Com o intuito de estreitar a conexão dos alunos da PUC Minas Barreiro com a comunidade local, o Curso de Psicologia do Campus desenvolveu uma parceria com o Instituto Macunaíma para que os estudantes possam realizar um trabalho com as crianças atendidas pela entidade nas comunidades Vila Cemig, Conjunto Esperança e Alto das Antenas, localizadas na Regional Barreiro de Belo Horizonte.
Criado em 2017, o Instituto tem o objetivo de fomentar, apoiar e incentivar ações que promovam a qualidade de vida pela educação, cultura, saúde, esportes, lazer, meio ambiente e assistência social. Ao todo, são mantidos diversos projetos e já foram realizados mais de dois mil atendimentos. “Integrar os nossos alunos à realidade do entorno é muito importante para a prática profissional. Isso possibilita tanto a experiência da clínica individual, quanto a vivência dos alunos na prática comunitária”, comenta a Profa. Dra. Jaíza Cruz, responsável pela parceria.
Tal experiência alterou a visão da estudante Alice Mafra, que fez parte da equipe de graduandos que realizam estágio no Instituto Macunaíma. “A partir do acompanhamento familiar, eu percebi que é nessa área que quero atuar. Nos artigos que lemos, vemos muitos relatos de como esse contato com a vulnerabilidade social nos permite ter uma outra visão da realidade”, diz Alice, que hoje é estagiária contratada pelo Instituto.
A parceria envolve duas disciplinas sob orientação da professora Jaíza: Estágio I – Acolhimento psicossocial em oficinas e Estágio II – Acompanhamento Psicossocial Domiciliar. No Estágio I, os alunos frequentam semanalmente o Instituto para acompanhar as oficinas que são realizadas com as crianças e adolescentes e fazer intervenções individuais quando necessário.
Já em Estágio II, que possui caráter extensionista, os alunos visitam famílias de crianças atendidas no Macunaíma para realizar o acolhimento e até o encaminhamento para atendimento no Serviço Escola de Psicologia que funciona no Campus da Universidade. “Muitas vezes a criança é só o reflexo de tudo o que acontece dentro de casa”, afirma Jaíza. “Durante as visitas, conversamos, trocamos contato, informações. Temos um exemplo em que a mulher da família que acompanhávamos passava por situação de violência doméstica, e após os atendimentos teve um avanço muito bom. Depois de um tempo, ela nos avisou que se separou do agressor e conseguiu uma medida protetiva”, lembra Alice.
Para a professora Jaíza, a prática dos atendimentos reforça o impacto social da profissão. “Fazer Psicologia não é só escutar e acolher uma pessoa em uma sala fechada. Estar na comunidade também é fazer Psicologia. Uma Psicologia implicada socialmente, que escuta e vê a realidade”, reflete.
Quem é atendido também tem uma percepção positiva. Para Quezia Santos, que é mãe de duas crianças, o contato com os estagiários durante as oficinas proporcionou uma melhora na relação com os filhos. “Eles ficaram mais abertos para conversar e entender as próprias emoções. Aos poucos, também começaram a se expressar de um jeito mais tranquilo, a lidar melhor com as brigas do dia a dia”, diz.
“A parceria com a PUC Minas ajudou a dar um salto de qualidade no atendimento às famílias. Os estagiários vão a campo, percebem o que pode ser melhorado e o que podemos fazer para atingir aquela criança que é um pouco mais difícil”, comenta a presidente do Instituto, Dulcenea Carmo, conhecida como Dulci.
A coordenadora pedagógica do Instituto Macunaíma, Maria Clara Rarez, também reforça o impacto da Universidade no projeto. “A participação dos estagiários nas oficinas e com as famílias, aliada ao nosso trabalho diário com as crianças e adolescentes, tem possibilitado o desenvolvimento de estratégias pedagógicas mais alinhadas às necessidades e especificidades de cada indivíduo”, afirma.
Além da parceria com o Curso de Psicologia, que começou com a professora Márcia Mansur, o Instituto Macunaíma também participa de outras atividades da PUC Minas Barreiro. Em 2024, crianças do Instituto realizaram uma apresentação de dança no auditório do Campus durante a Virada Científico-cultural.
“No dia da apresentação, a educadora me falou: você não sabe o impacto disso aqui para essas crianças. Elas estarem em um teatro, que é o nosso auditório, apresentando. Isso daqui vai marcar a vida delas para sempre”, lembra a professora Jaíza.
