modelo que abre possibilidade para uma interação de qualidade entre alunos e professores é defendido pelo educador norte-americano Salman Khan, mais conhecido por ter sido o fundador da Khan Academy, considerada pela revista norte-americana de negócios e economia Forbes como a maior escola de educação online do mundo e uma das 100 pessoas mais influentes do mundo em lista da mesma revista em 2012.

Graduado em matemática, em ciência da computação, em engenharia elétrica, com mestrado em ciência da computação , pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e com MBA pela Harvard Bussiness School, ele criou um conceito de “sala de aula invertida”. Por meio dessa técnica, o aluno tem acesso ao material da aula, como indicações bibliográficas, apostilas e vídeos, antes da interação como o professor. Dessa forma, os momentos online síncronos são destinados ao esclarecimento de dúvidas e à realização de exercícios mais densos.

A escolha pelo Curso de Administração EaD da PUC Minas feita por Rafael Chiavelli também levou em conta o que ele define como proposta inovadora do curso. “Do primeiro ao último semestre do curso, o aluno se envolve em situações reais do mundo corporativo. Na prática, empresas reais são disponibilizadas para que nós, alunos, possamos atuar desde cedo como consultores/administradores, desenvolvendo e buscando soluções por meio de habilidades adquiridas durante as aulas. Além disso, as intervenções são sempre supervisionadas por um professor, que é responsável pelo projeto”, enfatiza o aluno da PUC Minas Virtual.

Outra vantagem dos cursos da modalidade EaD, segundo Rafael Chiavelli, é que eles proporcionam uma flexibilidade de horários. “Com uma filha pequena em casa, eu não queria fazer outra graduação presencial. Não me vejo mais deixando alguma universidade às 23h, investindo em estacionamento e lanches todos os dias, se posso estudar no conforto da minha casa e ao lado da minha família”, conclui Rafael Chiavelli.

Porém, a possibilidade de estudar em casa também requer uma disciplina maior. Essa é a constatação da aluna Aline Trevenzoli Louback, do Curso de Tecnologia em Logística da PUC Minas Virtual. “É preciso nunca perder o foco nos estudos e não gastar o tempo destinado a eles com atividades caseiras ou para resolver demandas pessoais”, diz Aline Louback. Ela conta ainda que as tecnologias oferecidas pela modalidade EaD da PUC Minas facilitam o acesso ao conhecimento. “O Canvas, sistema em que ocorrem as aulas, é organizado e bem distribuído. Há possibilidade de ter acesso à biblioteca virtual, participar de fóruns e discussões, entregar atividades e provas e enviar mensagens aos colegas, professores e tutores. Isso me transformou em uma pessoa mais organizada, com uma visão ampliada das possibilidades de uso das novas tecnologias”, discorre Aline. Ela diz que sente falta apenas de mais conteúdo em apostilas e maior número de exercícios resolvidos por professores.

Tecnologias são necessárias nas duas modalidades

Professor Simão Pedro Marinho | Foto: Bruno Timóteo

Com relação às tecnologias em uso em cursos na modalidade EaD, o professor Simão Pedro Marinho, do Programa de Pós-graduação em Educação da PUC Minas, declara que a Universidade dispõe de um parque tecnológico, onde atuam profissionais de reconhecida competência.

“Ministro disciplinas em EaD, na graduação de cursos presenciais e na pós-graduação stricto sensu, e o desafio do acesso à tecnologia e o ao suporte necessário nunca foi minha preocupação devido a essa realidade oferecida na PUC Minas”, realça o professor, que passou a integrar o Conselho Científico da Associação Brasileira de Ensino a Distância (Abed), com mandato até 2023. O parque tecnológico foi ampliado em 2021, com novos equipamentos de grande relevância.

O professor Simão Pedro Marinho diz que é importante ressaltar que o parque tecnológico também é fundamental para o bom desempenho do ensino presencial. O docente usa uma terminologia diferente para as modalidades presencial e online. Quando se refere à sala de tijolos, ele se remete ao ensino presencial, e à sala de aula de bits, quando trata do ensino online. “Na sala de tijolos, a PUC Minas também sempre se empenhou em oferecer uma infraestrutura adequada, com projetores multimídia, acesso wireless à internet, oferta de notebooks”, destaca o professor Simão Pedro Marinho.

