“O contato direto com a sociedade nos possibilita adquirir aprendizados que não encontramos em livros, revistas e artigos científicos. Aprendemos sobre amor e a importância de amar. Sobre ter fé e saber ser fé quando não parece haver mais saída. Aprendemos que o sinônimo de ‘lar’ nem sempre será ‘casa’, mas, sim, escuta de qualidade e acolhida”. Esta fala é parte do depoimento da aluna Jade Estéfani Ferreira Prado, do 10º período do Curso de Fisioterapia, sobre a experiência vivida em um dos projetos extensionistas do Campus Betim, que vem ganhando cada vez mais destaque.
Em 2023, o projeto recebeu o nome de Saúde em Belisário, por contemplar o distrito de Muriaé (MG) com pouco mais de 2.300 habitantes. Porém, realizado desde 2017, o projeto já incorporou o nome dos diferentes destinos dos Estados de Minas Gerais e Goiás por onde passou: Saúde em Santa Maria de Itabira, Saúde em Itaporanga e Saúde em Presidente Kubitschek. A iniciativa conta com o envolvimento de 50 alunos e dez professores dos Cursos de Biomedicina, Enfermagem, Fisioterapia, Medicina e Psicologia do Campus Betim com experiências e habilidades complementares, compartilhando esforços para a promoção do cuidado integral e humanizado à população, além do fortalecimento das iniciativas do Sistema Único de Saúde (SUS). “Em todos os anos, atuamos em três frentes de trabalho: cuidado em saúde, educação em saúde e gestão em saúde”, explica a idealizadora e coordenadora do projeto, professora Adriana Diniz de Deus, do Curso de Medicina.
Divididos em cinco equipes, discentes e docentes estiveram presentes na área urbana de Belisário e nas vilas rurais de São Domingos, São Tomé e São Pedro, para realização de atendimentos domiciliares familiares e individuais e encontros com a equipe da Unidade de Saúde da Família. O desenvolvimento das ações se deu por meio de metodologias ativas, como rodas de conversa, oficinas e jogos educativos, considerando as características da população e possibilitando o acesso de todos.
Além da troca de conhecimento, a professora Adriana ressalta que o projeto possui, entre seus objetivos, aproximar os estudantes da realidade do distrito atendido e, principalmente, compreender e praticar o cuidado multidisciplinar. “Um dos maiores ensinamentos que a saúde coletiva me trouxe é que, por trás de uma doença, existe um indivíduo dotado de sentimentos, que está inserido em um contexto ambiental, familiar e social, que também merecem atenção, pois farão total diferença no desfecho da saúde daquele cidadão”, ressalta a aluna Jade Prado.
Para a estudante do 7º período do Curso de Medicina da PUC Minas Betim, Isabela Blanc Rodrigues, participar dos projetos Saúde em Belisário e Saúde em Presidente Kubitschek foi uma experiência transformadora. “Fico feliz em sentir o quanto podemos ajudar a população. Ficar imersa na comunidade me fez enxergar o quanto é importante conhecermos as diversas realidades para sabermos, a partir disso, como podemos ajudar da melhor forma. Colocar em prática os conhecimentos me fez ressignificar o aprendizado”, enaltece.
Integração entre universidade e saúde
Os preparativos para o desenvolvimento das ações iniciam com meses de antecedência, como ressalta uma das coordenadoras do projeto, Prof.ª Jacqueline do Carmo Reis, do Curso de Fisioterapia do Campus Betim. “Em março, fizemos os primeiros contatos com as lideranças de Belisário, como também a coleta e análise de informações para melhor conhecimento da realidade local. Já em abril, visitamos o distrito, por três dias, junto aos monitores do projeto, para discussão em conjunto sobre as atividades a serem organizadas e executadas durante a estadia dos extensionistas, bem como a divisão das responsabilidades”, diz.
Além da contribuição de discentes e docentes, o Saúde em Belisário contou com a colaboração de profissionais convidados e a parceria da Prefeitura Municipal de Muriaé, da Secretaria Municipal de Saúde, de lideranças comunitárias, da Igreja Católica, e de diretores das escolas públicas. A integração entre instituições de ensino e de saúde é uma estratégia promissora em diversos âmbitos. Para as universidades, os alunos são beneficiados pela aproximação do conhecimento teórico com a realidade prática da localidade atendida. Já para a gestão em saúde, o apoio possibilita o surgimento de novas estratégias para manutenção e aprimoramento dos serviços. “A gente acredita, enquanto profissional de saúde pública, que só construímos o SUS apoiando as instituições de ensino. As universidades trazem um processo enriquecedor de crescimento para a saúde, que visa à otimização dos recursos e à melhoria dos processos de trabalho”, destaca a secretária de Saúde de Muriaé, Luiza Agostini.