Melhora da concentração, da coordenação motora e da saúde de modo geral. Esses são alguns dos benefícios já conhecidos sobre o uso de jogos digitais no dia a dia dos idosos. Mas quais são os desejos desse público ao usar tecnologia, em especial os jogos digitais? É o que vem sendo estudado pelo Programa de Pós-graduação em Informática da PUC Minas. O Professor Artur Mol, coordenador do Curso Virtual de Jogos Digitais, é um dos envolvidos nas pesquisas da temática. “Por mais que seja um benefício colhido, nosso foco de pesquisa não é a melhora cognitiva. Nós fazemos uma análise voltada para a usabilidade dos jogos para esse público. Como normalmente são tecnologias voltadas para os jovens, nós estudamos como esse conteúdo pode ser mais palatável aos idosos”, aponta o coordenador.
No artigo Atributos e Valores para o Desenvolvimento de Jogos para Idosos, publicado pelo Programa de Pós-graduação em Informática, os professores Artur Martins Mol e Michelle Nery Nascimento e a Profª Drª Lucila Ishitani e os discentes do Programa Hebert Phillipe Martins Pereira, Ana Luiza do Nascimento Guercy e Mônica da Consolação Machado, descrevem algumas motivações para o uso jogos digitais como, por exemplo, a constatação de que a diversão está ligada à melhoria da saúde. “O usuário percebe atributos abstratos, como superação nos níveis do jogo, progressão da memória e domínio dos desafios que são propostos, o que leva ao aumento do bem-estar e autoestima, que são consequências funcionais e psicossociais”, relatam.
Para os idosos, os principais requisitos de entretenimento dos jogos são diversão, habilidade, recompensa e socialização. É o caso de Maria Queiroga, de 79 anos, aluna do projeto de extensão PUC Mais Idade, que oferta inclusão digital para idosos. Ela conta que no projeto não só aprendeu a usar computadores e celulares, mas como também percebeu outras evoluções. “Além da melhora nas atividades manuais, o contato com tecnologia me tirou da solidão e me deixou próxima de muitas amigas”, conta dona Maria, que é fã dos jogos Candy Crush Saga e Paciência.
A gamificação é uma aliada para os idosos. Mas é importante estar atento aos erros de implantação. “Muitos jogos utilizam de ranking e recompensas de maneira aleatória, sem que o usuário consiga ter retorno dentro do próprio jogo com esses benefícios. É preciso sair do automático e propor que as ferramentas de gamificação sejam usadas de forma contextualizada”, alerta o Prof. Artur Mol. Uma das maneiras de fugir do automático, por exemplo, é utilizar contextualização histórica, religiosa e de raciocínio lógico em jogos de perguntas e respostas. Outra ferramenta proposta pelo professor é o uso de recompensas de maneira que o usuário possa utilizá-las dentro do jogo para evoluir de nível ou adquirir ferramentas, de maneira que as estratégias de gamificação tenham aplicabilidade. Artur Mol ressalta que as linhas de pesquisa sobre jogos para idosos têm o objetivo de aprimorar o que é oferecido a esse público, buscando atender às necessidades de diversão apontadas por eles, além de promover bem-estar.