Ele salienta ainda que, mesmo com toda a tecnologia disponível e adequada, os professores não podem perder o foco no objetivo de sempre oferecer as melhores práticas educacionais aos alunos. Para isso, ele cita o professor português António Manuel Seixas Sampaio de Nóvoa, reitor honorário da Universidade de Lisboa, que declara que o maior desafio do EaD é construir ambientes educativos favoráveis a uma diversidade de situações e de dinâmicas de aprendizagem. “Por isso, tanto no EaD como no presencial, as novas tecnologias podem nos fornecer grande contribuição”, evidencia o professor da PUC Minas.

Mas o progresso tecnológico é rápido e disruptivo, como assinala a professora Elizabeth Guedes, presidente da Associação Nacional das Universidades Particulares (Anup). “O novo cenário engloba a internet das coisas e tecnologia de ponta. O 5G poderá contribuir para o sucesso dos processos educativos, mas estamos apenas engatinhando”, diz a dirigente da Anup. O 5G deve ser implantado em todo o Brasil, a partir de 2022, mas o projeto prevê que todas as cidades brasileiras sejam atendidas pelo sistema apenas em 2029. O sistema prevê uma transmissão de dados 20 vezes mais rápida com o aumento da velocidade em dez vezes.

A dirigente da Anup afirma ainda que o ensino híbrido se tornou uma realidade. “Em se tratando de avanços tecnológicos, o nosso desafio é acompanhar tudo o que de novo as Edtechs trarão para nós”, acentua a professora Elizabeth Guedes. As Edtchs têm como objetivo fornecer soluções para melhorar a gestão educacional com o auxílio de tecnologias como a robótica, e-learning, gamificação e inteligência artificial.

O EaD na PUC Minas

A experiência da PUC Minas na área de EaD vem de longa data. Seu Núcleo de Educação a Distância foi criado pela Portaria da Reitoria 035/99, de 20 de agosto de 1999. Estruturalmente, a PUC Minas Virtual segue as diretrizes das Pró-Reitorias de Graduação e de Pesquisa e de Pós-graduação, podendo envolver todas as unidades, núcleos e campi da Universidade. A missão é a de ser um setor de suporte pedagógico e tecnológico aos projetos de educação a distância, com o auxílio das mais modernas tecnologias da informação e comunicação.

Os cursos são ministrados quase que totalmente a distância, com alguns encontros presenciais para a realização das provas nas disciplinas de graduação. Os alunos têm acesso a um material didático exclusivo, composto por videoaulas, textos, artigos científicos e anotações dos professores referentes aos conteúdos das videoaulas. Há ainda a disponibilização de uma biblioteca digital, que contém a bibliografia básica do curso e mais de dez mil títulos das mais respeitadas editoras acadêmicas.

Atualmente, a PUC Minas Virtual possui 33.483 alunos matriculados em 59 cursos de pós-graduação, 2.666 em 28 cursos de graduação e outros 7.869 em 62 cursos de curta duração. Os outros estados com maior número de alunos na Unidade são Rio de Janeiro, São Paulo, e Distrito Federal. Além disso, a PUC Virtual conta com alunos de diversos países.

Outra unidade da PUC Minas que tradicionalmente faz uso do EaD é o Instituto de Educação Continuada (IEC), que possui a maior oferta de pós-graduação lato sensu do estado de Minas Gerais. Nos 25 anos de trajetória do IEC PUC Minas, os cursos sempre tiveram a maior parte da carga horária na modalidade presencial. No entanto, com a pandemia da Covid-19, o IEC PUC Minas passou a oferecer os seus cursos na modalidade online com aulas ao vivo. Com a adesão manifestada de alunos e professores, o formato passou a integrar definitivamente o portfólio de cursos, juntamente com os presenciais. Desde a implantação do formato online, são 12.070 matriculados na modalidade, em mais de 400 turmas em andamento, com destaque para a participação de alunos de estados como Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e DF, além de outros países.

Modalidades de disciplinas na graduação

PRESENCIAL

Uma disciplina presencial estrutura-se em aulas presenciais, as quais, se comparadas às aulas online (síncronas ou assíncronas), são as mais adequadas para promover a socialização entre os alunos e para desenvolver o sentimento de pertencimento à universidade. Elas também são necessárias quando as atividades de disciplinas dependem de alguma infraestrutura física (ex.: laboratório) ou da interação com outras pessoas, setores ou instituições (ex.: atendimentos clínicos, estágios, visitas técnicas, práticas esportivas, projetos de extensão, etc.).

ONLINE SÍNCRONA

Uma disciplina online síncrona estrutura-se em aulas online síncronas, as quais são realizadas por meio de um ambiente de videoconferência (ex.: Teams) e que possuem horário marcado. Essas aulas, que também estimulam o sentimento de envolvimento do aluno com a universidade, são recomendadas para quando o professor interage com a turma como um grupo (e não individualmente).

ONLINE ASSÍNCRONA

Uma disciplina online assíncrona estrutura-se em atividades e orientações online assíncronas, as quais oferecem a flexibilidade de horário, local e ritmo de estudos. Assim, são as mais adequadas para a aprendizagem individual autônoma. Os alunos não só podem recorrer ao material inúmeras vezes, mas também podem aprofundar seus conhecimentos por meio de materiais complementares (sites de jornais e revistas, vídeos do YouTube, podcasts, etc.) publicados no ambiente virtual.

DISCIPLINAS SEMIPRESENCIAIS

As disciplinas semipresenciais são aquelas que possuem aulas ou momentos em duas dessas modalidades: presencial, online síncrona e online assíncrona. Considerando o aumento da complexidade que essa composição provoca, a parte online de uma disciplina semipresencial deve, necessariamente, atender a alunos de turmas diferentes, mesmo que de cursos ou unidades também diferentes.

PRESENCIAL + ONLINE SÍNCRONA

As disciplinas que combinam uma parte presencial e uma parte online síncrona são recomendadas para períodos iniciais, em que os alunos ainda estão sendo acolhidos pela universidade e quando ainda não se garante a sua autonomia nos estudos. Quando a parte online for compartilhada por alunos de cursos diferentes, pode-se explorar os diferentes pontos de vista sobre o mesmo assunto.

PRESENCIAL + ONLINE ASSÍNCRONA

Nas disciplinas que combinam uma parte presencial e uma parte online assíncrona, deve-se reservar os momentos presenciais para as atividades em grupo e os momentos online para as atividades (ou aprendizagens) individuais. Essas disciplinas, portanto, são uma boa alternativa para quando se trabalha com temas complexos em que os alunos podem receber as informações e desenvolver pequenas atividades individuais no ambiente online. Em qualquer caso, pressupõe-se que os alunos tenham uma certa autonomia nos estudos para que possam acompanhar as orientações e atividades (“aulas”) online assíncronas.

ONLINE SÍNCRONA + ONLINE ASSÍNCRONA

Uma disciplina totalmente online, mas que combina aulas síncronas e atividades e orientações assíncronas, é a melhor opção para contextos em que os alunos tenham alguma autonomia de estudos e que precisem de uma flexibilidade de horário para poderem realizar suas atividades profissionais (trabalho, estágio, projetos de pesquisa e extensão, etc.). Esse formato também é mais adequado para disciplinas em que a aprendizagem seja mais individualizada.

DISCIPLINAS COM TRÊS MODALIDADES

Uma disciplina tríplice é aquela que possui aulas ou momentos nas três modalidades: presencial, online síncrona e online assíncrona. Ao combinar essas três modalidades, a disciplina tríplice oferece a oportunidade de aproveitar o melhor de cada tipo: um espaço online preenchido com materiais e atividades que dão suporte a uma aprendizagem em que o aluno possui uma maior autonomia, as aulas online síncronas para as interações diretas entre alunos e professores e as aulas presenciais para desenvolvimento dos conteúdos, realização de atividades práticas, condução de trabalhos em grupo e até mesmo para a socialização entre os participantes.

Cronologia do EaD no Brasil

1900 – O EaD tem início com cursos de datilografia, via correio.

1904 – A Escola dos Estados Unidos inaugura filial no Brasil, ministrando cursos de qualificação de profissionais para comércio e prestação de serviços.

1923 – Teve início a utilização do rádio para fins educativos. Em maio, o fundador da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, Edgard Roquette-Pinto, definia-a como “a escola dos que não sabem ler”, mas seus programas eram cultos e realizados por agremiações literárias. No mesmo ano, em novembro, foi criada, em São Paulo, a Rádio Educadora Paulista, e como a rádio carioca, tinha o objetivo de instruir e difundir cultura.

1937 – Roquette Pinto doa sua Rádio Sociedade ao Ministro da Educação e Saúde. Iniciava-se a Rádio MEC, que em sua programação oferecia aulas de esperanto, história, inglês, italiano, português, francês, história natural, física e química.

1939 – É inaugurada, em São Paulo, a primeira escola de EaD do Brasil: o Instituto Monitor. Neste ano, a Escola de Guerra Naval ofereceu o primeiro preparatório a distância para o Curso do Comando. Ainda neste ano, Getúlio Vargas, então presidente da República, assinou o Decreto 5.077, cujo artigo 7º determinava que o rádio levasse a regiões afastadas, cursos práticos ao alcance popular sobre diversos assuntos, de pecuária a odontologia.

1941 – O Instituto Universal Brasileiro publica os primeiros cursos de profissionalização e qualificação para o setor industrial e de serviços.

1947 – O Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) e o Serviço Social do Comércio (Sesc), ambos de São Paulo, criaram a Universidade do Ar, cujo primeiro curso foi o de comercial radiofônico.

1955 – Foi publicado o primeiro livro sobre ensino a distância no Brasil: A Educação e o Treinamento por Correspondência: Histórico e Potencialidades, de Antônio Fonseca Pimentel.

1961 – O Movimento de Educação de Base (MEB) foi criado pela Conferência Nacional dos Bispos no Brasil (CNBB), com apoio do governo federal, e propunha-se a ministrar cursos de alfabetização e educação de base, a partir de emissoras de rádio católicas.

1963 – Inaugurada a primeira Rádio Universitária do País: A Rádio Universitária do Recife. Ainda em 1963, oficiais do exército realizam um preparatório a distância para curso de aperfeiçoamento.

1967 – Surgiram Comunicação e teleaulas via satélite. O Sistema Avançado de Telecomunicação Interdisciplinares (Saci) estabelecia um sistema de tele-educação por satélite. Ainda em 1967, é constituída em São Paulo, a Fundação Padre Anchieta, com objetivo de oferecer atividades culturais e educativas por meio do rádio e da televisão. As transmissões foram ao ar em 1969 e, atualmente, a Fundação é mantenedora da TV Cultura. Ainda neste ano, a Feplam (Fundação Educacional Padre Landell de Moura), instituição sem fins lucrativos, promovia a educação de adultos a distância no Rio Grande do Sul.

1968 – A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) criou a primeira TV universitária do País: a TVU.

1969 – A Rádio Educativa do Maranhão entra em funcionamento.

1970 – Em 1º de setembro, o MEC passou a transmitir as aulas da Fundação Educacional Padre Landell de Moura (Feplam) pela Fundação Padre Anchieta, via rádio, para educação básica de adultos.

1971 – É sancionada a Lei de Diretrizes e Bases nº 5.692, que regia a educação no País, e autorizou o funcionamento de cursos supletivos a distância. Ainda em 1971 é fundada a Associação Brasileira de Tele-educação (ABT), em São Luís (MA).

1972 – O Programa Nacional de Telecomunicação (Prontel) integrava as atividades didáticas realizadas pelo rádio, pela televisão, ou por outros meios de comunicação, em consonância com política nacional de educação. Ainda neste ano, em experimento educacional é realizado no Rio Grande do Norte o Exern.

1973-74 – O Projeto Sistema Avançado de Telecomunicação Interdisciplinares (Saci) lançou o curso supletivo “João da Silva” em formato de telenovela, para ensino das quatro séries iniciais do ensino fundamental.

1976 – O Senac oferecia 40 cursos de qualificação profissional, principalmente por correspondência. Essa iniciativa teve experiência com rádio e TV.

1978 – É criado o programa de TV Telecurso de 2º grau, iniciativa da Fundação Roberto Marinho e a TV Cultura de São Paulo, apoiados com fascículos impressos. Tinha por objetivo preparar estudantes para o exame supletivo de 2º grau. Ainda em 1978, a Fundação Centro Brasileiro de Televisão Educativa, do Ministério da Educação deu continuidade ao Curso Supletivo João da Silva, pelo Projeto Conquista, telenovela para alunos das últimas séries do ensino fundamental. Ainda neste ano, o Programa Educacional da Sociedade Israelita Brasileira oferecia cursos de qualificação profissional, com apoio do Ministério da Educação e do Ministério do Trabalho.

1979 – A Universidade de Brasília oferecida mais de 20 cursos de extensão a distância, seis deles trazidos pela instituição inglesa The Open University, como o de Introdução à Ciência Política. Ainda neste ano, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) implantou o Posgrad, um programa de pós-graduação, tutorial a distância, para formar docentes universitários do interior do País.

1980 – Foi criado o Centro Internacional de Estudos Regulares, com o objetivo de permitir que crianças, cujas famílias se mudassem temporariamente para o exterior, continuassem a estudar pelo sistema educacional brasileiro. O Centro atendia toda a educação básica e existe até hoje.

1981 – Foi criado o Programa de TV Telecurso de 1º Grau para preparar estudantes para cursos supletivos. Tal qual o de 2º grau era apoiado por fascículos impressos e eram produzidos pela TV Cultura de São Paulo e pela Fundação Roberto Marinho.

1983 – O Projeto Ipê foi criado pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo e pela Fundação Padre Anchieta e oferecia cursos para o magistério de 1º e 2º graus (ensino fundamental e médio) e utilizava multimeios.

1985 – O Projeto Logos visava formar professores leigos, ou seja, docentes sem formação para lecionar, habilitando os profissionais no curso de magistério, sem afastá-los da sala de aula.

1988 – O Verso e Reverso era um programa da TV manchete que tinha o objetivo de formar docentes da educação básica de jovens e adultos.

1992 – A Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), em parceria com a Universidade Estadual do Mato Grosso (Unemat) e a Secretaria Estadual de Educação e apoio da Tele-Université do Québec (Canadá), criou um projeto de licenciatura plena na educação básica, utilizando o ensino a distância. O curso teve início em 1995. Ainda em 1992, foi criada a Lei 403/92. Primeira iniciativa pública de ensino superior por EaD. São ofertados cursos de licenciatura, bacharelado, tecnólogo e especialização.

1993 – O governo lança o Sistema Nacional de Educação a Distância, que serviria de apoio à execução dos objetivos do Plano Decenal de Educação para Todos, aplicando os recursos das comunicações, telecomunicações e de informática no sistema educacional brasileiro. Ainda em 1993, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) do Rio de Janeiro iniciou suas atividades a distância com os cursos “Noções Básicas de Qualidade Total” e “Elaboração de Material Didático Impresso”, com material impresso e encontros presenciais.

1995 – Foram extintos os Telecursos de 1º e 2º graus e criado pela Fundação Roberto Marinho e pela Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo) o Telecurso 2000, preparatório para exames supletivos. Ainda em 1995, é criado pelo Ministério da Educação a Secretaria de Educação a Distância. Uma das primeiras ações da Secretaria foi a estreia do canal TV Escola e a apresentação de documentário-base do Programa Informática na Educação.

1996 – Foi aprovada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). O Artigo 80 institui a EaD como modalidade suficiente e equivalente para o ensino em todos os níveis. Nesse ano, houve a criação da Secretaria de Educação a Distância (SEED) do MEC e entrou no ar o primeiro curso de mestrado na modalidade a distância.

1997 – Criação do Programa Nacional de Informática na Educação (Proinfo).

1999 – Fundou-se a Universidade Virtual Pública do Brasil (UniRede).

2000 – É criada a Fundação do Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro (Cederj).

2002 – Criação do Projeto Veredas.

2005 – Criou-se a Universidade Aberta do Brasil (UAB). Concebida nos parâmetros da educação a distância, a escola tem como meta acabar com o deficit de professores formados no País. Com o Projeto, instituições públicas de ensino superior ofereceriam cursos de graduação a distância, com prioridade para formação de professores.

2007 – O Ministério da Educação elabora uma nova proposta de EaD para o ensino médio. A Rede E-Tec Brasil foi o projeto criado para oferecer cursos técnicos de nível médio, públicos e gratuitos, em regime de colaboração entre União, Distrito Federal, Estados e Municípios.

2008 – A Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp) foi criada pelo Decreto nº 53.536, tendo como foco principal a expansão do ensino superior no Estado, com ampliação do número e da abrangência geográfica das vagas ofertadas.

2009 – A Univesp ganha um canal de TV. Aulas de História, Ciências e Inglês eram transmitidas em canal digital da programação da TV Cultura/SP. As aulas passaram a estar disponíveis também na internet.

2011 – A Universidade Aberta do Brasil (UAB) oferece mestrado. O primeiro curso era o Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional (Profmat), voltado para formação de docentes de Matemática da escola básica.

2019 – É editada a Portaria 2.117/2019 do Ministério da Educação (MEC), que dispõe sobre a oferta de carga horária na modalidade de Ensino a Distância – (EaD) em cursos de graduação presenciais ofertados por Instituições de Educação Superior (IES) pertencentes ao Sistema Federal de Ensino.

2020/22 – A maior parte das Instituições de Ensino Superior (IES) adota o EaD durante a pandemia da Covid.

Fonte: sites: Wikipedia, Abed e Folha de São Paulo

Professora Elizabeth Guedes | Foto: João P Teles